sexta-feira, 28 de junho de 2013

Mantendo a Fé numa Época de Incredulidade: A Igreja como a Minoria Moral

“A questão mais importante de nosso tempo”, propôs o historiador Will Durant, “não é o comunismo versus o individualismo, nem a Europa versus a América do Norte, nem o Oriente versus o Ocidente. É se os homens podem viver sem Deus”. Essa pergunta, conforme parece, será respondida em nosso próprio tempo.Durante séculos a igreja cristã foi o centro da civilização ocidental. A cultura, o governo, as leis e a sociedade do Ocidente estavam alicerçados em princípios explicitamente cristãos. Preocupação com o indivíduo, compromisso com os direitos humanos e respeito pelo que é bom, belo e verdadeiro – tudo isso se desenvolveu de convicções cristãs e da influência do cristianismo.Todas essas coisas, apressamo-nos a dizer, estão sob ataque. A própria noção do certo e do errado tem sido descartada por grandes setores da sociedade. Onde ela não é descartada, é freqüentemente depreciada. Agindo à semelhança dos personagens de Alice no País das Maravilhas, os secularistas modernos declaram o errado como certo e o certo como errado.O teólogo quacre D. Elton Trueblood descreveu a nossa sociedade como uma “civilização sem raízes”. Nossa cultura, ele argumentou, está cortada de suas raízes cristãs, como uma flor cortada de seu caule. Embora a flor mantenha a sua beleza por algum tempo, está destinada a murchar e morrer.Quando esse teólogo falou tais palavras há mais de duas décadas, a flor podia ser vista com algumas cores e sinais de vida. Mas o botão perdeu há muito a sua vitalidade, e agora é o tempo em que as pétalas caídas devem ser reconhecidas.“Quando Deus está morto”, asseverou Dostoievsky, “qualquer coisa é permissível”. Não podemos exagerar quanto à permissividade da sociedade moderna, mas tal permissividade tem sua origem no fato de que o homem e a mulher modernos agem como se Deus não existisse ou fosse incapaz de cumprir sua vontade.A igreja cristã encontra-se agora diante de uma nova realidade. Ela já não representa a essência da cultura ocidental. Embora permaneçam focos de influência cristã, eles são exceções e não a regra. Na maior parte da cultura, a igreja foi substituída pelo domínio do secularismo.Os jornais cotidianos apresentam um transbordamento constante de notícias que confirmam o estado atual de nossa sociedade. Esta época não é a primeira a contemplar horror e mal indescritíveis, mas é a primeira que nega qualquer base consistente que identifica o mal como mal e o bem como bem.Em geral, a igreja fiel é tolerada como uma voz na arena pública, mas somente enquanto não tenta exercer qualquer influência confiável no estado das coisas. Se a igreja fala com veemência sobre um assunto do debate público, é censurada como coerciva e ultrapassada.O que a igreja pensa a respeito de si mesma em face desta nova realidade? Durante os anos 1980, foi possível pensar em termos ambiciosos, como a vanguarda de uma maioria moral. Essa confiança foi seriamente abalada pelos acontecimentos da década passada.Podemos detectar pouco progresso em direção ao restabelecimento de um centro de gravidade moral. Em vez disso, a cultura se moveu rapidamente em direção ao abandono completo de toda convicção moral.A igreja professa tem de contentar-se agora em ser uma minoria moral, se o tempo assim o exige. A igreja não tem mais o direito de atender à chamada do alarme secular tendo em vista o revisionismo moral e posições politicamente corretas sobre as grandes questões do momento.Não importa qual seja a questão, a igreja tem de falar como aquilo que ela realmente é: uma comunidade de pessoas caídas mas redimidas, que permanecem sob a autoridade de Deus. A preocupação da igreja não é conhecer a sua própria mente, e sim conhecer e seguir a mente de Deus. As convicções da igreja não devem emergir das cinzas de nossa sabedoria decaída, e sim da Palavra de Deus determinativa, que revela a sabedoria de Deus e os seus mandamentos.A igreja tem de ser uma comunidade de caráter. O caráter produzido por um povo que vive sob a autoridade do soberano Deus do universo estará inevitavelmente em conflito com uma cultura de incredulidade.A igreja está diante de uma nova situação. Este novo contexto é tão atual como o jornal matutino e tão antigo como as primeiras igrejas cristãs em Corinto, Éfeso, Laodicéia e Roma. A eternidade mostrará se a igreja está ou não disposta a submeter-se apenas à autoridade de Deus ou se ela renunciará sua chamada a fim de honrar deuses insignificantes.A igreja precisa despertar para o seu status como minoridade moral e apegar-se firmemente ao evangelho, cuja pregação nos foi confiada. Ao fazer isso, as fontes profundas da verdade imutável revelarão a igreja como um oásis doador de vida em meio ao deserto moral de nossa sociedade.

Já Vimos Isto Antes: Rob Bell e o Ressurgimento da Teologia Liberal

Albert Mohler Jr.

Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.

