domingo, 26 de outubro de 2014

Ef 4.17-24 - Através da Bíblia - O viver pessoal digno(A)

Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia" com nossos corações cheios de alegria, aquela alegria que só o Senhor Deus nos dá. Alegramo-nos pela maneira carinhosa que temos sido tratados por você, pois, através das cartas que recebemos percebemos essa comunhão que só existe quando pertencemos a mesma família. Hoje, eu registro o e-mail que o ASS nos enviou da cidade de Boa Vista, no estado do Roraima. Essa é parte da sua mensagem: "Olá Pastor Itamir. Paz e graça do Senhor Jesus Cristo. Tenho algumas dúvidas a respeito do seguinte assunto: Mentalidade Espiritual. O que é? Quais são as ações que um crente em Cristo deve ter a respeito de sua vida na igreja. Como posso proceder para ajudar os irmãos de minha igreja? Ficarei muito grato se for possível uma ajuda". Querido amigo, somos gratos por sua correspondência e como já lhe respondi detalhadamente no e-mail, a mentalidade espiritual é uma das características do cristão espiritual, que tem a mente de Cristo, conforme já estudamos em 1Co 2.16. De fato, creio que este deve ser o desejo de todo cristão: andar e agir de tal maneira que os irmãos sejam edificados e Deus seja glorificado. Agora, te convido para aquele momento especial em que elevamos os nossos pensamentos para falarmos com Deus. Vamos orar: "Pai querido, chegamos à tua presença agradecidos porque a tua misericórdia dura para sempre. Te louvamos porque a tua bondade se renova constantemente sobre as nossas vidas. Agradecemos o teu perdão, pois tu apaga de nós as nossas transgressões. Senhor, conforme a tua vontade, atende a necessidade de cada um de nós que te buscamos nessa hora. Senhor, conceda-nos também a iluminação do teu Espírito para essa hora de estudo. Nós oramos, em nome de Jesus, Amém!".
Querido amigo, hoje temos como alvo estudarmos Ef. 4.17-24. Este texto é uma seqüência do que Paulo vinha falando da igreja, de como ela pode demonstrar maturidade e como isso requer o envolvimento de cada um de nós, em nossa caminhada individual na carreira cristã. Como constatamos no parágrafo anterior, para a igreja se tornar madura é necessário darmos cinco passos, um após o outro: 1) É necessário haver cooperação, mutualidade, pois a própria natureza ensina a cooperação, como podemos ver no exemplo das formigas, das abelhas e do nosso próprio corpo. Devemos somar os esforços mútuos para a realização da missão da igreja. 2) É necessário que esta cooperação mútua tenha por base um compromisso individual, com Cristo. É necessária uma vida autêntica, pois só assim ao invés de buscarmos os nossos próprios interesses, estaremos priorizando a edificação do corpo de Cristo. 3) É necessário que esta cooperação seja realizada por cristãos maduros, devidamente equipados, capacitados e habilitados, pois só quando individualmente estivermos treinados poderemos servir de apoio para aqueles que estão dando os seus passos iniciais na sua peregrinação espiritual. 4) É necessário possibilitarmos a realização do ministério de cada cristão identificando primeiramente se ele é um capacitador ou um realizador. E, 5) É necessário que cada cristão, consciente do seu dom espiritual desenvolva o seu ministério, visando a edificação do corpo de Cristo.
É exatamente essa a afirmação que vemos no verso 16, onde cada um dos membros deve atuar de modo a beneficiar todo o corpo. Mas, para que isso aconteça, é necessário que individualmente tenhamos consciência da necessidade que temos de uma vida pessoal digna vivendo com discernimento espiritual. E, é sobre esse assunto que trataremos ao considerarmos o texto que está à nossa frente. Porém, antes de fazermos os nossos comentários quero ler o texto bíblico alvo de nossa meditação. Ef 4.17-24:
[17 Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, 18 obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, 19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. 20 Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, 21 se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, 22 no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, 23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, 24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.]
Diante desse texto tão rico, esclarecedor mas, ao mesmo tempo desafiador, o título que sugiro para este estudo é:
O VIVER PESSOAL DIGNO
EF. 4.17 - 24
Introdução
A seqüência do texto que Paulo iniciou em 4.1 ocorre agora sendo este um longo trecho que trata da dignidade que o cristão deve evidenciar nas diversas áreas do seu viver pessoal.
Mas, pode surgir da parte de alguns a seguinte pergunta: Não seria suficiente crer em Cristo e nos prepararmos para estar com ele quando ele nos chamasse? Para que cumprir tantas exigências se já fomos libertos da Lei? Essas perguntas surgem da parte de alguns cristãos que não entenderam o que o Senhor quer de cada um de nós e de toda a igreja em conjunto. Essas perguntas surgem da parte de alguns cristãos que não tem coragem ou não tem liberdade para expressar suas dúvidas e insatisfações e, assim, esses cristãos acham mais fácil retrocederem e abandonam a sua caminhada cristã. E quando isso acontece, vale a pena refletirmos: será que eram verdadeiramente cristãos? Será que tinham sido realmente transformados?
