domingo, 26 de outubro de 2014

Ef 5.3-14 - Através da Bíblia - Uma vida agradável a Deus

Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia". Você que tem nos acompanhado sabe que temos seguido adiante com o nosso projeto de estudar toda a Palavra de Deus publicando os comentários que fazemos a partir dos nossos estudos. Fazemos isso porque Deus tem nos chamado para proclamar com integridade a Sua genuína Palavra e porque vocês têm escrito compartilhando sobre o privilégio de termos um programa com interpretações seguras e relevantes. As correspondências que vocês enviam demonstram carinho e amizade cristã. Quero incentivá-lo a nos escrever sobre suas boas experiências no estudo da Palavra. Foi sobre essas experiências que recebemos uma carta do AVPNeto da cidade de Francisco Sá em MG que nos disse: “Amado irmão em Cristo Itamir Neves. O Através da Bíblia tem me ensinado muito e principalmente tirado muitas dúvidas. Estou recém convertido e agradeço a Deus por ele. Deus tem me abençoado através da RTM. Sou um presidiário e me encontro na Penitenciária de Segurança Máxima, e com fé em Deus serei liberto ainda este ano. Parabenizo a todos da RTM por esse ministério”. Querido irmão, louvamos a Deus por sua vida e por compartilhar conosco o seu testemunho. Oramos para que Deus te encaminhe com segurança nos seus próximos passos e que você permaneça firme na nova vida que ele te concedeu. Certamente você perceberá como é bom ter Jesus na direção da sua vida! Também agradecemos a sua disposição em orar por nós e é para isso que temos convocado a todos vocês, a se unirem em oração em nosso favor. É exatamente para orarmos que te convido agora. Vamos orar: “Pai querido, obrigado pela tua direção e pela misericórdia que tu nos dás. Pedimos a iluminação do Teu Espírito para o programa de hoje. Que ele sirva para edificação de cada um dos nossos ouvintes. Senhor dirija os passos do teu filho AVPNeto e fortaleça-o nesse início de vida cristã. Pai pedimos isso baseados na Tua misericórdia, em nome de Jesus. Amém”.
Querido amigo hoje o nosso alvo é estudarmos Efésios 5.3-14. Esse é um texto que vai nos mostrar mais uma vez a diferença que deve existir em nossas vidas a partir do encontro que tivermos com Cristo.
Mas, vamos ler o texto bíblico que servirá como base para os nossos comentários. Se você tiver oportunidade abra a sua Bíblia em Efésios 5 e vamos ler os versos 3 a 14. Diz assim a Palavra de Deus:
[3 Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; 4 nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices, coisas essas inconvenientes; antes, pelo contrário, ações de graças. 5 Sabei, pois, isto: nenhum incontinente, ou impuro, ou avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. 6 Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. 7 Portanto, não sejais participantes com eles. 8 Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz 9 (porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade), 10 provando sempre o que é agradável ao Senhor. 11 E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. 12 Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha. 13 Mas todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz. 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará.]
Muito bem, depois de lermos esse texto tão prático, podemos perceber que ele é desafiador. E, quando lemos todo o texto há uma frase que se destaca e aparece no verso 10: [Provando sempre o que é agradável ao Senhor.] Para imitar a Deus, temos que ser absolutamente puros, pois ele é puro (veja 1Pd 1.14-16). Filhos de Deus que não aprendem a deixar a impureza para praticar a justiça são desobedientes e não terão nenhuma herança no reino dele (5.3-6).
Os verdadeiros filhos de Deus não participam mais das obras da desobediência e das trevas, porque andam como filhos da luz, andam no Senhor (5:7-8). Andar como filhos da luz significa que estamos "provando sempre o que é agradável ao Senhor" (5:10). Se seguirmos os nossos próprios desejos e fizermos o que achamos agradável ao Senhor, não andamos como filhos da luz. Se quisermos agradar ao Senhor, temos que ler, entender e fazer o que ele revelou na Palavra. Nossa única maneira de sabermos o que agrada ao Senhor é conhecermos e praticarmos o que ele diz ser agradável a ele (veja 3:4). Quando praticamos o que foi revelado, andamos na luz de Cristo e deixamos a sua luz brilhar em nós, despertando outros da escuridão do pecado (5:11-14). Quando analisamos este texto com profundidade, podemos sintetizá-lo e colocar como seu título a seguinte frase:
UMA VIDA AGRADÁVEL AO SENHOR
EF. 5.3-14
Introdução
Querido amigo, como vimos nos programas anteriores uma das exigências da nova vida é demonstrarmos amor para com Deus, para com os irmão e para com as pessoas ainda não são cristãs. Mas, para andar em amor, temos de abandonar as obras da carne, que não mostram amor para com o nosso santo Deus e nem para com o nosso próximo, seja ele cristão ou não. Paulo é muito veemente a recomendar que rejeitemos essas obras más, pois ele diz que esse proceder antigo, que essas obras da carne (Gl 5.19-21) [...nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos (3)]. No passado, andávamos no pecado praticando coisas inconvenientes que não pertencem a nova vida. Não devemos sentir orgulho, nem achar engraçadas as coisas do passado. Rejeitemos o velho homem por completo. Podemos ser lavados de tais pecados (1Co 6.9-11), mas sem a justificação que vem de Jesus, não teríamos nenhuma esperança de entrar e participar no reino de Deus.
Alguém pode tentar nos enganar, minimizando o significado destas práticas. E, de fato, o mundo está cheio de pessoas que sugerem que alguns pecados são comuns, normais, até bons. Deus não considera essas práticas aceitáveis. Não! Tais pratica, tais pecados, trazem a ira dele sobre as pessoas que os cometem.
A única solução para o problema é apresentada por Paulo: [Portanto, não sejais participantes com eles. (7)]. Não podemos fazer acordos com o pecado ou servir Cristo ao mesmo tempo. Temos de deixar o pecado e nos dedicar somente ao Senhor. Como o próprio Senhor Jesus disse: não adianta chamarmos ele de Senhor, Senhor e não fazermos o que ele nos manda.
Por isso, em resumo podemos dizer que esse texto nos apresenta a seguinte proposição:
Somente quando substituímos o passado indigno pelo presente digno conseguimos viver de modo agradável ao Senhor.
Neste texto encontramos sete características da vida que agrada a Deus.
1. Esta vida se caracteriza por não viver no padrão dos que não herdarão o reino de Deus, vs. 3-5
O que Paulo está pedindo é para que rejeitemos a participação na vida de trevas. Pelo contrário, devemos viver em santidade. Paulo é tão incisivo que diz que não devemos sequer mencionar algo sem pudor, impuro, e cobiçoso (3). A palavra “impudícia” quer dizer aquilo que é impuro, imoral, lascivo. É o que há de mais degradante na vida secular. São desejos impuros e sujos. Paulo nos exorta a vida de pureza, para uma vida limpa em nossos pensamentos. Você sabe quanta impureza pode entrar na vida de uma pessoa. Se pudéssemos ver o que existe dentro da mente humana ficaríamos horrorizados. Muitas mentes são alimentadas diariamente de muitas formas, através de revistas, programas de rádio, de televisão, além da própria busca pelas coisas imundas que podem ser encontradas em muitos lugares. É verdade que muitos dessas cenas impuras estão por aí reproduzidos em livros, em revistas, em peças teatrais, em filmes e novelas. E mesmo sabendo que são coisas horríveis, desagradáveis a Deus, muitos crentes ainda enchem suas mentes com esses pensamentos impuros. O apóstolo Paulo descreveu muito bem esse quadro horripilante. Ele diz que os homens que não tem o temor de Deus estão mortos nos seus delitos e pecados. Uma pessoa morta é um cadáver, não é verdade? São cadáveres, corpos sem vida moral e espiritual. A palavra “chocarrice” pode significar aquelas piadas grosseiras, que tem o sexo como tema. Ao invés de chocar com gracejos imorais, o cristão deve ter palavras de gratidão, pavras que tragam edificação. A boca que usávamos no passado para falar coisas vãs e profanas serve agora para agradecer ao Senhor, deve servir para edificar os irmãos. E, ainda neste verso 4, Paulo passa da imoralidade para a vulgaridade, e esse não deve ser o proceder do cristão. No verso 5 Paulo alista aqueles que não herdarão o reino de Deus. Ouça o significado das palavras usadas aqui: 1) incontinente: a palavra grega (pornos) traz o sentido de fornicador ou pessoa imoral. 2) Impuro: literalmente, uma coisa não lavada ou não purificada. Precisamos ser lavados em o nome de Jesus (1Co 6.11). 3) Avarento: aquele que deseja adquirir mais e mais coisas, especialmente desejando aquilo que pertence aos outros. Os bens materiais se tornam seu ídolo dessas pessoas (veja Cl 3.5). Mas, sobretudo, como cristãos, temos que saber, temos que lembrar e temos que avisar que as pessoas que continuam praticando essas obras da carne não terão herança no reino de Deus e de Cristo.
2. Esta vida se caracteriza por não ser enganado por palavras lisonjeiras, vs. 6-7
O verdadeiro cristão deve saber da certeza do julgamento. Os impuros, os pecadores, não herdarão o reino de Deus. Sabe por que? Porque estão provocando Deus à ira. O cristão sábio e maduro não participa com os desobedientes. O cristão maduro não se deixa enganar pelas palavras vãs. Essa advertência de Paulo tem razão de ser, por que o mal se aproxima de cada um de nós com roupagem bonita. O mal nunca se apresenta agressivamente. Podemos ser enganados se não estivermos atentos à Palavra de Deus. Um exemplo disso ocorre em nossos dias. A Bíblia chama de adultério a relação sexual ilícita entre pessoas casadas, mas as pessoas que não seguem o padrão divino, insistem em chamar esse comportamento de “caso”. Tentam suavizar, mas, para Deus, é adultério mesmo. A Bíblia diz também que é proibida a relação sexual antes do casamento, mas até entre crentes encontramos pais que permitem seus filhos terem vida sexual ativa, apenas para poderem ter uma experiência, para saberem como agir quando casado. Esses são enganos para os quais devemos estar muito atentos.
3. Esta vida se caracteriza por não ser mais trevas, mas ser luz no Senhor, vs. 8
Ser luz no Senhor significa manifestar os frutos da luz. O andar é novo: andamos como filhos da luz. Passamos das trevas para a luz. Éramos trevas, mas agora somos luz. O nosso andar, o nosso caminhar é na luz . Caminhamos na luz porque não deve haver nada para escondermos de quem quer que seja. Os que ainda não tem Cristo, como Senhor de suas vidas preferem a escuridão, preferem as trevas, porque elas encobrem as suas obras más, as suas imoralidades, assim como Jesus disse em Jo 3.19-21.
4. Esta vida se caracteriza por não ser mais filhos da desobediência e ira, mas ser filhos da luz, vs.8-9 (2.2-3)
No inicio do capítulo dois Paulo mostrou que, por estarmos mortos em delitos e pecados, porque estávamos seguindo o curso desse mundo, do diabo, da nossa antiga natureza e dos nossos pensamentos, que eram fúteis, na verdade andávamos no pecado. Porém, depois que Jesus entrou em nossa vida, o nosso viver é diferente. Agora andamos como filhos da luz. Quando nos lembramos de como era a sociedade daqueles dias, fica claro porque Paulo pediu esse procedimento transparente. Haviam aqueles que interpretaram mal a graça de Deus. Eles afirmavam que, se a graça de Deus é tão abrangente que cobre, multidão de pecados, se a graça de Deus pode eliminar qualquer pecado então poderiam pecar para que a graça fosse ainda mais abundante (veja Rm 6). Mas, esse era um argumento originado no reino das trevas. O cristão que vive no reino da luz, o cristão que é luz, no Senhor não aceita esse argumento. Esse é o viver de quem desobedece a Deus e, portanto está sob a ira de Deus. Por isso, o que é louvável e atrai a alegria é andar na luz porque esse novo andar deve ser um andar frutífero.
5. Esta vida se caracteriza por não andar de modo infrutífero, mas por produzir os frutos da luz, vs. 9-11
Aqui temos o contraste entre as obras infrutíferas (11) e o fruto da luz (9-10). Sendo que as obras infrutíferas das trevas devem ser reprovadas, o fruto da luz se torna agradável ao Senhor. Ser filho da luz é provar aquilo que é agradável ao Senhor. O nosso compromisso é agradar o Senhor e não mais nos associar com as obras infrutuosas das trevas. Mesmo que corramos o risco de perdermos nossas posições, ou até o emprego, não podemos fazer a vontade das trevas. Temos sim é que buscar a vontade de Deus. Uma vida frutífera no Senhor fará com que frutos da luz sejam vistos pelos que convivem conosco. E toda a gloria será dada a Deus. Foi Jesus quem disse que os homens vendo as nossas boas obras, os frutos da luz, iriam e vão glorifica o nosso Deus que está nos céus!
6. Esta vida se caracteriza por não agir ocultamente, mas agir de modo transparente, vs. 12-13 (Jo 3.18-21)
A vida daqueles que estão sem Cristo é padronizada por obras, feitos e realizações que são feitas no oculto. Essas realizações não devem nem ser mencionadas, de tão pecaminosas que são. Até mencioná-las é vergonhoso. Paulo faz o contraste entre as obras ocultas (12) e todas as obras manifestas (13). O crente deve aprender que tudo aquilo que não queremos que se manifeste, que tudo aquilo que não queremos que os outros vejam são obras más, que, certamente não devem ser desejadas por nós, nem sequer devem ser mencionadas. Nenhuma decisão, nenhuma prática deve ser feita quando há algo oculto que não possa ser revelado. Quando temos mistérios, quando temos esquemas que não estão claros a todos, quando temos segredos, nos negócios e nas atitudes é sinal de que essas não são práticas recomendáveis a nós cristãos. O cristão que vive dignamente deve fazer um propósito diante de Deus de nunca aceitar ou concordar com aquilo que não pode ser transparente.
7. Esta vida se caracteriza por não dormir ou morrer, mas viver na luz de Cristo, vs. 14.
Paulo termina esse parágrafo tão prático, como que resumindo tudo o que ele nos disse até agora. Ele faz uma citação muito interessante. De novo eu cito literalmente o verso quatorze para podemos entender bem o que Paulo quis dizer. As suas palavras foram: [Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará.] Essa palavras são provavelmente um fragmento de um primitivo hino da igreja cristã que era entoado nos cultos e nas celebrações coletivas.
Como nos diz Barclay (1973, p. 173) é bem provável que esse hino era um cântico entoado na ocasião de um batismo. Normalmente se batizavam adultos. E esses adultos eram pessoas que tinham tido um tipo de vida completamente diferente daquele planejado por Deus para o ser humano. Por isso quando havia batismo significava a passagem do paganismo para o cristianismo. Quando se levantava o novo cristão das águas essas palavras eram cantadas, para simbolizar o ressurgimento do novo cristão, saído de uma vida tenebrosa das trevas, para um vida radiante com Cristo. Era um testemunho de uma mudança de uma transformação radical, operada pelo Senhor Jesus Cristo, na vida daquele convertido.
As trevas, o dormir e a morte foram e são derrotados por Cristo, a verdadeira luz. A dormência e morte foram e são substiuídos por uma vida iluminada por Cristo. Essa vida deve ser demonstrada e percebida por todos que convivem conosco.
Voce está disposto a viver dessa maneira?
Que o Senhor o abençoe!