O romancista Saul Bellow ressaltou, certa vez, que ser um profeta é uma obra excelente se você pode consegui-la. O único problema, ele sugeriu, é que, mais cedo ou mais tarde, um profeta tem de falar sobre Deus. E, nesse ponto, o profeta tem de falar com clareza. Em outras palavras, o profeta terá de falar com especificidade a respeito de quem é Deus, e, nesse ponto, as opções se restringem.Durante os últimos vinte anos, um movimento identificado como cristianismo emergente tem feito o seu melhor para evitar o discurso com especificidade. Figuras importantes no movimento ofereceram críticas mordazes dos principais segmentos do evangelismo. Mais enfaticamente, eles têm acusado, de diversas maneiras, o cristianismo evangélico de ser excessivamente preocupado com doutrina, fora de sintonia com a cultura, muito proposicional, ofensivo além do necessário, esteticamente mal nutrido e monótono.Muitas de suas críticas eram relevantes – em especial, aquelas alicerçadas em preocupações culturais – mas outras denunciaram o que pode ser descrito como um relacionamento estranho com a teologia cristã ortodoxa. Desde o começo do movimento, muitos líderes da igreja emergente exigiam uma grande transformação na teologia evangélica.No entanto, mesmo quando muitos desses líderes insistiam em que permaneciam dentro do círculo evangélico, ficou claro que muitos estavam se movendo para uma postura pós-evangélica. Houve os primeiros indícios de que o rumo do movimento seguia em direção ao liberalismo teológico e ao revisionismo radical. Mas a forma predominante do argumento deles era a sugestão, e não a asseveração.Em vez de fazerem asseverações teológicas e doutrinárias claras, figuras da igreja emergente levantam, geralmente, questões e oferecem comentários sugestivos. Influenciados pelas teorias da narrativa pós-modernas, muito no movimento da igreja emergente se apóiam em histórias, e não no argumento formal. A direção geral parecia bastante clara. Os principais líderes da igreja emergente pareciam estar impulsionando o Liberalismo Protestante – apenas um século depois.O liberalismo protestante surgiu no século XIX quando teólogos influentes defendiam uma reforma doutrinária. O desafio deles para a igreja era simples e franco: os desafios intelectuais da era moderna tornavam impossível a crença nas doutrinas cristãs tradicionais. Friedrich Schleiermacher escreveu seus fervorosos discursos para os "desprezadores cultos" da religião, argumentando que algo de valor espiritual permanecia no cristianismo mesmo quando suas doutrinas não eram mais críveis. Historiadores eclesiásticos, como Adolf von Harnack, argumentavam que certo núcleo de verdade e poder espiritual permanecia mesmo quando as afirmações doutrinárias do cristianismo eram negadas. Nos Estados Unidos, pregadores como Harry Emerson Fosdick pregavam que o cristianismo tinha de harmonizar-se com a era moderna e abandonar suas afirmações sobrenaturais.Os liberais não planejavam destruir o cristianismo. Pelo contrário, estavam certos de que estavam resgatando o cristianismo de si mesmo. O esforço de resgate dos liberais exigia a capitulação das doutrinas que a era moderna achou mais difíceis de aceitar, e a doutrina sobre o inferno era a principal em sua lista de doutrina que tinham de ser renunciadas.Como observou o historiador Gary Dorrien, do Union Theological Seminary – a fortaleza do liberalismo protestante – foi a doutrina do inferno que marcou os primeiros grandes afastamentos da ortodoxia teológica nos Estados Unidos. Os primeiros liberais não podiam aceitar e não aceitariam a doutrina do inferno que incluía punição eterna consciente e o derramamento da ira de Deus sobre o pecado.Portanto, eles a rejeitaram. Argumentaram que a doutrina sobre o inferno, embora revelada com clareza na Bíblia, difamava o caráter de Deus. Ofereceram evasivas intencionais dos ensinos da Bíblia, revisões da doutrina e rejeição do que a igreja havia afirmado em toda a sua longa história. Por volta do final do século XX, a teologia liberal havia esvaziado amplamente as principais igrejas e denominações protestantes. Quando se inicia o novo século, o liberalismo teológico é não somente uma rejeição do cristianismo bíblico – mas também uma tentativa fracassada de resgatar a igreja de suas doutrinas. Por fim, uma sociedade secular não sente qualquer necessidade de freqüentar ou apoiar igrejas secularizadas que possuem uma teologia secularizada. A negação da doutrina sobre o inferno não trouxe relevância para as igrejas liberais. Apenas enganou milhões de pessoas quanto ao seu destino eterno.Isso nos traz à controvérsia sobre o livro Love Wins, de Rob Bell. Como a sua capa anuncia, o livro fala sobre "o céu, o inferno e o destino de cada pessoa que já viveu". Ler esse livro é uma experiência entristecedora. Já lemos esse livro antes. Não as palavras exatas, nem apresentado de modo tão habilidoso, mas o mesmo livro, o mesmo argumento, a mesma tentativa de livrar o cristianismo da Bíblia.Rob Bell, como comunicador, é um gênio. Ele é o mestre da pergunta pungente, da história distorcida e da anedota pessoal. Como Harry Emerson Fosdick, o paladino do liberalismo no púlpito, Rob Bell é um exímio comunicador. Se ele tivesse planejado defender o ensino bíblico sobre o inferno, ele o teria feito maravilhosamente. Teria prestado um grande serviço à igreja. Mas isso não foi o que ele intencionou fazer.Como Fosdick, Rob Bell se preocupa profundamente com as pessoas. Isso se evidencia em seu escritos. Não há razão para duvidarmos que Rob Bell escreveu este livro motivado por sua preocupação pessoal com as pessoas que se irritam com a doutrina sobre o inferno. Se essa preocupação tivesse sido direcionada a uma apresentação de como a doutrina bíblica sobre o inferno se encaixa no contexto mais amplo do amor e da justiça de Deus e do evangelho de Jesus Cristo, isso teria sido um benefício para milhares de cristãos e outras pessoas que procuram entender a fé cristã. Mas não é isso que Bell faz em seu novo livro.Em vez disso, Rob Bell usa seu incrível poder literário e comunicativo para dividir a mensagem da Bíblia e lançar dúvidas sobre os seus ensinos.Ele afirma claramente o seu interesse: "Um impressionante número de pessoas têm sido ensinadas de que um grupo seleto de cristãos viverão para sempre em lugar de paz, regozijo e alegria chamado céu, enquanto o resto da humanidade viverá para sempre em tormento e punição no inferno, sem qualquer chance de algo melhor. Diz-se claramente a muitos que essa crença é uma doutrina central da fé cristã e que rejeitá-la significa, em essência, rejeitar a Jesus. Isso é errado, prejudicial e, em última análise, subverte a contagiante propagação da mensagem de amor, paz, perdão e alegria de Jesus, a mensagem que o nosso mundo precisa ouvir urgentemente".Essa é uma afirmação tremenda; é bastante clara. Rob Bell crê que a doutrina da punição eterna de pecadores que não se arrependem está impedindo que as pessoas venham a Jesus. Esse é um pensamento inquietante, mas, sob melhor análise, destrói a si mesmo. Em primeiro lugar, Jesus falou com muita clareza sobre o inferno, usando uma linguagem que só pode ser descrita como explícita. Jesus advertiu sobre "aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo" (Mt 10.28).Em Love Wins, Rob Bell faz o seu melhor para argumentar que a igreja tem permitido que a história do amor de Jesus seja pervertida por outras histórias. A história de um inferno eterno não é, ele crê, uma boa história. Ele sugere que uma história melhor envolveria a possibilidade de o pecador vir à fé em Cristo depois da morte, ou de o inferno ser uma cessação de existência, ou de o inferno ser, por fim, esvaziado de seus habitantes. O problema, é claro, é que a Bíblia não nos dá qualquer indício da possibilidade de um pecador ser salvo depois da morte. Em vez disso, a Bíblia diz: "Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo" (Hb 9.27).Ele também advoga uma forma de salvação universal. Novamente, as afirmações de Rob Bell são mais sugestivas do que declarativas, mas ele tenciona claramente que seus leitores sejam persuadidos de que é possível – até provável – que aqueles que resistem, rejeitam ou nunca ouvem de Cristo possam, apesar disso, ser salvos por meio de Cristo. Isso significa que nenhuma fé consciente em Cristo é necessária para a salvação. Bell sabe que tem de lidar com textos como Romanos 10.14: "E como ouvirão, se não há quem pregue?" Ele diz que concorda sinceramente com esse argumento do apóstolo Paulo, mas, em seguida, descarta todo o argumento e sugere que esse não pode ser o plano de Deus. Evita totalmente a conclusão de Paulo de que a fé vem pelo ouvir e o ouvir "pela palavra de Cristo" (Rm 10.17). Bell rejeita a idéia de que uma pessoa tem de chegar a um conhecimento pessoal de Cristo nesta vida, para que seja salva. "E se o missionário não alcançar os perdidos?", ele pergunta.Essa é a maneira como Rob Bell lida com a Bíblia. Ele argumenta que as portas que nunca se fecharão na Nova Jerusalém (Ap 21.25) significam que a oportunidade de salvação jamais se fecha, mas ele evita considerar o capítulo anterior, que inclui a afirmação clara da justiça de Deus: "E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo" (Ap 20.15). As portas eternamente abertas da Nova Jerusalém aparecem depois desse julgamento.Assim como muitos outros, Bell quer separar a mensagem de Jesus das outras vozes do Novo Testamento, em especial a voz do apóstolo Paulo. Nisto, temos de enfrentar a inescapável questão da autoridade bíblica. Ou afirmaremos que cada palavra da Bíblia é verdadeira, digna de confiança e plena de autoridade, ou criaremos nossa própria Bíblia, de acordo com nossas preferências. Em palavras francas, se Paulo e Jesus não falam a mesma coisa, não temos qualquer idéia do que é realmente verdadeiro.Bell prefere o inclusivismo, a crença de que Cristo está salvando a humanidade por outros meios além do evangelho, incluindo outras religiões. Mas ele confunde as coisas, parecendo advogar o universalismo em algumas páginas, mas esquivando-se de uma afirmação plena. Ele rejeita a crença de que a fé consciente em Cristo é necessária para a salvação, mas não se firma com clareza numa descrição específica do que ele crê.Bell tenta reduzir toda a Bíblia e a inteireza do evangelho a história e crê que é seu direito e dever determinar que história é melhor do que outra – que versão do cristianismo será convincente e atraente para os incrédulos. Afinal de contas, ele estabeleceu isso como seu alvo – substituir a história recebida por algo que vê como melhor.O primeiro problema nessa atitude é óbvio. Não temos nenhum direito de determinar que "história" do evangelho preferimos ou achamos mais convincente. Temos de lidar com o evangelho que recebemos de Cristo e dos apóstolos, a fé que uma vez por todas foi entregue à igreja. Sugerir que outra história é melhor e mais atraente do que essa história é audácia de proporções fenomenais. A igreja está presa à história revelada na Bíblia – em toda a Bíblia... cada palavra dela.Há um segundo problema, um problema que podemos achar que já tínhamos aprendido. O liberalismo não convence. Bell quer argumentar que o amor de Deus é tão poderoso, que "Deus consegue o que Deus quer". Ora, Deus quer a salvação de todos, Bell argumenta, logo, todos serão salvos – alguns depois da morte, até muito tempo depois da morte. Mas ele não pode sustentar essa idéia por causa da sua absoluta afirmação da autonomia humana: Deus mesmo não pode impedir e não impedirá de ir para o inferno alguém que está decidido a ir para lá. Portanto, se entendemos Bell em seus próprios termos, nem ele crê que "Deus consegue o que Deus quer".Semelhantemente, o argumento de Bell está centralizado na afirmação do caráter amoroso de Deus, mas ele separa o amor da justiça e da santidade. Isso é característico do liberalismo tradicional. O amor é divorciado da santidade e se torna mera sentimentalidade. Bell quer resgatar a Deus de qualquer ensino de que sua ira é derramada sobre o pecado e pecadores e, com certeza, em qualquer sentido de punição eternamente consciente. Mas Bell também quer Deus vindique as vítimas de assassinato, estupro, abuso infantil e males semelhantes. Ele parece não reconhecer que tem destruído sua própria história, deixando Deus incapaz ou indisposto de realizar sua própria justiça.Na verdade, qualquer esforço humano para oferecer ao mundo uma história superior à abrangente história da Bíblia fracassa em todos os lados. É uma abdicação da autoridade bíblica, uma negação da verdade bíblica e um evangelho falso. Engana pecadores e não salva. Também fracassa em seu alvo central – convencer pecadores a pensarem melhor em Deus. O verdadeiro evangelho é o evangelho que salva – o evangelho que tem de ser ouvido e crido, para que pecadores sejam salvos.Mas é exatamente neste ponto que o livro de Rob Bell se desvia. Ele descreve o evangelho nestes termos:Começa na verdade certa e segura de que somos amados. A verdade de que, apesar do que saiu horrivelmente errado em nosso coração e se espalhou por todos os cantos do mundo; apesar de nossos pecados, erros, rebelião e coração insensível; apesar do que foi feito para nós e do que temos feito, Deus fez as pazes conosco.Ausente do evangelho de Rob Bell, está qualquer referência clara a Cristo, qualquer entendimento adequado do pecado, qualquer afirmação da santidade de Deus e de sua garantia de punir o pecado, qualquer referência ao sangue derramado de Cristo, de sua morte na cruz, de sua expiação vicária e de sua ressurreição e, tão impressionantemente, qualquer referência à fé como a reposta de pecadores às boas-novas do evangelho. Aqui não há verdadeiro evangelho. Isso é apenas uma reedição da mensagem impotente do liberalismo teológico.N. Richard Niebuhr condensou brilhantemente a teologia liberal nesta sentença: "Um Deus sem ira trouxe homens sem pecado a um reino sem julgamento por meio das ministrações de um Cristo sem uma cruz".Sim, já lemos este livro antes. Com Love Wins, Rob Bell se move firmemente no mundo do liberalismo protestante. Sua mensagem é um liberalismo que chega tarde no cenário. Tragicamente, sua mensagem confundirá muitos crentes, bem como inúmeros incrédulos.Não ousamos evadir-nos de tudo que a Bíblia diz sobre o inferno. Jamais devemos confundir o evangelho, nem oferecer sugestões de que talvez haja algum meio de salvação além da fé consciente em Jesus Cristo. Jamais devemos crer que podemos fazer um trabalho de relações públicas a respeito do evangelho ou do caráter de Deus. Jamais devemos ser imprecisos e subversivamente sugestivos sobre ao que a Bíblia ensina.Nas páginas iniciais de Love Wins, Rob Bell garante aos seus leitores que "nada neste livro não foi ensinado, sugerido ou celebrado por muitos antes de mim". Isso é bastante verdadeiro. Mas a tragédia é que essas coisas foram ensinadas, sugeridas e celebradas por aqueles cuja companhia nenhum amigo do evangelho deveria querer. Neste novo livro, Rob Bell toma sua posição com aqueles que tem procurado resgatar o cristianismo de si mesmo. Sob qualquer medida, isso é uma grande tragédia.O problema começa no próprio título do livro. A mensagem do evangelho não é apenas que o amor vence (Love Wins) – é que Jesus salva.

Duas Religiões Rivais?

Albert Mohler Jr.

Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.