O que Paulo propõe como um comportamento pessoal digno tem toda razão de ser. Na verdade, não é só a vontade de Paulo, mas é a vontade do Senhor Jesus que cada cristão demonstre um comportamento diferenciado, pois é através desse tipo de vida digno que fica evidente e se revela o grande poder transformador do Senhor Jesus Cristo na vida daqueles que o recebem como Senhor e Salvador. Então, a pergunta que devemos fazer, não é porque tantas exigências, mas, tenho mostrado em minha vida a transformação que Jesus produz? Tenho mostrado em minha vida que a minha posição é diferente? Tenho mostrado em minha vida que antes eu andava segundo o príncipe deste mundo, segundo os desejos da minha velha natureza e de acordo com os meus pensamentos e agora sou uma nova criatura, dirigida e cheia do Espírito Santo? Essa é a pergunta que todos nós temos que fazer!
É importante reafirmarmos e vivermos conscientes de que o cristianismo não é apenas um novo código de comportamento ético-moral. É importante sabermos que o Sermão do Monte não é uma nova lei, que Jesus impõe aos cristãos. Não! O cristianismo é um novo estilo de vida, em que os valores da velha vida são completamente diferentes dos valores da nova vida. O cristianismo não é a obediência a uma série de leis legalistas. Não! O cristianismo é uma resposta de gratidão dos redimidos da escravidão do pecado ao seu Senhor, que é amoroso, compassivo e misericórdioso. A vida de santidade, as exigências que temos na vida cristã, não são penosas, mas são desenvolvidas em gratidão e reconhecimento do que ele fez por nós. E, uma vez que o nosso redentor e o nosso remidor, é santo, queremos também viver em santidade para agradá-lo, para agradecer-lhe por tão grande salvação. O cristianismo é uma resposta cheia de gratidão ao Senhor Jesus Cristo, por tudo quanto ele fez por nós!
Então, depois de nos apresentar o viver cristão digno no contexto do corpo de Cristo onde todos e cada um dos cristãos são estimulados a desenvolverem relacionamentos que edifiquem a totalidade dos membros desse mesmo corpo, Paulo nos orienta como desenvolver esse novo estilo de viver em nossa vida pessoal. Em síntese ele está dizendo que se a degradação dos pagãos é resultado da futilidade das suas mentes, a vida cristã digna depende da aquisição da sabedoria espiritual que só encontramos em Cristo. As orientações deste trecho são extremamente práticas e desafiadoras. Por isso, de maneira sintética, podemos dizer que esse texto nos diz que:
Todo cristão é desafiado a desenvolver sabiamente um viver pessoal digno.
Este texto nos mostra sete maneiras de desenvolvermos sabiamente um viver pessoal digno:
Vamos ler novamente o texto numa linguagem mais fácil de entendermos. Essa é a versão da Linguagem de Hoje:
“17 Portanto, em nome do Senhor eu digo e insisto no seguinte: não vivam mais como os pagãos, pois os pensamentos deles não têm valor, 18 e a mente deles está na escuridão. Eles não têm parte na vida que Deus dá porque são completamente ignorantes e teimosos. 19 Eles perderam toda a vergonha e se entregaram totalmente aos vícios; eles não têm nenhum controle e fazem todo tipo de coisas indecentes. 20 Mas não foi essa a maneira de viver que vocês aprenderam como seguidores de Cristo. 21 Com certeza vocês ouviram falar dele e, como seus seguidores, aprenderam a verdade que está em Jesus. 22 Portanto, abandonem a velha natureza de vocês, que fazia com que vocês vivessem uma vida de pecados e que estava sendo destruída pelos seus desejos enganosos. 23 É preciso que o coração e a mente de vocês sejam completamente renovados. 24 Vistam-se com a nova natureza, criada por Deus, que é parecida com a sua própria natureza e que se mostra na vida verdadeira, a qual é correta e dedicada a ele”.
Se você reparou bem na leitura, logo no início do verso 17 Paulo diz que afirmava e testificava, no Senhor... Mas o que Paulo quis dizer com essa frase? Certamente ele se referia aos versos 1-16, nos quais ele mostrou que a vida devia ser vivida de tal maneira que refletisse o padrão da chamada de Deus, que nos chamou para viver dignamente (4.1); mas ele se referia também ao restante do capítulo, pois nesses próximos parágrafos ele enumerou um série de princípios que deveriam ser seguidos pelos cristãos que quizessem viver dignamente. Com essa expressão: “digo e testifico” Paulo estava chamando a atenção dos efésios para essas verdades importantes e decisivas para a vida cristã. E com a expressão “no Senhor” Paulo estava claramente demonstrando que as suas palavras estavam sendo escritas com a autoridade do Senhor Jesus, o Senhor da igreja.