© 2014 Através da Biblia

Ef 5.1-2 - Através da Bíblia - Imitadores de Deus

Olá amigo estamos iniciando mais um programa da série Através da Bíblia e nos sentimos muito contentes por que você está nos dando o privilégio da sua audiência. Você que tem nos acompanhado durante essa nossa jornada diária sabe que já estamos perto da metade do nosso projeto que é estudar toda a Bíblia em cinco anos, e também publicar os comentários que fazemos a partir do programa. É um projeto desafiador, mas o Senhor tem nos abençoado e certamente nos dará condições de levarmos adiante o estudo da Sua Palavra. Parte da certeza de que estamos caminhando com segurança vem de vocês mesmos, que tem nos acompanhado desde o inicio. As correspondências que vocês nos enviam nos mostram que estamos caminhando na direção certa. E, nesse sentido eu registro a carta que o irmão ES nos enviou da cidade de Bilac no estado de São Paulo. As suas palavras foram as seguintes: “Gostei muito das exposições e palavras dos programas de Salmos. Que jamais lhe falte a palavra viva que transforma coração de pedra em coração de carne e que o Espírito de Deus mova-se sempre no meio de vocês. Pr. Itamir ouvi este programa trabalhando no sítio, o irmão explicava sobre os salmos 19-21. Foi maravilhoso o seu comentário. Que Deus abençoe e o irmão e todo pessoal da RTM”. Querido amigo, obrigado por você compartilhar conosco o seu testemunho e o valor dos nossos programas. Nós louvamos a Deus que tem nos usado este programa para atingir muitas vidas. Bendizemos o Senhor por sua graça e misericórdia em nos usar. Agora quero convidar você e a todos os que estão me ouvinto nessa hora a buscarmos a presença de Deus numa palavra de oração: “Pai querido chegamos à tua presença agradecidos pelo privilégio de podermos falar contigo e termos certeza que tu ouves as nossas orações. Queremos te pedir que, conforme a tua vontade o Senhor atenda o anseio que vai em todos os corações que te buscam nessa hora. Pedimos-te também a iluminação do Teu Espírito para essa hora de estudo e pedimos a tua bênção sobre todo o projeto de estudarmos a tua Palavra. Oramos em nome de Jesus Cristo, Amém!
Querido amigo, hoje temos como alvo estudarmos os dois versos iniciais do capítulo cinco de Efésios. Vamos estudar Efésios 5.1-2.
Para iniciarmos os nossos comentários gostaria de chamar a sua atenção para a leitura que farei desse dois versos:
[1 Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; 2 e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.]
Esse texto é bem objetivo, é muito claro e ao mesmo tempo é desafiador. Quando sintetizamos esse texto podemos dar-lhe o seguinte título:
O VIVER DIGNO
EF. 5.1-2
Introdução
No relato que Mateus faz das palavras de Jesus ele menciona, no Sermão do Monte, o seguinte dito do nosso Senhor: [Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte (Mt 5.14).] Por que? Porque a cidade edificada sobre um monte chamará a atenção de todos que passarem por lá. Será notada por todos uma construção feita num lugar visível a todos. Assim também acontece com a vida do cristão. Assim também acontece e deve acontecer com a vida da igreja cristã. A igreja não pode se esconder. Os homens vêem o que ela faz de bom ou de ruim. A igreja está ai sendo vista por todas as pessoas. Por isso a nossa presença no mundo deve ser cuidadosa e deve produzir um bom testemunho ao nome de Cristo. Quando a nossa sociedade olha para nós como cristãos, individualmente, e quando vos vê em nossa coletividade, como igreja, a sociedade percebe se temos sido um fator positivo ou negativo para a própria sociedade. É por isso que a Palavra de Deus se preocupa a respeito de como devemos nos comportar no mundo. E a razão dessa preocupação é uma só: cada um de nós e todos nós levamos o nome de Cristo junto conosco.
Como temos visto nos últimos programas, desde o inicio do capítulo quatro Paulo está mostrando como deve ser o comportamento do cristão. Como deve ser o viver digno daquele que foi transformado por Cristo. A partir deste capítulo Paulo, na parte pratica da carta, mostra-nos a necessidade de termos uma conduta, um comportamento, atitudes, princípios e valores diferenciados. Mas, por que essa ênfase toda? A resposta é simples e, já a temos elaborado em nossos últimos encontros. É na conduta diária, é na nossa vida corriqueira do dia-a-dia que mostramos quem realmente somos. É na nossa vida cotidiana que mostramos a mudança que Cristo fez em nossas vidas. Aplicando as palavras do ditado popular ao tema que estamos tratando, podemos dizer: “Diga-me o que fazes a cada instante do seu dia, diga-me onde vais quando estás sozinho e diga-me o que pensas no oculto do seu coração, que eu te direi que tipo de cristão é você”. O mundo pode ter uma idéia bonita sobre você se ele só observar o seu comportamento, mas e o seu interior? Precisamos ser francos conosco mesmos. Precisamos tomar uma decisão de vivermos sob princípios e valores espirituais. Precisamos decidir por uma ética pessoal e coletiva que demonstre a transformação que Jesus nos proporcionou. Precisamos mostrar à sociedade que não apenas no comportamento ou nas palavras somos cristãos. A sociedade, aqueles que nos cercam precisam perceber que nós somos assim, somos novas criaturas, nascemos de novo, somos transformados, de dentro para fora.
Assim como ele demonstrou na carta aos gálatas (Gl 5.16), aqui também, nessa carta aos efésios (5.18) ele nos mostrará que essa nova vida só acontecerá através da ação do Espírito Santo em nossa vida. Mas, é bom lembrarmos que é através da parceria Espírito Santo/Cristão; cristão/Espírito Santo é que essa vida será produzida. Não somos nós que sozinhos teremos capacidade para produzir essa transformação radical; mas por outro lado, não é o Espírito Santo sozinho que tem a capacidade de efetuar essa transformação em nossas vidas. Só através do trabalho conjunto cristão Espírito Santo/cristão; cristão/Espírito Santo, é que o mundo verá que fomos e somos transformados na semelhança do nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso, é que podemos dizer, que este texto nos desafia, e portanto, seu resumo para nós é o seguinte:
Somente quando tivermos como alvo um viver digno o mundo reconhecerá o papel transformador da presença de Jesus Cristo em nossas vidas:
Nestes dois versos encontramos cinco características do viver do cristão que tem como alvo andar dignamente.
A 1ª característica do viver digno é ser um imitador de Deus, vs. 1
E, é importante lembrarmos que Deus é amor (1Jo 4.8). E, se Deus é amor, é amando que devemos imitá-lo. Quando Jesus estava entre nós, deixou-nos principios marcantes para vivermos de modo diferenciado. Esses princípios devem caracterizar cada um de nós cristãos. Todos esses princípios foram apresentados em contraste com aquilo que era a vida estabelecida na sociedade judaica. E num desses princípios ele proclamou: [Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste (Mt 5.43-48).] Quando Paulo encorajou os efésios a serem imitadores de Deus, estava apenas refletindo aquilo que o próprio Senhor Jesus já tinha dito muitos anos antes.
Mas é possivel imitar a Deus? Qual das suas características devemos imitar? Se Deus é amor, qual a principal característica dele você, que devemos imitar? É...! Devemos imitar Deus que é amor. É difícil imitar o amor de Deus? Já no Antigo Testamento temos um exemplo sobre o qual vale a pena refletirmos, que prova como podemos amar, como podemos imitar a Deus.
Os sírios tentavam sempre destruir os israelitas, e até armavam emboscadas contra eles. Quando os sírios vieram para matar o profeta Eliseu, sem perceber foram levados para a cidade de Samaria. Sem perder tempo o rei perguntou a Eliseu se já podia matar a todos, mas lemos nesta passagem que o profeta fez algo muito estranho e contra os princípios naturais do rei. [Põe-lhes diante pão e água, para que comam e bebam, e se vão para seu senhor. Preparou-lhes, pois, um grande banquete; e eles comeram e beberam; então ele os despediu, e foram para seu senhor. E as tropas dos sírios desistiram de invadir a terra de Israel (2Rs 6.22-23)] Diz a Bíblia que, depois disto, os sírios desistiram de invadir a terra de Israel. Isto revela-nos porque Eliseu tinha tanto poder de Deus sobre ele. Porque ele amava. Eliseu agiu como Deus; Eliseu imitou a Deus: ele amou! Ele sabia que o amor era mais importante, que a morte dos seus inimigos. Por isso João, o apóstolo do amor disse: [Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus, e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor (1Jo 4.7-8)]
Se Deus é mais importante que os seus adversários, então ame-os como Deus os ama, ore para que tudo vá bem na vida dessas pessoas. O poder de Deus se manifesta em nossas vidas quando andamos em amor. Este amor já foi derramado nos corações daqueles que são filhos de Deus, pelo Espírito Santo. [...e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5.5).]
A 2ª característica do viver digno é ser um filho amado, vs. 1
Na vida natural, os filhos trazem a aparência da família e a obrigação de proteger o bom nome de todos. Na vida espiritual, como filhos amados, devemos manifestar o nosso Pai ao mundo e andar de maneira digna dele ( MACDONALD, 2008, p.641). Como filhos, devemos refletir em nosso viver o caráter de Deus, nosso Pai e o caráter de Jesus Cristo, o nosso irmão mais velho. Quando Paulo fala de imitar a Deus, ele está dizendo exatamente isso: só devemos ter a Deus, o Pai nosso como nosso modelo. Nenhum outro modelo é válido e merece que o copiemos. Quando Deus percebe que estamos interessados em imitá-lo ele nos considera como filhos amados. Aqueles que são filhos amados querem sempre fazer a vontade do Pai. Jesus era um filho amado, pois ouviu exatamente essa expressão do Pai: [Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo (Mt 3.17)] E, ele ouviu essa confirmação pois a sua vontade era fazer obedecer o Pai. Foi isso que ele disse aos seus discípulos, já no início do seu ministério: [A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra (Jo 4.34).] Eu e você somos desafiados a vivermos como filhos amados!
A 3ª característica do viver digno é andar em amor, vs. 2
Andar em amor, deve ser um modo de viver. Um dia quando estivermos com Jesus, os dons espirituais, já não existirão, mas o amor continuará por toda a eternidade, porque Deus é amor e este amor, assim como Deus é eterno. Paulo é quem se referiu a esse amor eterno: [O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá...(1Co 13.8)]
Quando falamos de amor, precisamos entender que existem diferentes significados para a palavra amor. Temos o amor fileo, o amor eros e o amor ágape. 1) Amor fileo, é o amor humano, A pessoa retribui o amor na medida de amor que recebe. As pessoas amam-se umas as outras de acordo com os favores que recebem dos outros. 2) Amor eros, este amor está relacionado com a parte sensual e sexual. Hoje em dia, quando se fala de amor, logo se pensa em sexo. 3) Amor ágape, é o amor de Deus, ele é incondicional, independente de uma resposta positiva. Não busca os próprios interesses. Este amor fala em amar as pessoas como elas são, sem levar em consideração o que as pessoas fizeram ou fazem contra nós. Este amor não está baseado em sentimentos, nem interesses pessoais. Deus nos amou desta maneira, não levou em conta as coisas desagradáveis que fazíamos aos seus olhos, e nos perdoou em nosso arrependimento, nos reconciliando com ele. O amor ágape considera uma pessoa valiosa e preciosa, independentemente da sua maneira de ser, daquilo que ela é ou faz. Paulo dá uma clara descrição desse amor em 1Co 13.4-7. Se você amar alguém, será leal para com ele, custe o que custar. Sempre acreditará nele, sempre esperará o melhor dele, e sempre se manterá em sua defesa. Quando o Apóstolo Paulo escreveu “andai em amor”, ele estava se referindo ao amor ágape, o amor de Deus, o amor que Jesus nos ensinou, e se entregou por nós.
A 4ª característica do viver digno é amar como Cristo nos amou, vs. 2
O amor com que Cristo nos amou é o verdadeiro amor. Hoje em dia, as pessoas chamam "amor", a qualquer sentimento mais forte do que o normal. Na verdade o perfeito amor é o amor ágape. É o amor que fez Jesus entregar a sua vida por nós. A entrega de Jesus para perdoar o nosso pecado prova o amor divino por nós, como disse Paulo: [Porque dificilmente alguém morreria por um justo; pois poderá ser que por um homem bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.7-8).] Porém Jesus já tinha afirmado: [Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontâneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai (Jo 10.17-18)] Amar como Cristo amou é entregar-se espontâneamente pelo nosso próximo, sem que ele tenha feito nada para para merecer esse sacrifício. Jesus nos amou e deua sua vida por nós como sacrifício. Por que, então, ficamos lamentando quando temos que nos doar em favor dos nossos irmãos? Esse é o desafio da nova vida. Assim como Cristo nos amou e se entregou, a si mesmo e voluntariamente a cada um de nós, assim devemos nos entregar aos outros, pois isso será recebido pelo Pai como oferta de sacríficio e aroma suave.
A 5ª característica do viver digno é entregar-se completamente a Deus, vs, 2
Mas, o que nos entregarmos a Deus? É preciso entender: oferta é qualquer coisa que damos e que nos custa algo. Sacrificio, é algo mais, envolve a própria vida. No sacrificio entregamos a vida, no sacrificio o custo é a propria vida. Sacrificio implica em morte. Quando Jesus morreu por nós o céu se encheu de um perfume agradável, alegrando o coração de Deus (F.B. Meyer, s/p., 1918). Quando nos doamos por um dos pequeninos, estamos nos doando ao próprio Senhor! Paulo, escrevendo aos romanos fez esse mesmo pedido: [Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacríficio vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Rm 12.1).]
Se nos deixarmos nas mãos do Pai, agiremos como Cristo agiu entregando-se por nós. Entregar-se a Deus é entregar-se ao amor em favor dos nossos irmãos que junto conosco formam o corpo de Cristo. Mas ao mesmo tempo é entragar-se também aos que ainda não são cristãos. Assim como fez o “bom samaritano” que venceu os preconceitos, e se entregou para aquele que fora vítima dos assaltantes. Como disse Stott (2001, p. 141) O amor sacrificial para os outros fica sendo um sacrifício aceitável a Deus! Esse é o desafio do viver digno.
Conclusão
É interessante como Paulo apresenta-nos a sua ética, a sua exigência de um novo comportamento, de um comportamento diferenciado, centralizando os seus requisitos nas três pessoas da Trindade: Ele diz que devemos viver, como aprendemos a Cristo (4.20). Ele diz que devemos viver, sem entristecer o Espírito Santo (4.30). E, por fim ele diz que devemos imitar a Deus, o Pai (5.1).
Será que estamos dispostos a viver dessa maneira?
Que o Senhor Deus nos capacite!