Em 3 de novembro de 1921, J. Gresham Machen apresentou uma mensagem intitulada Liberalismo ou Cristianismo? Nessa famosa mensagem, ampliada posteriormente no livro Cristianismo e Liberalismo, Machen argumentou que o cristianismo evangélico e o seu rival, o cristianismo liberal, eram na realidade duas religiões diferentes.O argumento de Machen se tornou uma das questões de controvérsia no debates Fundamentalistas/Modernistas dos anos 1920 e seguintes. De acordo com qualquer padrão de avaliação, Machen estava absolutamente certo – o movimento que se designava como cristianismo liberal estava erradicando as doutrinas centrais da fé cristã, enquanto continuava a afirmar o cristianismo como “um caminho de vida” e um sistema de significado.“O maior rival moderno do cristianismo é o liberalismo”, afirmou Machen. “O liberalismo moderno perdeu de vista duas grandes pressuposições da mensagem cristã – o Deus vivo e a realidade do pecado”, ele argumentou. “A doutrina liberal a respeito de Deus e do homem são contrárias ao ponto de vista cristão. Contudo, a divergência se refere não somente às pressuposições da mensagem, mas à própria mensagem.”Howard P. Kainz, professor emérito de Filosofia, na Marquette University, propõe um argumento semelhante, advertindo que agora o liberalismo secular moderno se apresenta como o maior rival ao cristianismo ortodoxo.Observando a divisão básica da cultura americana, Kainz comenta: “A batalha é mais intensa onde crentes ortodoxos tradicionais entram em conflito com certos liberais que são religiosamente comprometidos com o liberalismo secular”.Kainz oferece um discernimento essencial, sugerindo que um dos mais importantes fatores na divisão cultural é que as pessoas de ambos os lados estão profundamente comprometidas com seus próprios credos e cosmovisão – ainda que, por um lado, esses credos sejam seculares.“Isto explica por que falar sobre aborto ou casamento de pessoas do mesmo sexo, por exemplo, com certos liberais é, em geral, inútil. É como tentar persuadir um muçulmano comprometido com sua crença a aceitar a Cristo. A sua religião o proíbe. Ele não pode aceitar a Cristo visto que se mantém firmemente comprometido com o islamismo – a menos que ele venha a ser convertido ao cristianismo. O mesmo é verdade quanto aos liberais: a sua ‘religião’ proíbe qualquer concessão à agenda ‘conservadora’; e, uma vez que permanecem comprometidos com sua ideologia secular, é fútil esperar tais concessões da parte deles.”O argumento de Kainz possui traços semelhantes não somente às observações de Machen, mas também ao entendimento de Thomas Sowell quanto à cultura como um todo. Em A Conflict of Visions (Um Conflito de Visões), Sowell propôs que a divisão ideológica básica de nosso tempo é aquela que existe entre os que defendem uma “visão restrita” e aqueles que defendem uma “visão irrestrita”. Ambas as cosmovisões são, nas operações atuais da vida, reduzidas a certos “sentimentos íntimos” que operam de modo bem semelhante a convicções religiosas.Kainz admite que alguns resistirão à sua designação do secularismo como uma religião. “A religião, no seu sentido mais comum e habitual, implica dedicação a um ser ou seres supremos”, ele reconhece. Entretanto, “especialmente nos últimos séculos, ‘religião’ assumiu as conotações adicionais de dedicação a princípios ou ideais abstratos, em vez de dedicação a um ser pessoal”, ele insiste. Kainz data no Iluminismo Francês e sua adoração idólatra da Razão o surgimento desta religião secular.Considerando o século passado, Kainz afirma que o marxismo e o liberalismo ideológico têm funcionado como sistemas religiosos para milhões de pessoas. Considerando especificamente o marxismo, Kainz argumenta que, como religião, o marxismo tinha dogmas, escrituras canônicas, sacerdotes, teólogos, observâncias rituais, paróquias, heresias, hagiografia e, até, escatologia. Os dogmas do marxismos eram seus principais ensinos, incluindo o determinismo econômico e a “ditadura do proletariado”. Suas escrituras canônicas incluíam os escritos de Marx, Lênin e Mao Tsé Tung. Seus sacerdotes eram aqueles guardiões da pureza marxista que agiam como teoristas ideológicos do movimento. Suas observâncias ritualistas incluíam ações desde greves de operários até passeatas. A escatologia marxista deveria consumar-se na aparição do “homem comunista” e da nova era de utopia marxista.De modo semelhante, Kainz argumenta que o liberalismo secular moderno inclui seus próprios dogmas. Entre esses estão as crenças de “que a humanidade tem de aniquilar a superstição religiosa por meio da Razão; que a ciência empírica pode responder e, no final, responderá todas as perguntas sobre o mundo e os valores humanos que antes eram referidos como religião ou teologia tradicionais; que a raça humana, por invalidar e menosprezar constantemente as tradições obstruidoras, pode atingir e atingirá a perfectibilidade”.Kainz também argumenta que o liberalismo contemporâneo adotou seletivamente a linguagem do Novo Testamento, interpretando a admoestação de Jesus: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” como um alicerce para o “secularismo absoluto”, preservado na linguagem de separação entre a Igreja e o Estado. Assim, “a religião é reduzida a algo puramente particular”.O liberalismo secular também identifica certos pecados como “homofobia” e sexismo. Como Kainz o vê, as escrituras seculares enquadram-se em duas categorias amplas: “Darwinismo e escritos científicos que sustentam explicações materialistas e naturalistas para tudo, incluindo a moral; e escritos feministas que expõem o mal do patriarcado e traçam a exploração das mulheres por parte dos homens durante toda a História até ao presente”.Os sacerdotes e sacerdotisas do liberalismo secular constituem sua “elite sacerdotal” e tendem a ser os intelectuais que podem expor os valores liberais em praça pública. As congregações em que os liberais se reúnem incluem organizações como Paternidade Planejada, União Americana das Liberdades Civis, Organização Nacional de Mulheres e outras semelhantes (nos Estados Unidos). Esses grupos “ajudam a prover um senso de filiação e comunidade para os religiosamente liberais”.As cerimônias e rituais do liberalismo secular incluem paradas de “orgulho gay” e passeatas em favor do aborto. Interessantemente, a escatologia desse movimento é, Kainz argumenta, a destilação do pragmatismo. “Na estimativa dos religiosamente liberais”, ele afirma, “ todos os estilos e todas as moralidades podem aproximar-se deste alvo, contanto que os pecados não liberais proscritos sejam evitados”.Kainz admite prontamente que nem todos os liberais estão comprometidos com essa visão religiosa do liberalismo. Conforme ele vê, “há muitos que trabalham por justiça social, pelos direitos humanos, por solidariedade internacional ou por outras causas reputadas comumente como liberais, mas não têm um profundo compromisso ideológico”. Kainz ressalta que conservadores podem achar uma causa e um fundamento de cooperação comum com esses liberais não comprometidos religiosamente.“Para muitos liberais ‘moderados’, o liberalismo é uma perspectiva política, não uma ideologia essencial”, Kainz observa. “Na cultura de guerra, é importante que o cristão estabeleça a diferença entre o liberal religiosamente comprometido e o liberal moderado. Os cristãos não devem ficar surpresos quando não acharem uma base comum com aqueles; e podem formar alianças ocasionais, desde que temporárias, com estes.”Kainz não desenvolve este ponto: todas as pessoas estão, à sua maneira, profundamente comprometidas com sua própria cosmovisão. Afinal de contas, não há possibilidade intelectual de absoluta neutralidade – não entre os seres humanos.Esta idéia de que o presente conflito cultural assemelha-se a uma luta entre duas religiões rivais é instrutiva e humilhante. No nível político, essa avaliação deve servir como um aviso de que nossas atuais divisões ideológicas provavelmente não desaparecerão logo. No nível mais profundo da análise teológica, este argumento serve para recordar aos cristãos que a evangelização continua sendo um elemento central em nossa missão e propósito. Aqueles que se concentram nas questões meramente políticas focalizam-se nos detalhes, enquanto não discernem todo o panorama da situação, e confundem as coisas temporais com as eternas.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

