domingo, 5 de fevereiro de 2023

O FENÔMENO DAS LÍNGUAS (2.4-13)

O FENÔMENO DAS LÍNGUAS (2.4-13)

O derramamento do Espírito Santo produziu o fenômeno das línguas. 

O PENTECOSTES FOI O OPOSTO DE BABEL. 

Em Babel as línguas eram ininteligíveis; no Pentecostes, não houve necessidade de interpretação

Em Babel houve dispersão; no Pentecostes, Ajuntamento.

Babel foi resultado de rebeldia contra Deus; Pentecostes, fruto da oração perseverante a Deus. 

Em Babel os homens enalteciam seu próprio nome; no Pentecostes, falavam sobre as grandezas de Deus. 

John Stott escreve: “Em Babel, a terra orgulhosamente tentou subir ao céu, enquanto, em Jerusalém, o céu humildemente desceu à terra”.

Lucas destaca a natureza internacional da multidão poliglota reunida ao redor dos 120 discípulos que foram cheios do Espírito Santo. Eram judeus, homens piedosos e todos estavam habitando em Jerusalém (2.5). Mas eles não tinham nascido naquela cidade: vinham da dispersão, de todas as nações debaixo do céu (2.5).

DESTACAMOS AQUI TRÊS FATOS IMPORTANTES.

1.1. Em primeiro lugar, o milagre das línguas (2.4-7).
1.2. Em segundo lugar, a perplexidade da multidão (2.6,7).
1.3. Em terceiro lugar, a reação ao milagre das línguas (2.7- 13).

Em primeiro lugar, o milagre das línguas (2.4-7). No Pentecostes Deus rompeu a barreira da língua, e judeus de diversas partes do mundo puderam ouvir os discípulos fa­lando em sua própria língua materna. Essas outras línguas eram dialetos conhecidos e falados pelos judeus que habi­tavam diversas regiões do Império e estavam em Jerusalém por ocasião da festa. O apóstolo Pedro aborda a questão da glossolalia de Atos e diz que não fora consequência de uma intoxicação ou embriaguez (2.13). Os discípulos não perderam suas funções físicas e mentais. Também não se tratara de um engano ou milagre apenas de audição, e não de fala, de forma que os ouvintes pensassem que os crentes estavam falando em outras línguas, quando não falavam de fato.

A glossolalia de Atos 2 foi um fenômeno tanto de fala como de audição. Não foram sons incoerentes, mas uma habilidade sobrenatural para falar em línguas reconhecíveis. 
Assim, a expressão outras línguas poderia ser traduzida por “línguas diferentes da sua língua materna”. Os discípulos falaram línguas que ainda não haviam aprendido. O termo grego traduzido por língua em Atos 2.6 e 8 é dialektos e refere-se à linguagem ou dialeto de um país ou região (21.40; 22.2; 26.14). Concordo com Fritz Rienecker quando ele diz que a escolha feita por Lucas desta palavra dialektos neste trecho indica que o falar noutras línguas era o uso de outros idiomas. O fenômeno das línguas ainda é citado mais duas vezes em Atos: Cesareia (10.46) e Éfeso (19.6).

Uma questão levantada pelos estudiosos é: as línguas mencionadas em Atos 2 são da mesma natureza daquelas mencionadas em ICoríntios 12 e 14? 

Há quem defenda a semelhança. Porém, entendemos que elas são diferentes. 

Damos A Seguir Algumas razões.

1. As línguas em Atos eram pregação, ou seja, os dis­cípulos falavam aos homens; já as línguas em ICoríntios eram oração, ou seja, os crentes falavam a Deus. Desta forma, essas línguas eram diferentes quanto ao seu endereçamento.

2. As línguas em Atos eram entendidas pelos diversos grupos linguísticos de judeus que habitavam Jerusalém, enquanto em ICoríntios as línguas eram ininteligíveis e existia a necessidade de um intérprete para traduzi-las. 
Consequentemente, elas eram diferentes também quanto ao caráter.

3. As línguas em Atos foram dadas a um grupo específi­co, num lugar específico, num tempo específico, para evi­denciar a recepção do Espírito; ao passo que em ICoríntios as línguas são um dom espiritual que continua sendo ou­torgado a alguns para edificação própria e para edificação da igreja. 

4. As línguas em Atos eram dialetos (2.6,8), ou seja, línguas faladas e entendidas pelos vários povos que estavam em Jerusalém, ao passo que em 1Coríntios quem falava em línguas proferia mistérios e ninguém podia entender (lCo 14.2).

5. As línguas em Atos não precisam de intérprete, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua, enquanto em lCoríntios até quem fala não entende o que fala, a não ser que tenha também o dom de interpretação (lCo 14.13,14).

6. As línguas em Atos têm o propósito de proclamar as grandezas de Deus para fora, edificando as outras pessoas, já em lCoríntios, as línguas não deveriam ser usadas em público, a não ser que houvesse intérprete. Era um dom de auto edificação (lCo 12.2,3,19).

7. As línguas em Atos eram faladas por todos aqueles que estavam cheios do Espírito Santo, enquanto em lCoríntios é um dom espiritual concedido não a todos, mas apenas a alguns (lCo 12.10,30).

8. As línguas em Atos são profecia, a proclamação das virtudes de Deus aos homens, ao passo que em 1 Coríntios são oração, palavras dos homens a Deus.

9. As línguas em Atos eram uma evidência de que aqueles homens estavam cheios do Espírito, mas em lCoríntios elas não têm conexão com a plenitude do Espírito. Os crentes da igreja de Corinto falavam em outras línguas, mas eram crentes imaturos e carnais.

10. As línguas em Atos cessaram; em lCoríntios, por serem um dom espiritual concedido à igreja pelo Espírito Santo, elas continuaram. A última palavra que Paulo tem sobre o assunto é: ... e não proibais o falar em outras línguas (lCo 14.39).