© 2014 Através da Biblia

Ef 4.25-32 - Através da Bíblia - O viver pessoal digno(B)

Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia". Quero saudá-lo em nome de Jesus. É com grande prazer que mais uma vez entro em contato com você com o objetivo de dedicar esse tempo para juntos estudarmos a Palavra de Deus. Desejo que o estudo de hoje sirva para a sua edificação e traga, além dos desafios do texto, as mais preciosas bênçãos divinas para a sua vida. Você que tem acompanhado o programa sabe que logo no início do programa registro as correspondências que vocês enviam. Hoje quero registrar o e-mail que o EB, de Londrina, PR nos enviou com a seguinte sugestão:”Graça e paz. Liguei tarde o seu programa. Já havia começado e, fiquei o tempo inteiro sem saber que livro estava estudando. Se você puder falar de vez em quando o livro que estamos estudando é uma boa, pois tem pessoas que gostam de acompanhar pela Bíblia...Com amor.". Querido amigo, como já lhe respondi pelo e-mail agradeço a sua sugestão e mais uma vez obrigado pelo interesse que você tem pelo programa. Agradecemos as suas orações em nosso favor e louvamos a Deus pelo seu interesse bem como o interesse de tantos outros irmãos em estudar a Palavra. Que Deus te abençoe e que você seja uma bênção entre os seus familiares e amigos nos mais diversos contextos. Agora, quero convidá-lo e, a todos que nos sintonizam nesse momento a buscar ao Senhor através da oração: "Pai querido, obrigado por tua preciosa graça. Diante da tua misericórdia nos enchemos de ousadia e penetramos na tua presença pelo precioso sangue de Cristo para buscar graça nesta ocasião. Pai te pedimos que a tua companhia seja experimentada por todos nós, nos mais diversos lugares onde estivermos, em todos os momentos. Também te pedimos que nos ilumine nesse momento de estudo. Que a Tua palavra molde o nosso caráter. Oramos em nome de Jesus. Amém!".
Querido amigo hoje o nosso alvo é concluir os estudos que temos feito no capítulo quatro da carta de Paulo aos efésios. Vamos estudar Efésios 4 25 a 32. Mas, antes, vamos ler o texto bíblico que servirá para nossa reflexão:
[25 Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. 26 Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, 27 nem deis lugar ao diabo. 28 Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. 29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. 30 E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. 31 Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. 32 Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.]
A partir dessa leitura bíblica, quando analisamos esse conteúdo tão prático podemos ter como título para essa porção das escrituras a seguinte frase:
O VIVER DIFERENCIADO DO CRISTÃO
EF. 4.25 - 32
Introdução
Continuamos naquela seqüência do texto que Paulo iniciou em 4.1 onde ele está rogando para que tenhamos esse viver diferenciado, e, ao mesmo tempo ele nos encoraja a demonstrar essa diferença em nosso comportamento. Paulo esta elaborando um longo trecho que trata da dignidade que o cristão deve evidenciar nas diversas áreas do seu viver pessoal. Então surge um questionamento bem objetivo: Como é que vive do novo homem? Como deve ser a vida do cristão? Ele deve dar demonstrações práticas da sua nova vida?
Para responder essa questão temos que considerar a nossa situação, o contexto em que vivemos. Em nossos dias ser crente tem sido muito fácil. Já ouvi dizer que, hoje em dia, é até status ser chamado de evangélico. Ser ou não ser é a grande questão. Não adianta ter um belo título, “eu sou um crente tradicional, amo a Palavra, conheço os textos e sei quais os argumentos que sustentam a minha fé”, ou “eu sou pentecostal, tenho o Espírito Santo, eu falo em línguas, e, eu tenho visões”. Infelizmente essas afirmações não valem nada se o nosso proceder não refletir o caráter de Cristo em nossa vida. Não me refiro a pertencer a esse ou a aquele grupo ou denominação. Refiro-me ao fato de sermos ou não discípulos, aprendizes de Cristo, testemunhas fiéis, capazes de uma auto negação dos nossos desejos, refletindo um evangelho bíblico através de uma reflexão crítica, autêntica e espiritual. Quando a pessoa começar a colocar a “sabedoria” na frente da vontade de Deus, e as “experiências” no lugar da Palavra, quando os cristãos vivem um evangelho de conveniências, de pecados ocultos e de extremos por falta de estudo e reflexão, temos um quadro preocupante diante de nós. Quando o mundo olha para esse tipo de cristianismo e só ouve palavras, mas não vê transformação, o evangelho de Cristo está sendo desacreditado.
O apóstolo Paulo tinha uma santa preocupação com o estilo de vida dos cristãos. Podemos perceber isto em vários dos seus escritos (Rm 12.1-2; Gl 5.16-26; Fl 2.1-5; Cl 3.1-2, etc.) e, principalmente neste texto de Efésios. Não adiantava estar na comunidade de fé se o proceder na vida diária era o mesmo que o proceder dos “gentios”, isto é, do não cristão. O proceder cristão é um novo estilo de vida que tem como exemplo único e simples, Jesus Cristo. Parece-nos utópico demais? Mas, nunca ninguém disse que o verdadeiro cristianismo é fácil de ser vivido. O verdadeiro cristianismo requer negar-me a mim mesmo, tomar a cruz dia a dia e seguir a Jesus. O verdadeiro cristianismo exige que percamos essa vida por causa de Jesus, para ganhar a verdadeira vida (Lc 9.23-25). É esse tipo de vida e de comportamento que se espera de um cristão. O verdadeiro cristão é alguém corajoso, pois, vive de modo contrário ao viver da sociedade.
Quando pensamos em coragem cristã, temos que reconhecer que o apóstolo Paulo tinha muita coragem de viver assim (1Co 9.26-27) e, recomendar-se a si mesmo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. (1Co 11.1). Mas, por outro lado, Paulo também tinha humildade suficiente para reconhecer-se um pecador: “... dos quais sou eu o principal”. (1Tm 1.15), e, reconhecer o papel da graça divina em sua vida (1Co 15.10).
Então, após nos apresentar o comportamento cristão digno no contexto do corpo de Cristo onde todos e cada cristão é estimulado a desenvolver seus dons e relacionamentos que edifiquem a totalidade dos membros desse mesmo corpo, Paulo continua nos mostrando como desenvolver na prática esse novo estilo de viver em nossa vida individual. As orientações deste trecho são extremamente práticas e desafiadoras. Por isso, de maneira sintética, podemos examinar este texto, pois em resumo ele diz que:
Todo cristão é desafiado a contrastar a antiga maneira de viver com a dignidade da nova vida.
Este texto nos mostra sete contrastes entre a antiga maneira de viver com o novo viver digno:
Essa abordagem que nos mostra os sete contrastes pode ser mais facilmente entendida quando lemos novamente o texto, na Linguagem de Hoje. Diz assim a Palavra de Deus:
25 Por isso não mintam mais. Que cada um diga a verdade para o seu irmão na fé, pois todos nós somos membros do corpo de Cristo! 26 Se vocês ficarem com raiva, não deixem que isso faça com que pequem e não fiquem o dia inteiro com raiva. 27 Não dêem ao Diabo oportunidade para tentar vocês. 28 Quem roubava que não roube mais, porém comece a trabalhar a fim de viver honestamente e poder ajudar os pobres. 29 Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem façam bem aos que ouvem. 30 E não façam com que o Espírito Santo de Deus fique triste. Pois o Espírito é a marca de propriedade de Deus colocada em vocês, a qual é a garantia de que chegará o dia em que Deus os libertará. 31 Abandonem toda amargura, todo ódio e toda raiva. Nada de gritarias, insultos e maldades!
32 Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os outros. E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo, perdoou vocês.
Quando lemos esse texto temos que perceber que o que se requer do cristão, não é somente o arrependimento e o abandono do passado (4.17-24). O arrependimento verdadeiro não somente nos leva a nos despojarmos e parar de praticar as coisas erradas, mas exige comportamento novo e diferente. Nós não vivemos num vácuo espiritual. Quando os atos errados são removidos, atos bons têm que tomar o lugar deles. E neste texto Paulo propõe essa mudança, porque esse novo comportamento será a base para os relacionamentos dentro do corpo de Cristo. Tem que haver contrastes nítidos entre a antiga maneira de viver e a nova maneira de viver, a maneira digna de viver. Por isso podemos repetir:
Todo cristão é desafiado a contrastar a antiga maneira de viver com a dignidade da nova vida.
Vamos então alistar e considerar estes sete contrastes entre a antiga maneira de viver com o novo viver digno:
O 1º contraste mostra que ao invés de mentir, devemos falar a verdade, vs. 25
Quando paramos de mentir, temos que falar a verdade. Quando deixamos a mentira temos que substituí-la pela verdade. Não há nada aqui de mentirinha. O servo de Deus segue a verdade e fala a verdade. A mentira nos relacionamentos deve ser deixada, pois somos membros uns dos outros. Esse já era um princípio que vinha desde o Antigo Testamento (Zc 8.16) e, no relacionamento entre os cristãos a verdade deve prevalecer, pois a mentira corrói os relacionamentos e instaura um clina de desconfiança. A palavra "mentira" aqui vem de uma palavra grega pseudos, que quer dizer falsidade. O cristão deve rejeitar todas as formas de falsidade - falsas doutrinas, falsas práticas religiosas, falsidade nos negócios e falsidade na vida particular. O nosso dever é falar a verdade e cumprir a nossa palavra.
O 2º contraste mostra que ao invés de irar-se, não devemos pecar dando lugar ao diabo, vs. 26-27
Quando sentimos ira, temos que procurar a reconciliação e não a vingança. Essa é uma recomendação que também vem do Antigo Testamento, do Sl 4.4. Os cristãos agora são encorajados a evitar os pecados da ira (26-27). A ira descontrolada leva ao pecado. Devemos procurar solucionar os problemas e arrancar a ira pelas raízes no mesmo dia, não deixando brecha para o Diabo. A ira pode até ser um mecanismo de defesa em situações extremas, pode ser uma indignação pela injustiça, porém se for um sentimento de retaliação pode se transformar em pecado. Para irar-se e não pecar é necessário estar com os nossos sentimentos totalmente equilibrados e colocados nas mãos do Senhor. O próprio Senhor tem sua ira destinada a alguns, mas ele é o Deus justo que sabe distinguir claramente aqueles que são filhos da desobediência (2.2 e 5.6) A expressão: “não se ponha o sol sobre a vossa ira”, significa que os nossos relacionamentos devem sempre estar em harmonia. Quando deixamos a mágoa instalar-se em nossos corações estamos dando lugar ao diabo. Quando vacilamos entre a ira justa e injusta temos que saber que o diabo está à nossa espreita querendo nos derrubar, querendo nos fazer pecar, querendo e nos tentando ao ódio, à violência e à quebra de comunhão entre os irmãos.
O 3º contraste mostra que ao invés de furtar, devemos trabalhar para repartir, vs. 28
Quando paramos de furtar, começamos a trabalhar para ajudar aos outros. Essa é a mudança que demonstra que mudamos de vida. Roubar no serviço, nas horas trabalhadas, nos pequenos objetos levados para casa, desviar valores com notas fiscais desonestas são praticas comuns aos não cristãos e por isso devem ser deixadas de lado pelos seguidores de Jesus Cristo. O desafio é ganhar a vida por meios honestos. A pessoa que se converte a Cristo tem de abandonar qualquer prática desonesta e trabalhar honestamente. O trabalho não é somente para o sustento próprio, mas também para poder ajudar outras pessoas. Será que reconhecemos que Deus criou o homem para trabalhar? Antes do pecado, Deus já tinha colocado Adão no jardim “para o cultivar e o guardar” (Gn 2.15; 2Ts 3.10-12). Preguiça não faz parte do caráter cristão. Quando trabalhamos e ganhamos, temos a responsabilidade de administrar os nossos recursos. No seu orçamento pessoal ou familiar, além da sua contribuição sistemática e periodica para sua igreja ou comunidade, você tem costume de separar uma parte para ajudar os necessitados? Minha recomendação é que você, depois de orar e pedir a orientação de Deus deveria tome essa atitude!
O 4º contraste mostra que ao invés de palavras destrutivas, devemos falar para a edificação, vs. 29
Ao invés de usar linguagem obscena, falamos o que edifica e transmite graça. Temos que ter o máximo de cuidado com a nossa linguagem. O cristão não pode ser influenciado pelo mundo, pelos meios de comunicação, principalmente pela televisão e adotar o mesmo linguajar desses que não temem a Deus. Não é possível confundir liberdade de expressão com autorização para falar bobagens, indecências e palavras que desrespeite o próximo. Você deve conhecer crentes que se divertem e sorriem ao contar e ao ouvir piadas imorais e impróprias. Alegam que fazendo assim conquistam a amizade dos que ainda não são cristãos. Será que essa é a maneira certa de nos portarmos, de evangelizarmos? A recomendação clara e simples é controlarmos a nossa língua, falando palavras boas que edificam. Uma palavra torpe é uma comunicação corrupta, e, certamente, não vem do Espírito Santo, que fala através de nós (Mt 10.20).
O 5º contraste mostra que ao invés de entristecer o Espírito Santo, devemos andar nele, vs. 30 Devemos deixar as coisas más que entristecem o Espírito Santo. Mas, por que Paulo coloca essa recomendação em meio a uma lista de pecados a serem abandonados e substituídos? Porque a nossa resposta às tentações pode nos fazer pecar e quando pecamos entristecemos o Espírito Santo. Entristecemos o Espírito porque tomamos as nossas decições e quando isso acontece estamos impedindo-o de nos dirigir e encher. Não devemos usar a língua para entristecer o Espírito Santo. Mas não devemos cometer nenhum outro pecado, pois todos eles entristecem o Espírito Santo. Agora, vale a pena descarmos uma grande verdade que subjaz a orientação de não entristecermos o Espírito Santo. A grande verdade é que o Espírito Santo tem sentimentos. Este fato é uma das evidências que ele é uma pessoa, e não meramente uma força ativa como alguns ensinam. E, sendo uma das três pessoas da Trindade, ele é a garantia da nossa redenção. E, em relação a esse dia da redenção, conforme Rm 8.23, todo cristão vive na expectativa de um dia deixar essa vida para se encontrar para sempre com o Senhor. O Espírito Santo é a garantia que isso um dia acontecerá.
O 6º contraste mostra que ao invés de ciumes e divisões, devemos buscar a unidade, vs. 31
O que produz o ciúme ou as divisões? Paulo alista três pecados. 1) A amargura, isto é, um espírito azedo, que dá origem a uma conversa azeda. Amargura é o ressentimento que temos enquanto não decidimos perdoar. Amargura é a falta de reconciliação. 2) A cólera, isto é, indignação, é a fúria apaixonada, é o ódio. E, 3) A ira, isto é, uma hostilidade mais firmada e sombria; é a raiva com que queremos dar o troco para quem nos ofendeu. Por causa desses três sentimentos Paulo mostra que as divisões e a desunião no corpo de Cristo acontecem. Esses sentimentos ao invés de serem controlados por nós, muitas vezes nos controlam e nos faz viver as obras da carne. Devemos substituir esses sentimentos por bondade, compreensão, e submissão mútua. Só assim preservamos a unidade, do Espírito, no vínculo da paz (4.3).
O 7º contraste mostra que ao invés de blasfêmias e malícia, devemos agir com perdão, vs. 31-32
Paulo agora nos mostra os resultados de uma vida antiga comandada pela amargura, coléra e ira. A conseqüência daqueles pecados interiores se observa no exterior. 1) A gritaria, isto é, a excitação descontrolada, acontece quando as nossas opiniões são questionadas e a nossas idéias sãom rejeitadas. 2) A blasfêmia é a seqüência natural da gritaria, quando xingamos e ofendemos as pessoas que se opõe à nós, só que na maioria das vezes, fazemos isso por trás, pelas costas dos oponentes, para nos vingarmos e sermos vitoriosos em nossos argumentos. E, finalmente, 3) A malícia, isto é, a má vontade, em nos submetermos e além disso, a trama traiçoeira, o planejamento para causar um mal àquele que discordou de nós. Esse é o retrato da vida de alguém dominado pela antiga natureza. Ao contrário do verdadeiro cristão que age com compaixão e perdão, como Deus mesmo nos tratou. Paulo em resumo está dizendo que temos que tirar de nossas vidas as obras da carne (Gl 5.19-21), mas em seu lugar, positivamente, precisamos desenvolver, precisamos dar espaço para que o Espírito Santo produza em parceria conosco o seu fruto, o fruto de uma vida transformada (Gl 5.22-23). E por tratar de relacionamentos, Paulo apresenta o padrão e a razão para esse comportamento nos nossos relacionamentos. O padrão é o perdão com que fomos perdoados por Deus, através de Jesus Cristo! E a razão pela qual devemos proceder assim é que “somos membros uns dos outros” (25).
Você está disposto a viver dessa maneira? Sendo você um verdadeiro cristão peça forças ao Senhor para viver dessa maneira digna da vocação para a qual você foi chamado.
Deus te abençoe,

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Ef 4.17-24 - Através da Bíblia - O viver pessoal digno(A)

Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia" com nossos corações cheios de alegria, aquela alegria que só o Senhor Deus nos dá. Alegramo-nos pela maneira carinhosa que temos sido tratados por você, pois, através das cartas que recebemos percebemos essa comunhão que só existe quando pertencemos a mesma família. Hoje, eu registro o e-mail que o ASS nos enviou da cidade de Boa Vista, no estado do Roraima. Essa é parte da sua mensagem: "Olá Pastor Itamir. Paz e graça do Senhor Jesus Cristo. Tenho algumas dúvidas a respeito do seguinte assunto: Mentalidade Espiritual. O que é? Quais são as ações que um crente em Cristo deve ter a respeito de sua vida na igreja. Como posso proceder para ajudar os irmãos de minha igreja? Ficarei muito grato se for possível uma ajuda". Querido amigo, somos gratos por sua correspondência e como já lhe respondi detalhadamente no e-mail, a mentalidade espiritual é uma das características do cristão espiritual, que tem a mente de Cristo, conforme já estudamos em 1Co 2.16. De fato, creio que este deve ser o desejo de todo cristão: andar e agir de tal maneira que os irmãos sejam edificados e Deus seja glorificado. Agora, te convido para aquele momento especial em que elevamos os nossos pensamentos para falarmos com Deus. Vamos orar: "Pai querido, chegamos à tua presença agradecidos porque a tua misericórdia dura para sempre. Te louvamos porque a tua bondade se renova constantemente sobre as nossas vidas. Agradecemos o teu perdão, pois tu apaga de nós as nossas transgressões. Senhor, conforme a tua vontade, atende a necessidade de cada um de nós que te buscamos nessa hora. Senhor, conceda-nos também a iluminação do teu Espírito para essa hora de estudo. Nós oramos, em nome de Jesus, Amém!".
Querido amigo, hoje temos como alvo estudarmos Ef. 4.17-24. Este texto é uma seqüência do que Paulo vinha falando da igreja, de como ela pode demonstrar maturidade e como isso requer o envolvimento de cada um de nós, em nossa caminhada individual na carreira cristã. Como constatamos no parágrafo anterior, para a igreja se tornar madura é necessário darmos cinco passos, um após o outro: 1) É necessário haver cooperação, mutualidade, pois a própria natureza ensina a cooperação, como podemos ver no exemplo das formigas, das abelhas e do nosso próprio corpo. Devemos somar os esforços mútuos para a realização da missão da igreja. 2) É necessário que esta cooperação mútua tenha por base um compromisso individual, com Cristo. É necessária uma vida autêntica, pois só assim ao invés de buscarmos os nossos próprios interesses, estaremos priorizando a edificação do corpo de Cristo. 3) É necessário que esta cooperação seja realizada por cristãos maduros, devidamente equipados, capacitados e habilitados, pois só quando individualmente estivermos treinados poderemos servir de apoio para aqueles que estão dando os seus passos iniciais na sua peregrinação espiritual. 4) É necessário possibilitarmos a realização do ministério de cada cristão identificando primeiramente se ele é um capacitador ou um realizador. E, 5) É necessário que cada cristão, consciente do seu dom espiritual desenvolva o seu ministério, visando a edificação do corpo de Cristo.
É exatamente essa a afirmação que vemos no verso 16, onde cada um dos membros deve atuar de modo a beneficiar todo o corpo. Mas, para que isso aconteça, é necessário que individualmente tenhamos consciência da necessidade que temos de uma vida pessoal digna vivendo com discernimento espiritual. E, é sobre esse assunto que trataremos ao considerarmos o texto que está à nossa frente. Porém, antes de fazermos os nossos comentários quero ler o texto bíblico alvo de nossa meditação. Ef 4.17-24:
[17 Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, 18 obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, 19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. 20 Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, 21 se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, 22 no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, 23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, 24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.]
Diante desse texto tão rico, esclarecedor mas, ao mesmo tempo desafiador, o título que sugiro para este estudo é:
O VIVER PESSOAL DIGNO
EF. 4.17 - 24
Introdução
A seqüência do texto que Paulo iniciou em 4.1 ocorre agora sendo este um longo trecho que trata da dignidade que o cristão deve evidenciar nas diversas áreas do seu viver pessoal.
Mas, pode surgir da parte de alguns a seguinte pergunta: Não seria suficiente crer em Cristo e nos prepararmos para estar com ele quando ele nos chamasse? Para que cumprir tantas exigências se já fomos libertos da Lei? Essas perguntas surgem da parte de alguns cristãos que não entenderam o que o Senhor quer de cada um de nós e de toda a igreja em conjunto. Essas perguntas surgem da parte de alguns cristãos que não tem coragem ou não tem liberdade para expressar suas dúvidas e insatisfações e, assim, esses cristãos acham mais fácil retrocederem e abandonam a sua caminhada cristã. E quando isso acontece, vale a pena refletirmos: será que eram verdadeiramente cristãos? Será que tinham sido realmente transformados?
O que Paulo propõe como um comportamento pessoal digno tem toda razão de ser. Na verdade, não é só a vontade de Paulo, mas é a vontade do Senhor Jesus que cada cristão demonstre um comportamento diferenciado, pois é através desse tipo de vida digno que fica evidente e se revela o grande poder transformador do Senhor Jesus Cristo na vida daqueles que o recebem como Senhor e Salvador. Então, a pergunta que devemos fazer, não é porque tantas exigências, mas, tenho mostrado em minha vida a transformação que Jesus produz? Tenho mostrado em minha vida que a minha posição é diferente? Tenho mostrado em minha vida que antes eu andava segundo o príncipe deste mundo, segundo os desejos da minha velha natureza e de acordo com os meus pensamentos e agora sou uma nova criatura, dirigida e cheia do Espírito Santo? Essa é a pergunta que todos nós temos que fazer!
É importante reafirmarmos e vivermos conscientes de que o cristianismo não é apenas um novo código de comportamento ético-moral. É importante sabermos que o Sermão do Monte não é uma nova lei, que Jesus impõe aos cristãos. Não! O cristianismo é um novo estilo de vida, em que os valores da velha vida são completamente diferentes dos valores da nova vida. O cristianismo não é a obediência a uma série de leis legalistas. Não! O cristianismo é uma resposta de gratidão dos redimidos da escravidão do pecado ao seu Senhor, que é amoroso, compassivo e misericórdioso. A vida de santidade, as exigências que temos na vida cristã, não são penosas, mas são desenvolvidas em gratidão e reconhecimento do que ele fez por nós. E, uma vez que o nosso redentor e o nosso remidor, é santo, queremos também viver em santidade para agradá-lo, para agradecer-lhe por tão grande salvação. O cristianismo é uma resposta cheia de gratidão ao Senhor Jesus Cristo, por tudo quanto ele fez por nós!
Então, depois de nos apresentar o viver cristão digno no contexto do corpo de Cristo onde todos e cada um dos cristãos são estimulados a desenvolverem relacionamentos que edifiquem a totalidade dos membros desse mesmo corpo, Paulo nos orienta como desenvolver esse novo estilo de viver em nossa vida pessoal. Em síntese ele está dizendo que se a degradação dos pagãos é resultado da futilidade das suas mentes, a vida cristã digna depende da aquisição da sabedoria espiritual que só encontramos em Cristo. As orientações deste trecho são extremamente práticas e desafiadoras. Por isso, de maneira sintética, podemos dizer que esse texto nos diz que:
Todo cristão é desafiado a desenvolver sabiamente um viver pessoal digno.
Este texto nos mostra sete maneiras de desenvolvermos sabiamente um viver pessoal digno:
Vamos ler novamente o texto numa linguagem mais fácil de entendermos. Essa é a versão da Linguagem de Hoje:
“17 Portanto, em nome do Senhor eu digo e insisto no seguinte: não vivam mais como os pagãos, pois os pensamentos deles não têm valor, 18 e a mente deles está na escuridão. Eles não têm parte na vida que Deus dá porque são completamente ignorantes e teimosos. 19 Eles perderam toda a vergonha e se entregaram totalmente aos vícios; eles não têm nenhum controle e fazem todo tipo de coisas indecentes. 20 Mas não foi essa a maneira de viver que vocês aprenderam como seguidores de Cristo. 21 Com certeza vocês ouviram falar dele e, como seus seguidores, aprenderam a verdade que está em Jesus. 22 Portanto, abandonem a velha natureza de vocês, que fazia com que vocês vivessem uma vida de pecados e que estava sendo destruída pelos seus desejos enganosos. 23 É preciso que o coração e a mente de vocês sejam completamente renovados. 24 Vistam-se com a nova natureza, criada por Deus, que é parecida com a sua própria natureza e que se mostra na vida verdadeira, a qual é correta e dedicada a ele”.
Se você reparou bem na leitura, logo no início do verso 17 Paulo diz que afirmava e testificava, no Senhor... Mas o que Paulo quis dizer com essa frase? Certamente ele se referia aos versos 1-16, nos quais ele mostrou que a vida devia ser vivida de tal maneira que refletisse o padrão da chamada de Deus, que nos chamou para viver dignamente (4.1); mas ele se referia também ao restante do capítulo, pois nesses próximos parágrafos ele enumerou um série de princípios que deveriam ser seguidos pelos cristãos que quizessem viver dignamente. Com essa expressão: “digo e testifico” Paulo estava chamando a atenção dos efésios para essas verdades importantes e decisivas para a vida cristã. E com a expressão “no Senhor” Paulo estava claramente demonstrando que as suas palavras estavam sendo escritas com a autoridade do Senhor Jesus, o Senhor da igreja.
Muito bem agora podemos reafirmar que todo cristão é desafiado a desenvolver sabiamente um viver pessoal digno. E, aqui vamos verificar essas sete maneiras de desenvolver sabiamente esse viver pessoal digno:
A 1ª maneira é abandonarmos o antigo modo de pensar, vs. 17-18
Mas, a pergunta que deve ser respondia é: como era a vida dos gentios? Como era a vida dos pagãos? E o próprio Paulo responde essa questãos dizendo que eles viviam na vaidade dos próprios pensamentos (17), isto é, viviam com a mente vazia, viviam com total ausência de objetivos. Viviam de modo fútil, tanto intelectualmente como moralmente; uma vida sem direção, resultados positivos e imoral. Mas por que viviam assim? Porque as suas mentes eram mentes ainda não transformadas, ainda não renovadas. A maneira de pensar do não cristão é vazia e sem razão. Seus objetivos, seus alvos são para essa vida, portanto são alvos passageiros. O cristão deve ter outro tipo de pensamentos: pensa nas coisas do alto (Cl 3.1) e ocupa seus pensamentos com coisas que edificam (Fl 4.8-9)
A 2ª maneira é abandonarmos a vida comandada por um coração endurecido, vs. 18-19
Uma outra característica do homem sem Cristo é que o seu entendimento está obscurecido, isto quer dizer, uma mentalidade condiciona às trevas. Uma vida que tem prazer nas trevas e não na luz, conforme o próprio Jesus mencionou em Jo 3.19-21. A falta de sentido na vida dos homens sem Cristo é visível aqui, pois os seus corações vivem endurecidos, isto é, estão petrificados, não são sensíveis a ação do Espírito Santo. Estão alienados, estão separados de Deus pela ignorância, pela dureza de coração. A vida do não cristão, mesmo que ele não admita, a Bíblia assim o descreve: é alguém que tem uma vida alheia a Deus, uma vida ignorante, que vive com um coração duro (18) e insensível (19), tendo sua mente e coração cauterizados, com calosidade.
A 3ª maneira é abandanarmos a vida entregue à dissolução e impurezas, vs. 19
O resultado dessa insensibilidade, dessa vida que já não sente mais nada, dessa consciência calejada, desse coração de pedra é a dissolução desmedida, a completa impureza, isto é, uma entrega completa de sua existência ao pecado, aos prazeres exigidos pela natureza caída. É uma entrega desenfreada aos alvos que não foram propostos por Deus para a vida humana. Já que o pecado é errar o alvo, esses tais vivem errando o alvo e não se abalam com isso. A palavra impureza no original poderia ser traduzida também por avareza, por cobiça, por ambição. Essa vida longe de Deus primeiro leva às trevas mentais, mas, na seqüência, leva essa pessoa sem Cristo à insensibilidade de alma e desencadea numa vida entregue as praticas mais vis, como Paulo descreveu em Rm 1.18-32. Somente a ação poderosa do Espírito Santo é que pode quebrantar essa vida e dar-lhe um sentido em sua existência.
A 4ª maneira é viver conforme o aprendizado de Cristo, vs. 20-21
E, exatamente, porque Deus nos deu vida juntamente com Cristo Jesus (2.1 e 5) é que também nós deixamos junto com os efésios essa vida que não era vida. Deixamos de ser controlados pelo diabo, pela velha natureza, a carne, e deixamos de ser controlados pelos pensamentos vazios e sem objetivos. Isso aconteceu comigo e certamente aconteceu com você que está me ouvindo e é cristão. A figura que Paulo usa nos remete a um ambiente escolar e, em outras palavras diz que Cristo é o conteúdo, o mestre e o ambiente do ensino (discipulado) verdadeiro. Essa é a grande afirmação desses versos, que mostram porque a nossa vida deve abandonar o passado e se aprimorar na nova condição que temos “em Cristo”. É importante fazermos algumas observações sobre essas colocações de Paulo. 1) Ele diz que aprendemos, usando o verbo no passado, significando que o aprendizado aconteceu anteriormente, e isso nos remete ao momento da conversão. Não aprendemos sobre Cristo. Aprendemos a Cristo! Por isso, ele é o conteúdo do nosso aprendizado. 2) Mas, ele diz também, conforme o grego, que nós já o ouvimos. Mas, eu pergunto: Será que o ouvimos e ainda o temos ouvido? Espero que você ainda ouça o Senhor. Afinal ele é o nosso mestre, o nosso professor. Como bem disse Pedro: Só tu tens as palavras da vida eterna (Jo 6.68-69). 3) E, finalmente, Paulo usando novamente o verbo no tempo aoristo, na ação completa, diz que em Jesus fomos instruídos, segundo a verdade. Isso reforça a idéia que mencionamos que em Jesus temos o ambiente do ensino.
A 5ª maneira é viver de acordo com o que recebemos de instrução verdadeira, vs. 21
A pergunta que surge então pode ser formulada da seguinte maneira: Qual deve ser a atitude do cristão em relação a essa nova posição que temos em Cristo? Ainda no verso 21 podemos seguir a ilustração, ainda no ambito escolar. Podemos dizer em termos comparativos que Jesus é a sala de aula; Jesus é o professor, e, Jesus é o conteúdo do ensino. Quando pensamos na profundidade dessa nova posição, certamente nos vem a confirmação de que estamos aprendendo a verdade, a verdade cristã, que liberta, pois quando conhecemos a verdade ela nos liberta (Jo 8.32) do fútil procedimento do passado. E como devemos reagir a esse fútil procedimento do passado? Qual a nossa atitude em relação ao velho homem? A nossa atitude para com a vida passada é a sexta maneira de vivermos dignamente:
A 6ª maneira de viver dignamente é nos livrar de tudo o que se relaciona com o pecado, vs. 22
O texto deste verso 22 nos diz exatamente isso: abandonem a velha natureza de vocês, que fazia com que vocês vivessem uma vida de pecados e que estava sendo destruída pelos seus desejos enganosos. Devemos nos despojar de tudo o que se relaciona com o passado. Devemos nos despojar do velho homem que se corrompe por desejos enganosos. A antiga maneira de viver, segundo a antiga natureza não é compatível com a nova vida. Despojar significa, jogar fora, colocar de lado, abandonar, despir-se.
Os valores do velho homem devem ser desfeitos, necessitam ser abandonados, pois eles corrompem, pois estão controlados por desejos enganosos.
A 7ª maneira é viver de modo renovado, revestido do novo homem, vs. 23-24
O cristão então tem uma responsabilidade a cumprir. Uma responsabilidade subdividida em duas ações: 1) O cristão deve renovar o seu entendimento, renovar a sua maneira de pensar. Como disse Paulo aos romanos é necessário uma mudança radical, uma metanóia, isto é uma conversão, uma mudança de mente e rumo (Rm 12.2). A busca de uma mente renovada é o alvo do verdadeiro cristão. Ter um espirito renovado é ter uma vida interior totalmente diferente da vida passada. 2) Mas, o cristão também deve revestir-se do novo homem. Uma vez que ele se despiu do velho homem, agora é hora de trocar de roupa. Agora é a nova roupagem. Uma roupa nova, criada por Deus, feita por Deus, como ele fez aquela vestimenta para Adão e Eva. A roupa que eles usavam não foi suficiente. Somente com a roupa de animais sacrificados houve cobertura do ato pecaminoso que tinham feito. A roupa nova do cristão é feita com os tecidos da justiça e da retidão, tecidos no tear da verdade.
CONCLUSÃO
Essa é a diferença entre os dois tipos de vida. Você tem se vestido dessa maneira? O novo homem criado segundo Deus significa que passamos a viver de acordo com o que Deus é em si mesmo. Viver segundo Deus é viver uma vida de qualidade superior, quando comparamos uma vida com a outra. Mas, é possível viver dessa maneira? Sim! Só através do Espírito Santo!