As Marcas da Masculinidade

Quando um rapaz se torna homem? A resposta a essa pergunta está muito além do aspecto biológico e da idade. Conforme definida na Bíblia, a masculinidade é uma realidade funcional, demonstrada no cumprimento, por parte do homem, de responsabilidade e liderança. Com isso em mente, gostaria de sugerir treze marcas da masculinidade bíblica. Chegar a essas qualidades vitais identifica o surgimento de um homem que demonstrará verdadeira masculinidade bíblica.
1. Maturidade espiritual suficiente para liderar uma esposa e filhos.A Bíblia é clara a respeito da responsabilidade do homem em exercer maturidade e liderança espiritual. De fato, essa maturidade espiritual demanda tempo para ser desenvolvida, bem como é um dom do Espírito Santo agindo na alma do crente. As disciplinas da vida cristã, incluindo a oração e estudo bíblico sério, estão entre os meios que Deus usa para moldar um rapaz em um homem e trazer maturidade espiritual à vida de alguém que tem a responsabilidade de guiar uma esposa e uma família. Esta liderança espiritual é central à visão cristã sobre o casamento e a família.A liderança spiritual de um homem não é uma questão de poder ditatorial, e sim uma liderança e influência espiritual, firme e confiável. Um homem tem de estar pronto para liderar sua esposa e filhos de um modo que honre a Deus, demonstra piedade, inculque o caráter cristão e leve sua família a desejar a Cristo e a buscar a glória de Deus. A maturidade espiritual é uma marca da verdadeira masculinidade cristã; um homem espiritualmente imaturo é, pelo menos neste sentido crucial, apenas um rapaz no aspecto espiritual.
2. Maturidade pessoal suficiente para ser um marido e pai responsável.A verdadeira masculinidade não é uma questão de exibir características supostamente masculinas destituídas do contexto de responsabilidade. Na Bíblia, um homem é chamado a cumprir seu papel de marido e pai. A menos que ele tenha o dom de celibato para o serviço do evangelho, o rapaz cristão deve almejar o casamento e a paternidade. Essa é, com certeza, uma afirmação contrária à nossa cultura, mas o papel de marido e pai é essencial à masculinidade. O casamento é incomparável em seus efeitos sobre o homem, visto que canaliza suas energias e direciona suas responsabilidades à consagrada aliança do casamento e à educação amorosa da família. Os rapazes cristãos devem aspirar ser aquele tipo de homem com o qual uma moça cristã se casaria alegremente, a quem os filhos obedeceriam, confiariam e respeitariam.
3. Maturidade econômica suficiente para manter-se num emprego e lidar com o dinheiro.Os publicitários e os empresários sabem a que alvo devem direcionar suas mensagens — diretamente aos rapazes e adolescentes. Esse segmento específico da população é atraído por bens materiais, entretenimento popular, eventos esportivos e outras opções de consumo. O retrato da masculinidade juvenil tornado popular nos meios de comunicação e apresentado como normal por meio de entretenimentos é caracterizado por imprudência econômica, egoísmo e lazer.Um verdadeiro homem sabe como segurar um emprego, lidar responsavelmente com o dinheiro e atender às necessidades de sua esposa e sua família. Não desenvolver maturidade econômica significa que os rapazes freqüentemente pulam de um emprego a outro e levam anos para “se acharem” em termos de carreira e vocação. Novamente, a adolescência prolongada caracteriza grande segmento da população de rapazes em nossos dias. Um homem verdadeiro sabe como ganhar, administrar e respeitar o dinheiro. Um rapaz crente entende o perigo que existe no amor ao dinheiro e cumpre suas responsabilidades como um servo cristão.
4. Maturidade física suficiente para trabalhar e proteger a família.A menos que seja incapacitado ou enfermo, um rapaz precisa desenvolver uma maturidade física que, por meio de estatura e vigor, identificam uma masculinidade reconhecível. É claro que os homens atingem diferentes tamanhos e demonstram diferentes níveis de vigor físico, mas a maturidade é comum a todos os homens, pela qual um homem demonstra sua masculinidade em ações, confiança e força. Um homem tem de estar pronto a usar sua força física para proteger a esposa e os filhos e cumprir as tarefas que Deus lhe designou. Um rapaz tem de ser ensinado a canalizar seu desenvolvimento e porte físico a um compromisso pessoal de responsabilidade, reconhecendo que o vigor adulto tem de ser combinado com a responsabilidade de adulto e a verdadeira maturidade.5. Maturidade sexual suficiente para casar e cumprir os propósitos de Deus.Mesmo quando a sociedade celebra o sexo em todas as formas e todas as idades, o verdadeiro homem cristão pratica a integridade sexual, evitando pornografia, fornicação e todas as formas de promiscuidade e corrupção sexual. Ele entende o perigo da lascívia, mas se regozija com a capacidade sexual e poder reprodutivo que Deus lhe deu, comprometendo-se com uma moça, ganhando o seu amor, confiança e admiração — e, eventualmente, sua mão em casamento. É crucial que os homens respeitem esse dom inefável e o protejam até que, no contexto de um casamento santo, sejam capazes de satisfazer esse dom, amem sua esposa e almejem os filhos, que são dons de Deus. A sexualidade masculina divorciada do contexto e da integridade do casamento é uma realidade explosiva e perigosa. O rapaz precisa entender, enquanto atravessa a puberdade e o despertamento da sexualidade, que ele é responsável para com Deus pela administração deste importante dom.
6. Maturidade moral suficiente para liderar como um exemplo de retidão.O padrão vulgar de comportamento dos rapazes é, em geral, caracterizado por negligência, irresponsabilidade e coisas piores. À medida que um rapaz se desenvolve até à masculinidade, ele tem de desenvolver maturidade moral, enquanto aspira a retidão, o aprender a pensar como um cristão, agir como um cristão e mostrar aos outros como fazer isso. O homem cristão deve ser um exemplo para os outros, ensinando tanto por preceito como por exemplo. É claro que isso exige o exercício de raciocínio moral responsável. A verdadeira educação moral começa com um entendimento claro dos padrões morais e deve mover-se a um nível de raciocínio moral mais elevado, pelo qual um rapaz aprende como os princípios bíblicos são transformados em viver piedoso e como os desafios morais de seus dias devem ser confrontados com as verdades reveladas na infalível e inerrante Palavra de Deus.
7. Maturidade ética suficiente para tomar decisões responsáveis.Ser um homem implica tomar decisões. Um das tarefas mais fundamentais da liderança é decidir. O estado de indecisão de muitos homens contemporâneos é a evidência de uma masculinidade atrofiada. É claro que um homem não se precipita a tomar uma decisão sem refletir, considerar e ter cuidado, mas ele se expõe a um risco, ao tomar uma decisão — e ao torná-la permanente. Isso exige uma responsabilidade moral que se estenda à tomada de decisões éticas e maduras, que glorifiquem a Deus, sejam fiéis à Palavra de Deus e estejam abertas ao escrutínio moral.Um verdadeiro homem sabe como tomar uma decisão e viver com suas conseqüências — embora isso signifique que, mais tarde, ele terá de reconhecer que aprendeu por tomar uma decisão errada e por fazer a correção apropriada.
8. Maturidade de percepçao do mundo suficiente para entender o que é realmente importante.Uma inversão de valores caracteriza nossa era pós-moderna, e a situação desagradável da masculinidade moderna se torna mais apavorante pelo fato de que muitos homens não têm a capacidade de desenvolver uma percepção de mundo consistente. Para o crente, isso é duplamente trágico, pois nosso discipulado cristão tem de ser demonstrado no desenvolvimento de uma mente cristã. O cristão tem de entender como interpretar e avaliar as questões pelo espectro dos campos da política, economia, moralidade, entretenimento, educação e uma lista aparentemente interminável de outros campos. A ausência de um raciocínio bíblico e consistente da percepção do mundo é um característica fundamental da imaturidade espiritual. Um rapaz tem de aprender com traduzir a verdade cristão em uma maneira de pensar genuinamente cristã. Precisa aprender a defender a verdade bíblica perante seus colegas e em pública; e deve adquirir a habilidade de estender sua maneira de pensar bíblica, fundamentada em princípios bíblicos, a todas as áreas da vida.
9. Maturidade relacional suficiente para entender e respeitar os outros.Os psicólogos agora falam sobre a “inteligência emocional” como um fato importante no desenvolvimento pessoal. Embora o mundo tenha dado muita atenção ao QI, a inteligência emocional é tão importante como aquele. Os indivíduos que não têm a habilidade de relacionar-se com os outros estão destinados a fracassarem diante dos mais significativos desafios da vida e não cumprirão algumas de suas mais importantes responsabilidades e papéis. Por natureza, muitos rapazes são direcionados por seu interior. Enquanto as moças aprendem a interpretar os sinais emocionais e se conectam, muitos rapazes não possuem essa capacidade e, aparentemente, não entendem a ausência dessa habilidade. Embora o homem tenha de demonstrar força emocional, constância e firmeza, ele tem de aprender a se relacionar com sua esposa, filhos, colegas e muitos outros, de uma maneira que demonstre respeito, entendimento e empatia apropriada. Ele não aprende isso jogando videogames e entrando no mundo pessoal, o que muitos rapazes adolescentes fazem.
10. Maturidade social suficiente para fazer contribuições à sociedade.O lar é o lugar essencial e a ênfase inescapável da responsabilidade de um homem, mas ele é chamado a sair do lar para ir ao mundo, o mundo amplo, como uma testemunha e como alguém que dará uma contribuição ao bem comum. Deus criou os seres humanos como criaturas sociais e, ainda que nossa cidadania final esteja no céu, temos de cumprir nossa cidadania na terra.Um rapaz tem de aprender a cumprir uma responsabilidade política como cidadão e uma responsabilidade moral como membro de uma comunidade. O homem crente tem uma responsabilidade civilizacional, e os rapazes devem aprender a se verem como formadores da sociedade, visto que a igreja é identificada pelo Senhor como luz e sal. De modo semelhante, um homem crente tem de aprender a se relacionara com os incrédulos, como testemunha e como cidadãos de uma pátria terrestre.
11. Maturidade verbal suficiente para se comunicar e falar como homem.Um homem tem de ser capaz de falar, ser entendido e se comunicar de um modo que honre a Deus e transmita a verdade de Deus aos outros. Além do contexto da conversa, o rapaz deve aprender a falar diante de grandes grupos, vencendo a timidez natural e o temor que resulta de ver um grande número de pessoas e abrindo a boca e projetando palavras. Embora nem todos os homens se tornarão oradores públicos, cada homem deveria ter a habilidade de levantar-se, formular suas palavras e argumentar quando a verdade está sob ataque e quando a fé e a convicção têm de ser traduzidas em argumentos.
12. Maturidade de caráter suficiente para demonstrar coragem em meio ao fogo.A literatura sobre masculinidade está repleta de histórias de coragem, bravura e audácia. Pelo menos, é assim que ela costumava ser. Ora, estando a masculinidade tanto banalizada como marginalizada pelas elites culturais, e existindo subversão ideológica e confusão proveniente dos meios de comunicação, temos de recapturar um compromisso com a coragem, compromisso esse que é transportados aos desafios da vida real enfrentados pelo homem cristão.Às vezes, a qualidade de coragem é demonstrada quando um homem arrisca sua própria vida para defender outros, especialmente sua esposa e filhos, mas também qualquer pessoa que necessita de resgate. Com muita freqüência, a coragem é demonstrada em tomar uma posição em meio ao fogo hostil, recusando-se a sucumbir à tentação do silêncio e permanecendo como um exemplo e modelo para os outros, que assim serão encorajados a se manterem firmes em sua própria posição. Nestes dias, a masculinidade bíblica exige muita coragem. As ideologias prevalecentes e as cosmovisões desta era são inerentemente hostis à verdade cristã e corrosivas à fidelidade cristã. Um rapaz precisa ter muita coragem para se comprometer com a pureza sexual, e um homem, para se dedicar exclusivamente à sua esposa. É necessário grande coragem para dizer não àquilo que esta cultura insiste serem os prazeres e deleites legítimos da carne. É necessário muita coragem para manter integridade pessoal em um mundo que desvaloriza a verdade, menospreza a Palavra de Deus e promete auto-realização e felicidade somente pela asseveração da absoluta autonomia pessoal. A verdadeira confiança de um homem está arraigada nas fontes da coragem, e esta é evidência de caráter. Em última análise, o caráter de um homem é revelado no crisol dos desafios diários. Para a maioria dos homens, a vida também traz momentos em que coragem extraordinária será exigida, se ele tem de permanecer fiel e verdadeiro.
13. Masculinidade bíblica suficiente para exercer algum nível de liderança na igreja.Uma consideração mais atenta de algumas igrejas revelará que um problemas centrais é a falta de maturidade bíblica entre os homens da congregação e a falta de conhecimento bíblico, o que torna os homens mal equipados e completamente despreparados para exercer liderança espiritual.Os rapazes têm de familiarizar-se com o texto bíblico e sentir-se à vontade no estudo da Palavra de Deus. Precisam estar prontos a assumir seu lugar como líderes na igreja local. Deus estabeleceu oficiais específicos para a sua igreja — homens que são dotados e chamados publicamente —, por isso, todo homem crente deveria cumprir alguma responsabilidade de liderança na vida da igreja local.Para alguns homens, isso pode significar um papel de liderança menos público do que o de outros. Em qualquer caso, um homem dever ser capaz de ensinar alguém e liderar algum ministério, transformando seu discipulado pessoal na realização de uma vocação santa. Há um papel de liderança para todo homem, em toda igreja, quer seja uma liderança pública ou privada, pequena ou grande, oficial ou extra-oficial. Um homem deve saber como orar diante dos outros, apresentar o evangelho e ocupar um lugar vazio quando a necessidade de liderança é evidente.

Data: 10/11/2008Categoria: Devocional

A Urgência da Pregação

"Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." 2Tm 4:2

Albert Mohler Jr.

Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.A pregação atravessa tempos difíceis? Hoje está sendo travado um debate sobre o caráter e a centralidade da pregação na igreja. O que está em jogo é a integridade da adoração e da proclamação cristã.Como isso chegou a acontecer? Levando em conta a centralidade da pregação na igreja do Novo Testamento, parece que a prioridade da pregação bíblica jamais deveria ser contestada. Afinal de contas, como observou John A. Broadus — um dos docentes fundadores do Seminário Batista do Sul dos Estados Unidos —, “a pregação é característica peculiar do cristianismo. Nenhuma outra religião tem realizado reuniões freqüentes e regulares de grupos pessoas para ouvirem instrução e exortações religiosas, uma parte integral do culto cristão”.No entanto, muitas vozes influentes no evangelicalismo sugerem que a época do sermão expositivo já passou. Em seu lugar, alguns pregadores contemporâneos colocaram mensagens idealizadas intencionalmente para alcançar congregações seculares ou superficiais — mensagens que evitam a exposição do texto bíblico e, por implicação, um confronto potencialmente embaraçoso com a verdade bíblica.Uma mudança sutil no início do século XX se tornou uma grande divisão no final do século. A mudança de pregação expositiva para abordagens mais temáticas e centradas no homem desenvolveu-se a ponto de se tornar um debate sobre o lugar das Escrituras na pregação e a própria natureza da pregação.Duas afirmações famosas sobre a pregação ilustram essa divisão crescente. Refletindo, de maneira poética, a urgência e a centralidade da pregação, o pastor puritano Richard Baxter fez esta observação: “Prego como se jamais tivesse de pregar novamente, prego como um moribundo a pessoas moribundas”. Com expressão vívida e um senso de seriedade do evangelho, Baxter entendeu que a pregação é, literalmente, uma questão de vida ou morte. A eternidade pende na balança à medida que o pastor prega.Contraste essa afirmação de Baxter com as palavras de Harry Emerson Fosdick, talvez o mais famoso (ou mal-afamado) pregador das primeiras décadas do século XX. Fosdick, que era pastor da Riverside Church, em Nova Iorque, provê um contraste instrutivo com o respeitado Baxter. Fosdick explicou: “Pregar é aconselhamento pessoal com base em grupos”.Essas duas afirmações a respeito da pregação revelam os contorno do debate contemporâneo. Para Baxter, a promessa do céu e os horrores do inferno moldam a desgastante responsabilidade do pregador. Para Fosdick, o pregador é um conselheiro amável que oferece conselhos e encorajamento proveitosos.O debate atual sobre a pregação é mais comumente explicado como uma argumento a respeito do foco e do formato do sermão. O pregador deve pregar um texto bíblico por meio de um sermão expositivo? Ou deve focalizar o sermão nas “necessidades sentidas” e nos interesses percebidos dos ouvintes?É claro que muitos evangélicos contemporâneos favorecem a segunda opção. Instados pelos devotos da “pregação baseada nas necessidades”, muitos evangélicos abandonam o texto sem reconhecer que fazem isso. Esses pregadores podem ocasionalmente recorrer ao texto no decorrer do sermão, mas o texto não estabelece os assuntos nem a forma da mensagem.Focalizar-se nas “necessidades percebidas” e permitir que elas estabeleçam os assuntos da pregação conduz inevitavelmente à perda da autoridade bíblica e do conteúdo bíblico no sermão. Contudo, esse modelo está se tornando, cada vez mais, a norma em muitos púlpitos evangélicos. Fosdick deve estar sorrindo no túmulo.Os evangélicos antigos reconheceram a abordagem de Fosdick como uma rejeição da pregação bíblica. Um teólogo liberal confesso, Fosdick exibiu sua rejeição da inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras — e rejeitou outras doutrinas centrais da fé cristã. Apaixonado pelas tendências da teoria psicológica, Fosdick se tornou um terapeuta de púlpito do protestantismo liberal. O alvo de sua pregação foi bem captado pelo título de um de seus muitos livros —On Being a Real Person (Ser uma Verdadeira Pessoa).Infelizmente, essa é a abordagem evidente em muitos púlpitos evangélicos. O púlpito sagrado se tornou um centro de aconselhamento, e os bancos da igreja, o sofá do terapeuta. A psicologia e os interesses práticos substituíram a exegese teológica; e o pregador direciona seu sermão às necessidades percebidas da congregação.O problema é que o pecador não sabe qual é a sua mais urgente necessidade. Ele está cego quanto à sua necessidade de redenção e reconciliação com Deus e se focaliza em necessidades potencialmente reais e temporais, tais como realização pessoal, segurança financeira, paz na família e avanço profissional. Muitos sermões são elaborados para atender a essas necessidades e interesses, mas falham em proclamar a Palavra da Verdade.Sem dúvida, poucos pregadores que seguem essa tendência intentam se afastar da Bíblia. Todavia, servindo-se de uma intenção aparente de alcançar homens e mulheres modernos e seculares “onde eles estão”, o sermão tem sido transformado em um seminário sobre o sucesso. Alguns versículos das Escrituras talvez sejam acrescentados ao corpo da mensagem; mas, para que um sermão seja genuinamente bíblico, o texto precisa estabelecer os assuntos como fundamento da mensagem — e não ser usado apenas como uma autoridade citada para fornecer esclarecimento espiritual.Charles Spurgeon confrontou esse mesmo padrão de púlpitos vacilantes, em seus próprios dias. Alguns das mais agradáveis e mais freqüentadas igrejas de Londres tinham ministros que foram precursores dos pregadores modernos que se baseiam nas necessidades sentidas. Spurgeon — que se esforçou por atrair ouvintes, apesar de sua insistência na pregação bíblica — confessou: “O verdadeiro embaixador de Cristo sente que ele mesmo está diante de Deus e tem de lidar com as almas como servo de Deus, em lugar dele, e que ocupa uma posição solene — nesta posição, a infidelidade é desumanidade e traição para com Deus”.Spurgeon e Baxter entendiam o perigoso mandato do pregador e, por isso, foram impelidos à Bíblia para usá-la como sua única autoridade e mensagem. Deixavam seus púlpitos tremendo, sentindo interesse urgente pela alma de seus ouvintes e totalmente cônscios de que tinham de prestar contas a Deus pela pregação de sua Palavra, tão-somente de sua Palavra. Os sermões deles foram medidos por poder, os de Fosdick, por popularidade.O debate atual sobre a pregação pode abalar congregações, denominações e o movimento evangélico. Mas reconheça isto: a restauração e renovação da igreja nesta geração virá somente quando, em cada púlpito, o ministro pregar com a certeza de que jamais pregará novamente e como um moribundo que prega a pessoas moribundas.

As línguas em atos

O FENÔMENO DAS LÍNGUAS (At 2.4-)

"E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem."

O derramamento do Espírito santo produziu o fenômeno das línguas. O pentecostes foi o oposto de babel. Em babel as línguas eram ininteligíveis; no pentecostes, não houve necessidade de interpretação. Em babel houve dispersão; no pentecostes, ajuntamento. Babel foi resultado de rebelião contra Deus; Pentecostes, fruto da oração perseverante a Deus. Em babel os homens enalteciam seu próprio nome; no pentecostes, falavam sobre as grandezas de Deus. Jonn Stott escreve: "Em babel, a terra orgulhosamente tentou subir ao céu, enquanto, em Jerusalém, o céu humildemente desceu à terra. Lucas destaca a natureza internacional da multidão poliglota reunida ao redor dos 120 discípulos que foram cheios do Espírito santo. Eram judeus, homens piedosos e todos estavam habitando em Jerusalém(2.5). Mas eles não tinham nascido naquela cidade: vinham da dispersão, de todas as nações debaixo do céu (2.5).

DESTACAMOS AQUI TRÊS FATOS IMPORTANTES:

Em primeiro lugar, o milagre das línguas (2.4-7). No pentecostes Deus rompeu a barreira da língua, e judeus de diversas partes do mundo puderam ouvir os discípulos falando em sua própria língua materna. Essas outras línguas eram dialetos conhecidos e falado pelos judeus que habitavam diversas regiões do império e estavam em Jerusalém por ocasião da festa. O apóstolo Pedro aborda a questão da glossolalia de atos e diz que não fora consequência de uma intoxicação ou embriaguez (2.13). Os discípulos não perderam as suas funções físicas e mentais. Também não se tratara de um engano ou milagre apenas de audição, e não de fala, de forma que os ouvintes pensassem que os crentes estavam falando em outras línguas quando não falavam de fato. A glossolalia de atos 2 foi um fenômeno tanto de fala como de audição. Não foram sons incoerentes, mas uma habilidade sobrenatural para falar em línguas reconhecíveis. Assim a expressão outras línguas poderia ser traduzida por "línguas diferentes da língua materna". Os discípulos falaram línguas que ainda não haviam aprendido. O termo grego traduzido por língua em atos 2.6 e 8 é dialektos e refere-se à linguagem ou dialeto de um país ou região (21.40; 26.14). Concordo com fritz rienecker quando ele diz que a escolha feita por Lucas desta palavra dialektos neste trecho indica que o falar noutras línguas era o uso de outros idiomas. O fenômeno das línguas ainda é citado mais duas vezes em atos: Cesareia (10.46) e Éfeso (19.6).

Uma questão levantada pelos estudiosos é: as línguas mencionadas em atos 2 são da mesma natureza daquelas mencionadas em 1Coríntios 12 e 14? Há quem defenda a semelhança. Porém, entendemos que elas são diferentes.

Damos a seguir algumas razões...

1. As línguas em atos eram pregação, ou seja, os discípulos falavam aos homens; já as línguas em 1Coríntios eram oração, ou seja, os crentes falavam a Deus. Desta forma, essas línguas eram diferentes quanto ao seu endereçamento.