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Ef 4.11-16 - A través da Bíblia - Características de uma igreja madura -

Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia". Conscientes do privilégio de estar a cada dia com você e conscientes da responsabilidade de abrirmos a Palavra de Deus para extrair dela os princípios para nossa vida cristã, no programa de hoje estaremos atentos a mais um trecho do capítulo quatro da carta de Paulo aos efésios. Certamente teremos lições que nos farão crescer à estatura da plenitude de Cristo. Afinal o desejo do verdadeiro cristão é se tornar cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo. Muitas vezes temos que mudar os nossos conceitos mediante o estudo da Palavra, mas se ficamos mais semelhantes a Cristo, temos que ter essa disposição e, esse programa quer ajudá-lo nesse propósito. Quero registrar o e-mail que o LJRC nos enviou da cidade de Londrina do estado do PR. Essa foi sua mensagem: "graça e paz. Sou grato e me sinto elogiado ao ter o meu e-mail lido no programa. Aproveito para me ajudarem com Mateus 5.32. Conheço alguém que foi abandonada pelo marido que foi morar com outra. Só quando ele foi embora a esposa soube que estava grávida de uns 3 meses e com um filho 11 anos. Descobri também que a sua amante também estava grávida. Como posso ajudar?". Obrigado irmão por suas palavras de apoio e reconhecimento. Como te respondi no e-mail, você e sua esposa podem ser uma bênção na vida dessa esposa que foi abandonada. Sem nos preocuparmos de enquadrar essa situação neste ou naquele modelo, certamente Deus quer usar vocês como casal para serem bênção nessa hora de dificuldade. Espero que as outras orientações que enviei sejam úteis. Estamos orando por cada um dos envolvidos nessa situação. Assim, como Deus tem nos usado aqui no programa minha oração é que Deus continue abençoando você e sua esposa para serem usados para a glória do Senhor. Por isso, quero convidá-lo a nesse momento buscarmos a presença do Senhor em oração: "Senhor Deus, somos gratos por teu amor e porque através do estudo e prática da Tua Palavra estamos prosseguindo para o alvo de nos assemelharmos cada vez mais com o Teu filho Jesus. Pai, misericordioso pedimos-te que haja edificação e pela capacitação do Teu Espírito possamos entender o Teu querer para aplicarmos em nosso viver. Senhor, oramos, em nome de Jesus, Amém!
Querido amigo, hoje o nosso alvo é estudarmos o paragrafo completo que inclui os versos 11 a 16 de Efésios capítulo quatro. Como dissemos anteriormente, a partir do capítulo quatro Paulo demonstra como deve ser a vida cristã daqueles que foram salvos pela graça mediante a fé em Jesus Cristo. A partir do capítulo quatro Paulo mostra como deve ser a vida prática da igreja, a nova comunidade, a familia de Deus, o corpo vivo de Cristo. E, especificamente nos versos 11-16 que estudaremos hoje, vamos considerar as caracterização de uma igreja madura. Espero que você esteja com a Bíblia aberta e tenha condições de me acompanhar na leitura que farei. Efésios 4.11-16, diz assim:
[11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, 14 para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.]
Bom, como disse há pouco, esse texto nos mostra que o Senhor tem alvos bem definidos para com sua igreja. Ele a quer madura, uma igreja que sabe evitar as artimanhas de Satanás, que saiba viver em unidade, que saiba valorizar as diferenças e que sabia desenvolver a mutualidade. Por isso, creio que o melhor título para esse parágrafo é:
AS CARACTERÍSTICAS DE UMA IGREJA MADURA
EF. 4.11-16
Introdução
Este texto é bem conhecido da maioria dos cristãos. Entretanto, conhecer (saber) um texto bíblico, não significa compreendê-lo (entender); não significa aplica-lo (praticar); não significa analisá-lo (diagnosticar); não significa sintetiza-lo (resumir); não significa avaliá-lo (julgar, valorizar).
O que é e como conhecer corretamente um texto bíblico? Por ser um texto bíblico, precisamos conhecer (experimentar) o texto bíblico. Por ser o texto bíblico a Palavra de Deus, viva e eficaz necessitamos interagir com o texto para podermos extrair dele todo o seu potencial, tudo aquilo que Deus queria que experimentássemos.
Quando vivenciamos o texto em questão percebemos que ele é impressionante; ele é transformador; ele é libertador. Esse texto nos apresenta de modo claro que cada cristão tem responsabilidades na edificação da igreja.
Sendo que o desejo do Senhor Jesus, o Senhor é ter uma igreja madura, só alcançaremos esse alvo quando utilizarmos as capacitações que o próprio Senhor colocou à nossa disposição. Como vimos anteriormente, Jesus concedeu à igreja pessoas-dons que atuando nas suas esferas de capacitações possibilitarão a igreja atingir a maturidade pretendida por ele mesmo, o Senhor da igreja.
Na origem da palavra maturidade temos a idéia de "proteção". Isso indica que uma igreja madura é aquela que pode proteger seus membros dos ataques que os seus membros sofrem da parte do inimigo que usa como instrumentos homens astutos que tem a intenção de induzir ao erro.
Pedro, estimulando também à vida madura, no final de sua segunda carta (3.17-18) instruiu seus leitores a guardarem-se e protegerem-se dos falsos mestres, descritos no capítulo 2, crescendo na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo. É necessário, pois conhecermos o que Jesus já concedeu à sua igreja para que a tornemos uma igreja madura.
Diante dessas colocações, portanto, este texto nos desafia a percebermos que:
Somente quando usamos os recursos divinos podemos nos tornar uma igreja madura.
Estes versículos nos revelam sete recursos a serem usados no amadurecimento da igreja:

O 1º recurso é usufruir corretamente das pessoas-dons dadas à igreja – 4.11-12
Como vimos no programa passado, o Senhor Jesus estabeleceu essas pessoas dons para liderar a igreja, para desenvolver o ministério quintuplo. Um ministério coletivo, plural, para que o crescimento da igreja seja equilibrado.
Conforme Kaldeway nos diz no final do capítulo sete de sua obra já citada, todo cristão que foi trabalhado, isto é, que foi desenvolvido sob a influência das cinco pessoas-dons, certamente, atinge com maior rapidez a maturidade espiritual esperada pelo Senhor Jesus. O trabalho das cinco pessoas-dons, ou o ministério quíntuplo atuam da seguinte maneira nesse cristão: 1) O apóstolo leva esse cristão a contemplar a grandiosidade do reino de Deus, motivando-o a estabelecer alvos desafiadores para sua vida e ministério; 2) O profeta auxilia esse cristão a experimentar a intimidade com Deus ao ouvir a Sua voz dando-lhe a direção correta para a vida e ministério; 3) O evangelista desafia esse cristão, mostrando-lhe a necessidade de não esquecer-se daqueles que ainda não fazem parte da sua vida e ministério; 4) O pastor cuida desse cristão, protegendo-o, amenizando suas dores, alegrando-se com suas vitórias e fazendo-o relacionar-se com outros em sua vida e ministério; e, 5) O mestre conduz esse cristão a aprofundar-se no estudo, entendimento e aplicação da Palavra, para que firmado nela desenvolva sua vida e ministério;
"Talvez seja possível dizer da seguinte forma: o apóstolo leva o cristão para longe (para a grande visão), o profeta o leva à altura (para experimentar Deus), o mestre à profundidade (ao fundo da Palavra de Deus), o pastor para os lados (ao irmão), e, o evangelista ao mundo (para todas as pessoas). (KALDEWAY, 2005, p.66).
Quando esses cinco componentes do ministério quíntuplo têm condições de atuar cada um no seu próprio espaço há benefício para a igreja.
O 2º recurso é ter consciência da necessidade da unidade - 4.13
13 Desse modo todos nós chegaremos a ser um na nossa fé e no nosso conhecimento do Filho de Deus. E assim seremos pessoas maduras e alcançaremos a altura espiritual de Cristo.
1. Já somos unidos - 4.3. Pois quem já nos tornou um só corpo, foi Deus, através de Jesus Cristo. Em Jesus Cristo a barreira foi derrubada, fazendo de gentios e judeus um só e novo homem. Conforme os primeiros versos do capítulo 4 é através do desenvolvimento das cinco virtudes: humildade, mansidão, longanimidade, ser suporte para os irmãos e o amor mútuo, que o cristão mostrará o seu desejo sincero de preservar a unidade espiritual que nos proporciona relacionamentos harmoniosos
2. Temos que alcançar a unidade - 4.13 Mas ao mesmo tempo em que já somos unidos, devemos caminhar em direção a unidade que deve ser expressa de três maneiras distintas: 1) Devemos buscar a unidade da fé, isto é, todos os membros do corpo devem estar vivendo em maturidade, sabendo no que creem e sabendo porque creem. 2) Devemos buscar a unidade do pleno conhecimento do filho de Deus, isto é, cada cristão que forma o corpo de Cristo deve conhecer experimental e plenamentemente o seu Senhor. E, 3) Devemos buscar a unidade em nos assemelharmos cada vez mais com o varão perfeito, devemos buscar a unidade em nos padronizarmos à medida da estatura da plenitude de Cristo, à altura espiritual de Cristo. É um alvo grande demais? Se o Senhor o colocou, certamente é possível alcança-lo pelo Espírito Santo, e pela identificação das nossas funções dentro do corpo de Cristo.
3. Essa unidade só acontecerá a partir do papel de cada um dos membros do corpo de Cristo. Quando identificarmos o nosso papel individual estaremos cumprindo o propósito de Deus para conosco e estaremos alcançando o alvo dele na edificação do corpo. Por isso, embora devamos enfatizar a unidade devemos lembrar que é na diversidade da atuação com base nos dons espirituais que nos fortaleceremos como corpo. Por isso é necessário a caracterização dos capacitadores e dos realizadores:
Características dos Equipadores/ capacitadores