2. As línguas em atos eram entendidas pelos diversos grupos linguísticos de judeus que habitavam em Jerusalém, enquanto em 1Coríntios as línguas eram ininteligíveis e existia a necessidade de um intérprete para traduzi-las. Consequentemente, elas eram diferentes também quanto ao caráter.

3. As línguas em atos foram dadas a um grupo específico, num lugar específico, num tempo específico, para evidenciar a recepção do Espírito Santo; ao passo que em 1Coríntios as línguas são um dom espiritual que continua sendo outorgado a alguns para edificação próprio e para edificação da igreja.

4. As línguas em atos eram dialetos (2.6, 8), ou seja, línguas faladas e entendidas pelos vários povos que estavam em Jerusalém, ao passo que em 1 Coríntios quem falava em línguas proferia mistérios e ninguém podia entender (1Co 14.2).

5. As lingua em atos não precisam de intérprete, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua, enquanto em 1 Coríntios até quem fala não entende o que fala, a não ser que tenha também o dom de interpretação (1Co 14.13, 14).

6. As línguas em atos tem o propósito de proclamar as grandezas de Deus para fora, edificando as outras pessoas, já em 1Coríntios, as línguas não deveriam ser usadas em público, a não ser que houvesse intérprete. Era um dom de auto edificação (1Co 12.2, 3, 19).

7. As línguas em atos eram faladas por todos aqueles que estavam cheios do Espírito santo, enquanto em 1Coríntios é um dom espiritual concedido não a todos, mas apenas a alguns (1Co 12.10, 30).

8. As línguas em atos são profecia, a proclamação das virtudes de Deus as homens, ao passo que em 1Coríntios são oração, palavras dos homens a Deus.

9. As línguas em atos eram uma evidência de que aqueles homens estavam cheios do Espírito santo, mas em 1Coríntios elas não têm conexão com a plenitude do Espírito santo. Os crentes da igreja de Corinto falavam em outras línguas, mas eram crentes imaturos e carnais.

10. As línguas em atos cessaram com exceção de algumas manifestações específicas do Espírito na evangelização; em 1Coríntios, por ser um dom espiritual concedido à igreja pelo Espírito Santo, elas continua. A última palavra que Paulo tem sobre o assunto é: ... e não proibais o falar em outros línguas (1Coríntios 14.39).

Porque Alguns Dons Espirituais Atraem Pessoas Inconstantes

A Bíblia é ciente das pessoas "inconstantes". Por exemplo, 2 Pedro 3:16 diz "Existem algumas coisas [nas palavras de Paulo] difíceis de entender, as quais os indoutos e inconstantes torcem para sua própria perdição, como fazem com outras Escrituras." 2 Pedro 2:14 fala dos homens maus que "engodam almas inconstantes." Tiago 1:8 fala de um "homem de coração dobre, inconstante em todos os seus caminhos."Nenhum de nós é perfeitamente constante. O Rei Davi e o apóstolo Paulo sabiam como era estar no abismo do desânimo e nas nuvens do êxtase. Não é sempre fácil separar os doentes dos sãos. Nem devemos sempre tentar, já que a mesma terapia é prescrita para ambos: amor.Mas deixe-me tentar descrever o que eu quero dizer por "pessoas inconstantes" - e não se incomode muito se uma ou duas dessas características servirem para você. Aqui está o que eu quero dizer por inconstante:Pessoas inconstantes tendem a ter excessivas variações emocionais de ânimo sem boas razões. Elas podem estar excessivamente desanimadas ou excessivamente exaltadas quando não há razão suficiente para tal.Isto nos leva à segunda característica: as emoções das pessoas inconstantes não estão adequadamente conectadas às suas faculdades de raciocínio e percepção. Em algum grau isso é verdade para todos nós. Mas em uma mente sã as emoções são guiadas por observações verdadeiras da realidade e pensamentos corretos sobre estas observações. Mas em uma pessoa inconstante as percepções são distorcidas e o leme da razão fica girando livremente embaixo do barco. O barco da vida está à deriva no mar da emoção sem um controle normal fornecido pelo leme. Mesmo com um bom leme você pode se perder seriamente. O barco inconstante da vida é levado de um lado para outro no mar das emoções.Portanto, os inconstantes são excessivamente inseguros. Sem uma raiz profunda de conhecimento, confiança e satisfação emocional (!) na graça soberana de Deus, eles extraem uma quantidade excessiva de segurança das circunstâncias relativas. Novamente, todos nós somos assim em algum grau. "Eu creio, ajuda a minha incredulidade." Mas nos inconstantes o problema é maior e eles são, portanto, vulneráveis a qualquer coisa que pareça, mesmo que remotamente, como crítica, ou desaprovação, ou rejeição.Uma manifestação desses problemas é que pessoas inconstantes estão freqüentemente fora de contato com as dinâmicas relacionais. Elas não percebem como estão em conflito. As limitações e requerimentos normais da simples interação social não estão na sua estrutura.Por que este tipo de pessoa se sente atraída em um grau desproporcional aos extraordinários dons espirituais, como profecia, conhecimento e línguas, bem como a outros raros sinais e milagres?Uma possível resposta é que estes dons são muito superiores aos processos comuns da observação objetiva e do raciocínio. Portanto, eles fornecem uma atmosfera que parece livre das restrições normais nas quais estas pessoas acham tão difícil de viver. Elas sentem que aqui pelo menos elas podem dizer o que vêm às suas mentes, sem as restrições da razão, e da cautelosa interpretação bíblica, e observação moderada, que normalmente governam o ir e vir da vida. Estes dons espirituais parecem se encaixar ao seu modo de vida: imprevisível, desconectado de processos de raciocínio, livre das demandas da observação objetiva.Mas eu o incito a ler 1 Coríntios 14 e ver se achas que Paulo viu a atmosfera dos dons espirituais como uma atmosfera inconstante. A questão que enfrentamos é como professar a verdade dos dons sem criar um fórum para inconstância.Desejando seriamente toda a plenitude de Deus.

LBL.

A Cabana A Perda da Arte de Discernimento Evangélico

Albert Mohler Jr.

Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.O mundo editorial vê poucos livros atingirem o status de "sucesso". No entanto, o livro A Cabana,escrito por William Paul Yong, superou esse status. O livro, publicado originalmente pelo próprio autor e dois amigos, já vendeu mais de dez milhões de cópias e já foi traduzido para mais de trinta idiomas. É, agora, um dos livros mais vendidos de todos os tempos, e seus leitores estão entusiasmados.De acordo com Young, o livro foi escrito originalmente para seus próprios filhos. Em essência, ele pode ser descrito como uma teodicéia em forma de narrativa – uma tentativa de responder à questão do mal e do caráter de Deus por meio de uma história. Nessa história, o personagem principal está entristecido por causa do rapto e do assassinato brutal de sua filha de sete anos, quando recebe aquilo que se torna uma intimação de Deus para encontrá-lo na mesma cabana em que a menina foi morta.Na cabana, "Mack" se encontra com a Trindade divina, onde Deus, o Pai, é representado como "Papai", uma mulher afro-americana, e Jesus, por um carpinteiro judeu, e "Sarayu", uma mulher asiática, é identificada como o Espírito Santo. O livro é, principalmente, uma série de diálogos entre Mack, Papai, Jesus e Sarayu. As conversas revelam que Deus é bem diferente do Deus da Bíblia. "Papai" é absolutamente alguém que não faz julgamentos e parece determinado a afirmar que toda a humanidade já está redimida.A teologia de A Cabana não é incidental à história. De fato, em muitos pontos a narrativa serve, principalmente, como uma estrutura para os diálogos. E estes revelam uma teologia que, no melhor, é não-convencional e, sem dúvida, herética em certos aspectos.Embora o artifício literário de uma "trindade" não-convencional de pessoas divinas seja, em si mesmo, antibíblico e perigoso, as explicações teológicas são piores. "Papai" conta a Mack sobre o tempo em que as três pessoas da Trindade manifestaram-se da seguinte forma: "nós falamos com a humanidade através da existência humana como Filho de Deus". Em nenhuma passagem da Bíblia, o Pai ou o Espírito Santos é descrito como assumindo a forma humana. A cristologia do livro é confusa. "Papai" diz a Mack que, embora Jesus seja plenamente Deus, "ele nuncausou a sua natureza como Deus para fazer qualquer coisa". Eles apenas viveu do seu relacionamento comigo, da mesma maneira como eu desejo me relacionar com qualquer ser humano". Quando Jesus curou o cego, "Ele fez isso como um ser humano dependente que confiava em minha vida e poder para agir nele e por meio dele. Jesus, como ser humano, não tinha qualquer poder em si mesmo para curar alguém".Embora haja muita confusão teológica a ser esclarecida no livro, basta dizer que a igreja cristã tem lutado por séculos para chegar a um entendimento fiel da Trindade, a fim de evitar esse tipo de confusão – reconhecendo que a fé cristã está, ela mesma, em perigo.Jesus diz a Mack que ele é "o melhor caminho para qualquer ser humano se relacionar com Papai ou com Sarayu". Não é o único caminho, mas o melhorcaminho.Em outro capítulo, "Papai" corrige a teologia de Mack afirmando: "Eu não preciso punir as pessoas pelos seus pecados. O pecado é a sua própria punição, que devora você a partir do interior. Não tenho o propósito de punir o pecado; tenho alegria em curá-lo". Sem dúvida, a alegria de Deus está na expiação realizada pelo Filho. No entanto, a Bíblia revela consistentemente que Deus é o Juiz santo e reto, que punirá pecadores. A idéia de que o pecado é a "sua própria punição" se encaixa no conceito dokarma, e não no evangelho cristão.O relacionamento do Pai com o Filho, revelado em textos como João 17, é rejeitado em favor de uma absoluta igualdade de autoridade entre as pessoas da Trindade. "Papai" explica que "não temos qualquer conceito de autoridade final entre nós, somente unidade". Em um dos mais bizarros parágrafos do livro, Jesus diz a Mack: "Papai é tão submisso a mim como o sou a ele, ou Sarayu a mim, ou Papai a ela. Submissão não diz respeito à autoridade e à obediência; é um relacionamento de amor e respeito. De fato, somos submissos a você da mesma maneira".Essa hipotética submissão da Trindade a um ser humano – ou a todos os seres humanos – é uma inovação teológica do tipo mais extremo e perigoso. A essência da idolatria é a auto-adoração, e essa noção da Trindade submissa (em algum sentido) à humanidade é indiscutivelmente idólatra.O aspecto mais controverso da mensagem de A Cabana gira em torno das questões do universalismo, da redenção universal e da reconciliação final. Jesus diz a Mack: "Aqueles que me amam procedem de todo sistema que existe. São budistas, mórmons, batistas, islamitas, democratas, republicanos e muitos que não votam ou não fazem parte de qualquer igreja ou de instituições religiosas". Jesus acrescenta: "Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero unir-me a eles em sua transformação em filhos e filhas de meu Papai, em meus irmãos e irmãs, meus amados".Em seguida, Mack faz a pergunta óbvia: Todos os caminhos levam a Cristo? Jesus responde: "Muitos dos caminhos não levam a lugar algum. O que isso significa é que eu irei a qualquer caminho para encontrar vocês".Devido ao contexto, é impossível extrair conclusões essencialmente universalistas ou inclusivistas quanto ao significado de Yong. "Papai" repreende Mack dizendo que está agora reconciliado com todo o mundo. Mack replica: "Todo o mundo? Você quer dizer aqueles que crêem em você, não é?" "Papai responde: "Todo o mundo, Mack".No todo, isso significa algo bem próximo da doutrina da reconciliação proposta por Karl Barth. E, embora Wayne Jacobson, o colaborador de Young, tenha lamentado haver pessoas que acusam o livro de ensinar a reconciliação final, ele reconhece que as primeiras edições do manuscrito foram influenciadas indevidamente pela "parcialidade, na época," de Young para com a reconciliação final – a crença de que a cruz e a ressurreição de Cristo realizaram a reconciliação unilateral de todos os pecadores (e de toda a criação) com Deus.James B. DeYoung, do Western Theological Seminary, um erudito em Novo Testamento que conheceu Young por vários anos, documenta a aceitação de Young quanto a uma forma de "universalismo cristão". A Cabana, ele conclui, "descansa sobre o fundamento da reconciliação universal".Apesar de que Wayne Jacobson e outros se queixam daqueles que identificam heresia em A Cabana, o fato é que a igreja cristã tem identificado, explicitamente, esses ensinos como heresia. A pergunta óbvia é esta: por que tantos cristãos evangélicos parecem ser atraídos não somente à história, mas também à teologia apresentada na narrativa – uma teologia que, em vários pontos, está em conflito com as convicções evangélicas?Os observadores evangélicos não estão sozinhos em fazer essa pergunta. Escrevendo em The Chronicle of High Education (A Crônica da Educação Superior), o professor Timothy Beal, da Case Western University, argumentou que a popularidade de A Cabana sugere que os evangélicos devem estar mudando a sua teologia. Ele cita os "modelos metafóricos não-bíblicos de Deus" no livro, bem como seu modelo "não-hierárquico" da Tridade e, mais notavelmente, "sua teologia de salvação universal".Beal afirma que nada dessa teologia faz parte das "principais correntes teológicas evangélicas" e explica: "De fato, essas três coisas estão arraigadas no discurso teológico acadêmico radical e liberal dos anos 1970 e 1980 – que influenciou profundamente os feministas contemporâneos e a teologia da libertação, mas que, até agora, teve muito pouco impacto nas imaginações teológicas de não-acadêmicos, especialmente dentro das principais correntes religiosas".Em seguida, ele pergunta: "O que essas idéias teológicas progressistas estão fazendo no fenômeno da ficção evangélica?" Ele responde: "Desconhecidas para muitos de nós, elas têm estado presente em muitos segmentos liberais do pensamento evangélico durante décadas". Agora, ele diz, A Cabana introduziu e popularizou esses conceitos liberais até entre as principais denominações evangélicas.Timothy Beal não pode ser rejeitado como um conservador e "caçador de heresias". Ele está admirado com o fato de que essas "idéias teológicas progressistas" estão "se introduzindo aos poucos na cultura popular por meio de A Cabana".De modo semelhante, escrevendo em Books & Culture (Livros e Cultura), Katharine Jeffrey conclui que A Cabana "oferece uma teodicéia pós-moderna e pós-bíblica". Embora sua principal preocupação seja o lugar do livro "num panorama literário cristão", ela não pôde evitar o lidar com a sua mensagem teológica.Ao avaliar o livro, deve-se ter em mente que A Cabana é uma obra de ficção. Contudo, é também um argumento teológico, e isso não pode ser negado. Diversos romances notáveis e obras de literatura contêm teologia aberrante e heresia. A pergunta crucial é se as doutrinas aberrantes são características da história ou são a mensagem da obra. Em A Cabana, o fato inquietante é que muitos leitores são atraídos à mensagem teológica do livro e não percebem como ela conflita com a Bíblia em muitos assuntos cruciais.Tudo isso revela um fracasso desastroso do discernimento evangélico. Dificilmente não concluímos que o discernimento teológico é agora uma arte perdida entre os evangélicos – e esse erro pode levar tão-somente à catástrofe teológica.A resposta não é banir A Cabana ou arrancá-lo das mãos dos leitores. Não precisamos temer livros – temos de estar prontos para responder-lhes. Necessitamos desesperadamente de uma redescoberta teológica que só pode vir de praticarmos o discernimento bíblico. Isso exigirá que identifiquemos os perigos doutrinários de A Cabana. Mas a nossa principal tarefa consiste em familiarizar novamente os evangélicos com os ensinos da Bíblia sobre esses assuntos e fomentar um rearmamento doutrinário de cristãos evangélicos.A Cabana é um alerta para o cristianismo evangélico. Uma avaliação como a que Timothy Beal ofereceu é reveladora. A popularidade desse livro entre os evangélicos só pode ser explicada pela falta de conhecimento teológico básico entre nós – um fracasso em entender o evangelho de Cristo. A tragédia de que os evangélicos perderam a arte de discernimento bíblico se origina na desastrosa perda do conhecimento da Bíblia. O discernimento não pode sobreviver sem doutrina.Caso queira comentar algum aspecto do artigo ou do próprio livro em questão, use o espaço de comentários do nosso blog, CLIQUE AQUI.Traduzido por: Wellington FerreiraCopyright:© R. Albert Mohler Jr.Traduzido do original em inglês: The Shack — The Missing Art of Evangelical Discernment.

As Maneiras e os Porquês do Todo-Poderoso

Allen M. Baker

Rev. Allen M. Baker é pastor da Christ Community Presbyterian Church em West Hartford (Connecticut)."Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça? Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito?" (Am 3.6).O enorme terremoto de 9.0 na escala Richter que abalou o Japão no dia 11 de março e o tsunami resultante, capturados tão espetacular e terrivelmente nos vídeos, produziu até 19 de março 18.000 mortes, não mencionando o possível desastre nuclear na usina de Fukushima, que poderia causar milhares de outras mortes.Como devemos ver essas coisas? São meros acidentes? É apenas um terremoto, ou seja, um fenômeno natural explicado apenas em termos científicos? Isso é um julgamento de Deus sobre o Japão, uma nação orgulhosa em que somente 1% dos habitantes são cristãos? Devemos nós, como um budistas pode fazer, apenas aceitar isso como destino, admitindo que ninguém pode controlá-lo, ou devemos simplesmente deixar para lá?Como em qualquer circunstância da vida, nossa única fonte é a Bíblia. E o que ela diz sobre catástrofes? João Calvino, em um comentário sobre Amós 3.6, diz que o som de uma trombeta recordava a Israel que Deus não fazia nada sem primeiro revelar seus segredos aos seus profetas. Nas palavras de Calvino: "O povo de Israel foi extremamente estúpido em não se arrepender depois de tantos avisos. Permaneceram em sua perversidade, embora tenham sido constrangidos pelos mais poderosos meios". Calvino prossegue e diz que Amós nos recorda que as calamidades não acontecem por acaso... que o governo deste mundo é realizado por Deus e que nada acontece senão pelo seu poder. A palavra (no hebraico rah) traduzida neste versículo por "mal" significa qualquer coisa adversa a nós. É a mesma palavra hebraica usada em Isaías 45.6-7, onde o profeta diz: "Eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas". A versão bíblica em português traduz "rah" em ambos os versículos pela palavra "mal". E faz isso em vários outros versículos: "a árvore do conhecimento do bem e do mal" (Gn 2.9); "Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal!" (Is 5.20); "e ficareis consolados do mal que eu fiz vir sobre Jerusalém, sim, de tudo o que fiz vir sobre ela" (Ez 14.22).Portanto, podemos descartar várias possibilidades quanto ao porquê da terrível devastação ocorrida no Japão. Primeira, isso não for mero acidente. Não foi apenas um terremoto que pode ser explicado em termos científicos. É claro que há uma explicação científica para o que aconteceu. De modo algum, os crentes devem depreciar os meios secundários que Deus designou. Deus opera pela maneira como criou e, agora, sustenta toda a sua criação (At 17.26). E a razão fundamental para catástrofes naturais é a queda no pecado realizada por Adão e Eva. Isso tornou o mundo rendido ao pecado, corrompido e necessitado de redenção, algo que Deus promete repetidas vezes em sua Palavra (Is 66.22-24; Rm 8.20-23; 2 Pe 3.13). Segunda, nós rejeitamos a explicação budista e sua conseqüente reação estóica. Certamente, devemos lamentar e entristecer-nos pela perda de vidas, bem como devemos orar pelo povo do Japão e pelos que realizam o trabalho de socorro. Devemos contribuir financeiramente para esse trabalho.No entanto, a catástrofe foi um julgamento de Deus sobre pessoas de coração duro e orgulhosas? É claro de Amós, Isaías, Ezequiel e todos os profetas que Deus trouxe julgamento sobre as nações de seus dias porque elas estavam longe dele, envolvidas em todas as maneiras de comportamento licencioso, ímpio e destrutivo, colocando-se a si mesmos contra Deus. Também sabemos que Paulo declarou que a ira de Deus é revelada (tempo presente, voz passiva, modo indicativo de apokalupto, de onde temos nossa palavra apocalipse) do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade pela injustiça (Rm 1.18). Em outras palavras, Deus está sempre trazendo sua ira ao mundo porque persistimos no viver ímpio. Mas, podemos dizer sem equívocos que Deus está julgando o Japão por causa de rejeição perpétua das ofertas de graça por meio de muitos japoneses crentes e missionários que trabalham diariamente para levar o Japão a Cristo?Para responder essa pergunta, precisamos primeiramente considerar uma situação semelhante trazida à atenção de Jesus. Em Lucas 13.1-5, falaram a Jesus sobre alguns galileus cujo sangue foi misturado, pelo ímpio Pôncio Pilatos, com os sacrifícios que eles realizavam. E, por uma boa medida, esses indagadores de Jesus queriam o que ele pensava sobre o recente acidente de construção em que dezoito pessoas foram mortas quando uma torre desabou sobre eles. A pergunta era: "Você acha que esses galileus eram maiores pecadores do que todos os outros galileus porque sofreram esse destino? E os que morreram no acidente de construção eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?" Adequando essa pergunta ao nosso contexto moderno, diríamos: a nação japonesa é mais ímpia e merecedora do julgamento de Deus do que somos nos Estados Unidos ou na Inglaterra? Aqueles que morreram no terremoto, no tsunami ou de exposição à radiação eram mais ímpios do que nós o somos? A maneira como Jesus respondeu essas perguntas nos dá a resposta que precisamos em nossa situação específica. Jesus disse aos seus questionadores: "Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis". O que Jesus estava dizendo? Estava respondendo as perguntas por focalizar-se no que julga mais importante. A questão não é quão ímpias essas pessoas tinham sido. Elas não eram mais ímpias do que qualquer outra pessoa. Quando comparados com a lei de Deus, descobrimos que ninguém é justo, nem mesmo um (Rm 30.10, ss.). Temos uma tendência de especular sobre essas coisas, mas elas não são a preocupação no coração de Jesus. Ele muda o assunto diretamente para seus questionadores, procurando incutir-lhes a verdade de que, se não se arrependessem, todos pereceriam igualmente.Portanto, devemos ver qualquer catástrofe como uma chamada de "despertamento" divina e graciosa. Devemos ver a Deus em todas essas coisas. Essas calamidades servem como advertências para que todas as pessoas parem e perguntem a si mesmas: "E se meu carro, com meu querido filhinho dentro, tivesse sido levado pelas ondas gigantes de cinco metros de altura, enquanto o limpador de pára-brisa traseiro limpava o vidro? O que nos teria acontecido? Aonde iríamos depois da morte? Essas são as perguntas que nós e todas as pessoas devemos fazer a nós mesmos! Não podemos dizer com certeza que Deus está executando vingança sobre o Japão. Evidentemente, Deus fez isso a nações, conforme as Escrituras, e isso deixa claro o princípio bíblico de que ele está revelando continuamente sua ira no mundo. É melhor deixarmos essas questões nas coisas secretas de Deus (Dt 29.29).E por que Deus mostra seu magnífico e grandioso poder de maneiras terríveis? Em última análise, ele faz tudo para o louvor e glória de sua graça (Ef 1.3-14); e, freqüentemente, suas maneiras grandiosas e terríveis humilham as pessoas e nações, atraindo muitos a Cristo, para obterem a salvação eterna. Lembro-me da haver orado pela Nicarágua depois do terremoto de 1973, pedindo a Deus que trouxesse aquelas queridas pessoas a Cristo como resultado da devastação. Quase imediatamente após o terremoto, milhões de nicaragüenses começaram a vir a Cristo, e o movimento continua até hoje. Que Deus faça essa mesma obra no Japão. E, por favor, ore pelo Japão, pela igreja japonesa, por seus pastores e missionários nativos que têm labutado fielmente, durante tantos anos, e visto tão pouco fruto. Talvez essas coisas aconteceram num tempo como este para que haja uma grande colheita de almas nesta nação que tem feito tanto no aspecto econômico, mas permanece nas trevas do xintoísmo e do culto aos ancestrais.Traduzido por: Wellington FerreiraCopyright© Allen M. Baker Copyright© Editora Fiel 2011Traduzido do original em inglês: The Ways and Whys of Almighty God  – Extraído do site The Banner of Truth.O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright.

Cultos Agradáveis aos Incrédulos

"Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem." Ef 4:29

Cultos Agradáveis aos Incrédulos

Geoffrey Thomas

Um amigo me contou o que aconteceu à sua esposa, quando se vestia em determinada manhã. Ele observou que ela abotoou o casaco colocando o primeiro dos botões na segunda casa e assim sucessiva- mente, por treze vezes. Por fim, descobrindo que um dos botões havia sobrado, ela percebeu o que estivera fazendo. “Quantos erros ela tinha cometido?”, ele se perguntou. “Um ou treze? Treze, porque ela tinha co-metido um erro fundamental no começo.”Este mesmo princípio é verdadeiro no que se refere à adoração: os crentes cometem o erro fundamental de crer que o propósito de reunirem-se aos domingos é a evangelização. Em seguida, os crentes avaliam tudo que compõe nosso culto à luz dos incrédulos que podem estar por acaso em nosso templo ou por terem sido convidados. Nada deve intimidá-los, ameaçá-los ou iludi-los. E, visto que eles não conhecem o sentido das palavras ou as melodias de nossos hinos, é recomendável a adoração na forma de cânticos de grupos musicais. O conceito de leitura pública de um livro que desconhecem é totalmente estranho para eles. Portanto, se houver leitura, tem de ser bem curta. Igrejas mudam a Ceia do Senhor para uma reunião particular no domingo pela manhã ou na quarta-feira à noite. As orações devem ser curtas e simplistas, bem como o sermão, que deve abordar assuntos que interessam aos incrédulos, tais como: solidão, maridos ausentes, falta de esperança, falta de contentamento, mágoas, dificuldade de criar adolescentes, e como lidar com tais problemas. A partir desta reunião de domingo, os incrédulos devem sentir-se encorajados a participar de pequenos grupos de estudo e de um curso sobre as doutrinas em que nós cremos. E somos fortemente encorajados a acabar com a forma de adoração a Deus que temos praticado por muitos anos.No entanto, todas estas idéias mudarão, se cremos que nossa adoração está centralizada em Deus, que se revelou através da Bíblia. Nossa preocupação será agradar este grande Deus. Como devemos nos aproximar dEle? Somente por intermédio do nome do Senhor Jesus Cristo (temos de deixar isso bem claro); somente por meio de seu sangue e sua justiça; depois, com confiança exultante, mas também com reverência e piedoso temor. Quando o Filho de Deus orou, Ele mesmo se ajoelhou na presença do Deus que é fogo consumidor. Se alguém tinha direito de ser informal e casual com seu Pai, este alguém era Jesus de Nazaré. O Senhor Jesus nunca magoou seu Pai, mas se prostrava quando falava com Ele. Tudo o que fazemos e dizemos tem de ser agradável a Deus, ou seja, o Senhor Deus está ciente até do que se passa no íntimo daqueles que ofertam pequenas moedas; Ele se deleita com a alegria que demonstramos na administração de nossos talentos e em tudo o que fazemos. Nosso louvor e orações precisam estar de acordo com as Escrituras, e, acima de tudo, a Palavra pregada tem de servir ao propósito de agradar a Deus, porque o sermão é o aspecto mais importante da adoração, visto que através dele o Criador do universo fala a seres insignificantes. A mensagem, tanto em seu conteúdo quanto em seu significado, deve proporcionar aos in- crédulos que foram atraídos ao culto o conceito exato a respeito de quão glorioso Ser é o Deus vivo — Pai, Filho e Espírito Santo — terrível em seu poder, incomparável em sua glória e extraordinariamente gracioso.Não existe qualquer indício de que a Igreja tem uma chamada para afagar as emoções dos incrédulos. Os líderes da adoração não podem dizer: “Bem, sabemos que vocês não estão interessados na vida e na morte do Senhor Jesus Cristo. Por isso, temos algo mais para vocês”. Na verdade, não temos algo mais, além de Cristo. Temos de ser ab-solutamente claros e unânimes sobre isso, na congregação e no púlpito. Se eles não querem nosso Salvador, não podemos substituir a mensagem com maneiras de temperarem seu casamento, assim como não podemos utilizar um culto musical, coreografia ou regras de procedimento, para tornar mais agradável o seu trabalho no escritório, ou oferecer um curso sobre a vida de solteiros. Tudo o que temos a oferecer-lhes é um Profeta que os ensinará, um Cordeiro que removerá a culpa deles e um Pastor que os guiará e os protegerá.Nossa própria vida tem de ser tão semelhante à de Cristo quanto possível, especialmente quando nos reunimos. Nós nos reunimos para encorajar uns aos outros a viver como imitadores de Deus. Precisamos ser irrepreensíveis em nosso vestir, nossa linguagem, nosso uso do tempo, nossos relacionamentos ou mesmo em nosso humor, a fim de sermos conhecidos como aqueles que desejam agradar o Jeová Jesus em todas as coisas; e nosso evangelismo está fazendo com que o mundo perceba isto e saiba por que cremos nisto. Os incrédulos descobrem que estão na companhia daqueles que têm como objetivo principal o glorificar a Cristo.Odiamos qualquer coisa que não deixe isto bastante claro para eles; como, por exemplo, uma forma de adoração vazia que não tem qualquer significado. Queremos que nossas palavras sejam cheias de sentimentos e de afeições de temor a Deus. Linguagem popular e simplista é menos importante do que uma linguagem com elementos mais profundos e eficazes. Sempre ficamos comovidos quando as pessoas nos falam, de modo tão amável e trans- parente, a respeito do Salvador e de seu amor por elas, o que demonstra que abandonaram sua maneira frívola e irreverente de falar. Apreciamos muito isso; e trememos no que diz respeito a quaisquer tentativas que insistem em que nossa maneira de expressão no culto deve ser a linguagem comum de nosso dia-a-dia. Essa linguagem pode ser correta para a comunicação corriqueira com os outros, mas não para expressar as maravilhas de tão grande salvação. Se o estilo e a maneira de nos expressarmos, quando nos reunimos na presença de Deus, são aqueles mesmos que os in- crédulos ouvem entre eles, no escritório ou em seu ambiente educacional, então, falhamos em alcançá-los. Nós, aqueles a quem o Senhor buscou e salvou, somos sensíveis às verdadeiras necessidades dos incrédulos. Portanto, se empregarmos qualquer coisa vulgar e superficial, estaremos cometendo o pecado de sugerir-lhes uma deidade indigna da atenção deles. Conseqüentemente, nossa adoração tem de ser simples, espiritual, calorosa, reverente, substancial, caracterizada por orações espontâneas, com hinos de mensagem profunda; uma adoração que terá como clímax a pregação expositiva; uma adoração apoiada em formas que rapidamente obtêm familiaridade com o que é divino; então, estes se tornam os melhores meios de conduzir as pessoas a Deus, a quem servimos, e de impedir que a atenção delas se prenda na observação de um pregador engenhoso que lhes esteja falando.