1. Equipadores focalizam seus esforços em desenvolver outros membros para que estes possam servir.
2. Equipadores ficam satisfeitos quando vêem Deus usando alguém que eles equiparam / qualificaram
para algum propósito. 3. Equipadores têm um grande desejo de realizar uma tarefa de ministério em conjunto e paralelamente a outros. 4. Equipadores dão grande valor e importância àqueles com quem compartilham um ministério. 5. Equipadores são estratégicos ao selecionar parceiros de ministério. 6. A paixão dos equipadores é a de posicionar cada um dos crentes em um serviço fiel, frutífero e satisfatório. 7. Equipadores são motivados a treinar / aperfeiçoar outros e delegar o ministério a eles. 8. Equipadores procuram afastar-se, quando necessário, de uma função, permitindo-se ser substituídos por outra pessoa equipada. 9. Equipadores experimentam grande satisfação quando estão equipando /capacitando outros. 10. Equipadores buscam identificar, treinar, desenvolver, supervisionar e apoiar aqueles no ministério.
Características dos Operadores/ realizadores
1. Operadores focalizam seus esforços em servir a outros diretamente. 2. Operadores ficam satisfeitos quando vêem Deus os usando para realizar algum propósito pessoal e individualmente. 3. Operadores ficam contentes quando podem realizar sozinhos e individualmente uma tarefa de um ministério. 4. Operadores dão grande valor e importância a sua própria contribuição ao ministério. 5. Operadores ficam satisfeitos com aqueles parceiros que expressam interesse objetivo em seu ministério. 6. A paixão dos operadores é a de usar os seus próprios dons em uma área de serviço significativo. 7. Operadores acham mais fácil fazer o trabalho por si mesmos do que treinar alguém para isso. 8. Operadores podem deixar um buraco / vazio na equipe de ministério quando eles deixam a sua função. 9. Operadores experimentam grande satisfação quando Deus realiza algo através deles. 10. Operadores precisam ser identificados, treinados, desenvolvidos, supervisionados,viabilizados e apoiados no ministério.
O 3º recurso é ter firmeza para resistir as falsas doutrinas - 4.14
14 Então não seremos mais como crianças, arrastados pelas ondas e empurrados por qualquer vento de ensinamentos de pessoas falsas. Essas pessoas inventam mentiras e, por meio delas, levam outros para caminhos errados.
1. O propósito é não sermos infantis na vida cristã – À medida que a igreja caminha em direção a maturidade através da mutualidade, que é o 3º fator da dinamica da vida da igreja, a própria igreja vai se afastando da instabilidade inicial da vida cristã e, a partir do conhecimento experimental de Cristo ela vai adquirindo firmeza contra os seus inimigos.
2. O propósito é resistirmos os ataques dos falsos mestres – quanto mais nos aprofundarmos no conhecimento das doutrinas e no conhecimento pessoal do nosso Senhor mais estaremos firmados na verdade. Ao invés de sermos neófitos espirituais abertos às falsas doutrinas, seremos adultos experiente firmados contra as investidas de Satanás e seus agentes.
O 4º recurso é saber usar os instrumentos: a verdade e o amor - 4.15
15 Pelo contrário, falando a verdade com espírito de amor, cresçamos em tudo até alcançarmos a altura espiritual de Cristo, que é a cabeça.
1. O crescimento requer uma vida verdadeira -
2. A vida verdadeira requer uma vida de amor mútuo, como Cristo nos amou – O segrego para desenvolvermos a verdade com amor é não usar a verdade como uma espada desembanhada para ferir o que se afasta da verdade. No relacionamento cristão a verdade anda associada ao amor!
O 5º recurso é estar consciente da necessidade do crescimento em Cristo - 4.15
15 Pelo contrário, falando a verdade com espírito de amor, cresçamos em tudo até alcançarmos a altura espiritual de Cristo, que é a cabeça.
1. A cabeça da igreja é Cristo – Ele é o Senhor da igreja. Ele é que deve ser conhecido e obedecido. E porque ele é soberano, e, tem os insodáveis tesouros da sabedoria, é que nós devemos crescer.
2. O crescimento deve ser completo (em tudo) – e esse crescimento só acontecerá através da verdade e do amor. Foi o proprio Paulo que disse que só o saber (a verdade) destrói, pois demonstra orgulho, soberba e arrogância. Por outro lado, é somente através do amor que somos edificado (1Co 8.1). Somente através do amor crescemos da maneira como o Senhor planejou.
O 6º recurso é saber que necessitamos do envolvimento de todos os membros - 4.16
4 - 16 É ele quem faz com que o corpo todo fique bem ajustado e todas as partes fiquem ligadas entre si por meio da união de todas elas. E, assim, cada parte funciona bem, e o corpo todo cresce e se desenvolve por meio do amor.
1. Todo cristão tem uma tarefa geral - 1Pe 2.9 - todos nós somos sacerdotes para anunciar as virtudes daquel que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Em conjunto formamos um reino de sacerdotes espirituais e, portanto, todos nós temos acesso direto ao Pai e por causa disso, por todos nós termos um só Espírito (4), todos e cada um de nós temos condições de ministrarmos como sacerdotes.
2. Todo cristão tem uma tarefa específica - 4.11 (capacitadores); 4.12 (realizadores) e o desafio de hoje é você perceber qual foi a sua chamada. Você foi chamado para ser um capacitador? Para ser um equipador? Ou você foi chamado para ser um realizador, para ser um executor, um operador? Peça que Deus lhe mostre como ele quer que você atue para o benefício do corpo de Cristo!
O 7º recurso é saber que somos co-responsáveis pelo nosso desenvolvimento - 4.16
1. Todas as realizações devem ser visar o crescimento e edificação -
2. A maturidade do corpo é alcançada através da realização das diversas funções – e isto significa que cada parte desse maravilhoso corpo, cada membro desse corpo, todos os membros desse corpo devem se envolver no crescimento maduro e equilibrado do corpo de Cristo!
Conclusão
Por que existe tanta imaturidade entre os cristãos?
Porque nos falta ver quem somos nós e quem é Jesus;
Porque a ansiedade pelo crescimento numérico sufoca o amadurecimento espiritual;
Porque muitos cristãos querem controlar tudo, não dividindo a responsabilidade;
Porque gasta-se mais tempo no ativismo do que no amadurecimento (ler, estudar, meditar).
Como podemos nos tornar maduros?
Somente quando usamos os recursos divinos podemos nos tornar uma igreja madura.
O que Jesus Cristo quer é que, coletivamente, a igreja toda esteja preparada, alcançando a maturidade e a unidade da fé para não ser enganada por doutrinas e doutrinadores falsos e falsas práticas e, assim, crescer, edificando-se a si mesma.
Que o Senhor nos abençoe nesse propósito.

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Ef 4.11-12 - Através da Bíblia - Os capacitadores e os executadores

Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia" com nossos corações cheios de alegria, aquela alegria que só o Senhor Deus nos dá. Alegramo-nos porque o nosso projeto de estudarmos a Bíblia toda segue com segurança e estamos estudando novamente mais um trecho importante da carta de Paulo aos efésios, especificamente os versos 11 e 12 do capítulo quatro desta carta. Alegramo-nos também por suas correspondências e, hoje registro o e-mail que a NCC uma irmã da cidade de Upanema, no estado do Rio Grande do Norte que nos enviou a seguinte mensagem: "Quero dizer que ouço o programa Através da Bíblia sempre à noite quando vou dormir e quero dizer que é o melhor programa que já ouvi em toda a minha vida. Louvo a Deus por isso. Que Deus abençoe o Pr. Itamir Neves, um instrumento usado por Deus. Que ele continue exaltando o nome de Deus e edificando vidas através do estudo da Palavra". Querida irmã, somos gratos por essas palavras tão bondosas. De fato, temos pedido a Deus que use o que aqui é transmitido para moldar o nosso caráter ao caráter de Jesus Cristo. Como gostaríamos de saber qual tem sido o valor do programa nesse propósito necessitamos que você escreva sobre suas experiências para que possamos adequar ainda mais o programa para que ele seja cada vez mais um momento de edificação para sua vida. Por isso, agora, te convido para aquele momento especial em que elevamos os nossos pensamentos para falarmos com Deus. Vamos orar pedindo suas bênçãos para esse projeto e para o programa de hoje: "Pai querido, chegamos à tua presença agradecidos porque a tua misericórdia dura para sempre. Somos gratos porque a tua misericórdia se renova constantemente sobre as nossas vidas. Te louvamos porque pela tua misericórdia o Senhor apaga de nós as nossas transgressões. Senhor, conforme a tua vontade, atende a necessidade de cada um de nós que te buscamos nessa hora. Senhor, conceda-nos também a iluminação do teu Espírito para essa hora de estudo. Nós oramos, em nome de Jesus, Amém!".
Querido amigo hoje o nosso propósito é estudarmos os versículos 11 e 12 do capítulo quatro de Efésios. Esses dois versos são fundamentais no entendimento de como Deus quer que a igreja se desenvolva e cresça equibrada e constantemente de tal maneira que o desenvolvimento individual de cada cristão seja também benéfico na sua relação com Deus, mas também em sua relação com os outros membros do corpo de Cristo.
Se você tiver oportunidade, abra a sua Bíblia e me acompanhe na leitura que farei desses dois versos:
[11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,]
Diante dessa leitura e do que já aprendemos sobre o propósito de Deus para a igreja creio que o melhor título para esse texto é:
OS CAPACITADORES E OS EXECUTORES
Como vimos no programa passado, a partir do início do capítulo 4 verso Paulo diz claramente que o Senhor Jesus, o Senhor da igreja concedeu pessoas-dons para a liderança da igreja (v. 11), portanto, é importante que reconheçamos três importantes verdades: 1) Que a liderança da igreja é plural e, constituída por apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestre. 2) Que os líderes, as pessoas-dons dadas para a igreja são os capacitadores. 3) Que os líderes têm uma responsabilidade específica (v.12); os líderes devem equipar, aperfeiçoar os santos para o desempenho do serviço deles visando a edificação do corpo.
Mas também vimos no programa passado que Deus tem propósitos e objetivos bem definidos para todos os cristãos, para todos os santos. Portanto é importante reconhecermos outra três importantes verdades, agora sobre todos os cristãos, sobre os santos que formam a igreja liderada pelas pessoas-dons. É necessário reconhecermos que : 1) Os santos são realizadores. 2) Os santos, todos e cada um deles, possuem dons espirituais, isto é, capacitações espirituais dadas pelo Senhor para que cada cristão desenvolva o ministério que Deus tem designado para cada um. 3) Os dons espirituais devem ser exercidos por todos os cristãos visando o crescimento e a edificação do corpo deCristo.
Quando lemos esses dois versos em outra versão bíblica essas colocações iniciais ficam mais patentes:
11 Foi ele quem “deu dons à certas pessoas”. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja. 12 Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o corpo de Cristo.
O objetivo de Deus é uma igreja madura, que seja visível e que seja impactante ao mundo. Por isso, em resumo, podemos dizer que a proposição desse texto, o desafio do texto para nós é o seguinte:
Somente quando cada cristão desenvolve a sua tarefa de acordo com o seu dom espiritual a igreja atingirá os propósitos divinos para ela.
Neste texto verificaremos as responsabilidades de cada cristão no desenvolvimento de uma igreja que alcança os propósitos divinos.
A 1ª responsabilidade é reconhecermos a necessidade da implantação liderança plural
A utilização, no versículo 11, de , verbo, 3a ps. sing. aor. ind. ativo de  "doar", "conceder", e a utilização de  artigo definido, acusativo. masc. plural "alguns", "uns" nos mostram, neste texto, que Jesus concedeu pessoas à sua igreja e não apenas "dons". Por isso denominamos esses que foram dados à igreja de "pessoas-dons".
A liderança plural dada por Jesus à igreja é um princípio que percorre todo o Novo Testamento. Desde que Jesus enviou os doze (Mc 6.7) e, depois, quando enviou os 70 (Lc 10.1), enviou-os de dois em dois. Logo depois da ressurreição, na primeira igreja, em Jerusalém, a liderança era coletiva, era plural, como vemos na narrativa de Lucas quando disse que os que vendiam as suas propriedades depositavam as suas contribuições aos pés dos apóstolos (At 4.34-35), ou ainda, quando foram instituídos os auxiliares dos apóstolos, foram instituídos sete homens, para que os apóstolos dessem atenção à palavra e as orações. Além disso, quando Paulo se referiu a liderança da igreja de Jerusalém Paulo se referiu a Pedro, Tiago e João (Gl 2.9), demonstrando assim que a pluralidade de liderança era a maneira de se conduzir a igreja. Nas igrejas fundadas pelos apóstolos, desde o inicio das viagens missionárias, eles estabeleciam liderança coletiva nas novas comunidades (como por exemplo em At 14.21-23). Com base no verso 11, essa liderança plural tem sido chamada de “o ministério quíntuplo”, isto é, as pessoas-dons que Jesus, o Senhor da igreja, deu a ela para liderá-la formam o ministério quíntuplo, pois são eles os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores e os mestres.
Quando reconhecermos que a liderança plural, o ministério quintuplo é um recurso que o Senhor deu à sua igreja estaremos tratando a igreja com responsabilidade.
A 2ª responsabilidade é reconhecermos o papel definido e único do ministério quintuplo
É necessário sabermos o que Cristo queria e quer realizar com esses dons, com essas pessoas-dons dadas ao Seu corpo. É necessário sabermos o que Ele quer formar. É necessário sabermos detalhadamente qual é o seu objetivo. A resposta a essas dúvida é sanada quando percebemos a utilização, no versículo 12, de  acusativo, masculino, singular “equipar”, “aperfeiçoar”, “preparar”, “treinar” ou ainda “habilitar” é a mesma palavra usada no chamado de João e Tiago enquanto eles "consertavam" as suas redes (Mt 4.21), preparando-as, aperfeiçoando-as para a próxima pescaria. Assim, aperfeiçoar significa preparar alguém (os santos) para uma tarefa já designada. "Colocado de forma mais moderna: é a instrução concreta para o aproveitamento total do potencial concedido a nós por Deus", e, "essa maneira de equipar não pode ser realizada por uma só pessoa! Um líder ou um pastor com seu perfil específico de dons será unilateral" (Kaldeway, 2005, p.61).
No seu plano para a igreja Jesus tem definido claramente a razão de ser dessas cinco pessoas-dons. Ele definiu objetivamente o alvo para o ministério quintuplo. O alvo de Jesus é que esses componentes do ministério quintuplo sejam os capacitadores. Jesus concedeu essas pessoas-dons para que a igreja, como corpo de Cristo pudesse ser capacitada, pudesse ser edificada, pudesse ser equipada, pudesse ser treinada, pudesse ser habilitada para a obra a ser realizada. Jesus desejava e ainda deseja que a partir do ministério quintuplo e, a partir da maturidade adquirida, a igreja crescesse equilibradamente em unidade de fé e solidez cristã, para poder resistir aos ataques astutos do inimigo. O que Jesus Cristo quer é que, coletivamente, a igreja toda esteja preparada, alcançando a maturidade e a unidade da fé para não ser enganada por falsas doutrinas, doutrinadores falsos e falsas práticas. Jesus quer ver a sua igreja crescer, edificando-se a si mesma, a fim de que os homens encontrem na igreja o “porto seguro” que os conduza à salvação.
A 3ª responsabilidade é reconhecermos a importância da atuação do ministério quintuplo
Ao reconhecermos a importância do ministério quintuplo na vida da igreja devemos lhe conceder os recursos necessários para que possam desempenhar o seu papel na edificação do corpo de Cristo. Mas, é importante também alistarmos algumas razões pelas quais devemos valorizar e dar a devida importância ao ministério quíntuplo: 1. Valorizamos o que Cristo concedeu à Sua igreja; 2. Interrompemos a prática antiga e não bíblica de termos líderes poderosos; 3. Interrompempemos a prática de separarmos a igreja entre atuantes e espectadores; 4. Possibilitamos e viabilizamos aos santos a realização dos seus serviços; 5. Caminhamos com maior rapidez para a edificação almejada por Jesus; 6. Alcançamos o alvo da unidade da fé; 7. Dirigimo-nos com firmeza à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo; 8. Não nos tornamos como meninos levados ao redor de todo vento de doutrina; 9. Não seremos enganados por aqueles que induzem ao erro; 10. Seguiremos a verdade em amor, crescendo em Cristo; e, 11. Possibilitaremos a cooperação de cada membro na edificação do corpo de Cristo.
Quando uma igreja dá a devida importância ao ministério quíntuplo a abrangência, o alcance do seu ministério fica visivelmente ampliado alcançando assim os alvos e os propósitos que o Senhor Jesus estabeleceu para ela, em particular.
A 4ª responsabilidade é reconhecer a atuação especifica de cada uma das pessoas-dons
É importante sabermos identificar claramente a atuação de cada uma das pessoas dons, que compõe o ministério quintuplo. Temos que perceber que quando um pastor tem a necessidade de atuar como um evangelista nenhum dos dois ministérios renderá satisfatoriamente. Assim também um profeta fracassará rapidamente quando for designado para substituir um mestre. Porém, quando um profeta conseguir servir na sua área ministerial adequada, que é profetizar e orientar as ovelhas a olhar novamente para a Palavra de Deus, certamente os cristãos alcançarão melhores níveis de maturidade. Como diz Simson: "Os cinco ministérios foram criados por Deus para que funcionem em harmonia e sinergia, cooperando e complementando-se mutuamente". (2001, p.131). Ao possibilitarmos o ministério múltiplo atuar de maneira adequada, o corpo de Cristo será edificado, alcançando a maturidade.
Um cristão discipulado, treinado, aperfeiçoado e equipado equilibradamente, além de tornar-se maduro com mais rapidez servirá de modo mais completo ao Senhor no alcance do tríplice alvo: glorificar a Deus; servir para a edificação do corpo de Cristo; e demonstrar ao mundo a realidade do reino de Deus.
Ilustrações das pessoas-dons
É importante compreendermos que o ministério quíntuplo constitui-se numa afirmação fundamental do Novo Testamento e de uma maneira bem clara, se a igreja de hoje deseja seguir as instruções bíblicas devemos considerar a sua aplicabilidade com urgência. A cada um dos cinco ministérios mencionados foi atribuído um dom próprio que corresponde a uma tarefa e, esta serve para capacitar as diversas áreas da igreja ou a totalidade da igreja para a realização dos seus ministérios. Através de ilustrações ou comparações é possível percebermos as atuações do ministério quíntuplo quando lhe possibilitarem o desenvolvimento das tarefas.
Os cinco dedos da mão
De acordo com Simson, Gerald Coates ilustrou o ministério quíntuplo com os cinco dedos da mão e, assim, cada pessoa-dom é um dedo: "O apóstolo é o polegar. Propicia estabilidade, mantém o equilíbrio e pode estar literalmente em contato com todos os outros dedos; O profeta é o dedo indicador. Ele aponta para alguém e anuncia: "Você é a pessoa!"; O evangelista é o dedo médio, que alcança mais longe para dentro do mundo; O dedo anelar simboliza o pastor e vigia de ovelhas, que cuida dos relacionamentos internos; Por fim, o dedo mínimo simboliza o mestre. É capaz de se introduzir em qualquer ouvido, transmitindo ali as verdades do evangelho" (2001, p.124-125).
Ao reconhecermos a atuação específica de cada pessoa-dom seremos todos beneficiados, pois, como diz Simson (2001, p. 125-128) Em sentido bíblico, o pastor é um vigia natural. Ele fica próximo das ovelhas; Em termos figurados, o profeta está pelo menos cinco quilômetros à frente do rebanho. Ele está orando atrás da próxima curva ou subiu num monte para ver o horizonte; O apóstolo, não está distante do rebanho quanto o profeta. Ele está a três quilômetros à frente, no topo de uma elevação para ter uma visão geral, estudar os mapas de novos locais para onde levar o rebanho; O mestre ensina a uma certa distância crítica do rebanho. Está a um quilometro do rebanho e dali pode enviar seus cães quando as ovelhas não se comportam ou se afastam do rebanho; O evangelista, circunda o rebanho a uma distância exata para não ser marcado demais pelo "cheiro do estábulo" e não espantar com esse cheiro várias ovelhas desviadas , mas ao mesmo tempo está próximo o suficiente para reconduzir ao rebanho as ovelhas perdidas.
Usando ainda outra ilustração podemos entender a particularidade de cada pessoa-dom ao refletirmos sobre Os sistemas de funcionamento do corpo humano
No texto de Efésios 4. 11 encontramos as cinco pessoas-dons dadas por Jesus para a capacitação da igreja, que podem representar os cinco sistemas vitais para o funcionamento do corpo humano: 1) Os apóstolos representam o sistema músculo/esquelético - têm a função de servir de base, de ser fundamento. São os iniciadores; 2) Os profetas representam o sistema nervoso - têm a função de interpretar a mente de Deus para o povo; 3) Os evangelistas representam o sistema digestivo - têm a função de trazer elementos de fora para dentro do Corpo, visando o seu crescimento; 4) Os pastores representam o sistema circulatório - têm a função de nutrir de modo saudável o Corpo. Cuida do crescimento do Corpo; e, 5) Os mestres representam o sistema respiratório - têm a função de purificar e filtrar o ar (ambiente) do Corpo. Cuidam da pureza do Corpo. Quanto damos oportunidade para cada um dos componentes do ministério quintuplo realizar o seu ministério, desenvolver o seu dom espiritual toda a igreja é beneficiada!
A 5ª responsabilidade é reconhecer que individualmente e coletivamente produzimos maturidade.
Mas, além desse papel destacado da liderança para a edificação da igreja, é importante percebermos que Jesus tem um plano mais abrangente para com os seus seguidores. O que Jesus Cristo quer é que, individualmente, cada cristão esteja preparado para participar ativamente de forma madura no ministério que deve ser desenvolvido em três direções: verticalmente, deve ser dirigido a Deus, em adoração; horizontalmente, deve ser dirigido ao mundo, em serviço e evangelização; e, mutuamente, deve ser dirigido à propria igreja, ao próprio corpo, em instrução, em comunhão e, em serviço. A utilização, no versículo 12, de  adjetivo, genitivo masc. plural "santos" refere-se a todos os cristãos, a todos que têm Jesus como seu Senhor e não classifica ou distingue uma classe especial de cristãos, conforme podemos observar em outros textos como At 9.32; Rm 1.7; 15.26; 1Co 1.2 e 6.11, em que todos fomos chamados para sermos santos. O Senhor Jesus, a cabeça do corpo, da igreja quer o envolvimento de cada membro no processo de amadurecimento do próprio corpo. O que Jesus Cristo quer é que a sua igreja não seja mais separada em atuantes e espectadores. O que Ele quer é que o evangelho todo seja experimentado e proclamado por toda a igreja para o homem todo, para a glória de Deus.
CONCLUSÃO
Deus em Cristo proveu recursos maravilhosos para uma vida cristã abundante, tanto individual como coletiva. Deus mesmo concede forças, estratégias, ânimo e persistência para a igreja continuar a sua marcha. Mesmo passando por períodos em que os princípios bíblicos são esquecidos e não praticados, a igreja, por ter sido fundada e permanecer firmada na rocha, que é Cristo, continua sua trajetória desde há muito tempo (desde a eternidade) planejada e estabelecida.
O Senhor continua concedendo os recursos necessários para a igreja alcançar os alvos por Ele estabelecidos. Mas esses recursos não são apenas capacitações especiais, capacitações miraculosas. O Senhor concede recursos humanos. São as pessoas-dons que, quando utilizadas corretamente pela própria igreja proporcionam o crescimento e o amadurecimento projetados para ela. Mas, são também “todos os santos”, isto é, todos nós que treinados e equipados pelos que compõe a liderança da igreja desenvolvemos nossos ministério que farão com que a igreja seja percebida nesse mundo, nessa dimensão, mas também seja percebida e sirva de testemunho para os principados e potestades nos lugares celestiais (3.10).
Que Deus nos abençoe nesses propósitos!

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