Muito bem agora podemos reafirmar que todo cristão é desafiado a desenvolver sabiamente um viver pessoal digno. E, aqui vamos verificar essas sete maneiras de desenvolver sabiamente esse viver pessoal digno:
A 1ª maneira é abandonarmos o antigo modo de pensar, vs. 17-18
Mas, a pergunta que deve ser respondia é: como era a vida dos gentios? Como era a vida dos pagãos? E o próprio Paulo responde essa questãos dizendo que eles viviam na vaidade dos próprios pensamentos (17), isto é, viviam com a mente vazia, viviam com total ausência de objetivos. Viviam de modo fútil, tanto intelectualmente como moralmente; uma vida sem direção, resultados positivos e imoral. Mas por que viviam assim? Porque as suas mentes eram mentes ainda não transformadas, ainda não renovadas. A maneira de pensar do não cristão é vazia e sem razão. Seus objetivos, seus alvos são para essa vida, portanto são alvos passageiros. O cristão deve ter outro tipo de pensamentos: pensa nas coisas do alto (Cl 3.1) e ocupa seus pensamentos com coisas que edificam (Fl 4.8-9)
A 2ª maneira é abandonarmos a vida comandada por um coração endurecido, vs. 18-19
Uma outra característica do homem sem Cristo é que o seu entendimento está obscurecido, isto quer dizer, uma mentalidade condiciona às trevas. Uma vida que tem prazer nas trevas e não na luz, conforme o próprio Jesus mencionou em Jo 3.19-21. A falta de sentido na vida dos homens sem Cristo é visível aqui, pois os seus corações vivem endurecidos, isto é, estão petrificados, não são sensíveis a ação do Espírito Santo. Estão alienados, estão separados de Deus pela ignorância, pela dureza de coração. A vida do não cristão, mesmo que ele não admita, a Bíblia assim o descreve: é alguém que tem uma vida alheia a Deus, uma vida ignorante, que vive com um coração duro (18) e insensível (19), tendo sua mente e coração cauterizados, com calosidade.
A 3ª maneira é abandanarmos a vida entregue à dissolução e impurezas, vs. 19
O resultado dessa insensibilidade, dessa vida que já não sente mais nada, dessa consciência calejada, desse coração de pedra é a dissolução desmedida, a completa impureza, isto é, uma entrega completa de sua existência ao pecado, aos prazeres exigidos pela natureza caída. É uma entrega desenfreada aos alvos que não foram propostos por Deus para a vida humana. Já que o pecado é errar o alvo, esses tais vivem errando o alvo e não se abalam com isso. A palavra impureza no original poderia ser traduzida também por avareza, por cobiça, por ambição. Essa vida longe de Deus primeiro leva às trevas mentais, mas, na seqüência, leva essa pessoa sem Cristo à insensibilidade de alma e desencadea numa vida entregue as praticas mais vis, como Paulo descreveu em Rm 1.18-32. Somente a ação poderosa do Espírito Santo é que pode quebrantar essa vida e dar-lhe um sentido em sua existência.
A 4ª maneira é viver conforme o aprendizado de Cristo, vs. 20-21
E, exatamente, porque Deus nos deu vida juntamente com Cristo Jesus (2.1 e 5) é que também nós deixamos junto com os efésios essa vida que não era vida. Deixamos de ser controlados pelo diabo, pela velha natureza, a carne, e deixamos de ser controlados pelos pensamentos vazios e sem objetivos. Isso aconteceu comigo e certamente aconteceu com você que está me ouvindo e é cristão. A figura que Paulo usa nos remete a um ambiente escolar e, em outras palavras diz que Cristo é o conteúdo, o mestre e o ambiente do ensino (discipulado) verdadeiro. Essa é a grande afirmação desses versos, que mostram porque a nossa vida deve abandonar o passado e se aprimorar na nova condição que temos “em Cristo”. É importante fazermos algumas observações sobre essas colocações de Paulo. 1) Ele diz que aprendemos, usando o verbo no passado, significando que o aprendizado aconteceu anteriormente, e isso nos remete ao momento da conversão. Não aprendemos sobre Cristo. Aprendemos a Cristo! Por isso, ele é o conteúdo do nosso aprendizado. 2) Mas, ele diz também, conforme o grego, que nós já o ouvimos. Mas, eu pergunto: Será que o ouvimos e ainda o temos ouvido? Espero que você ainda ouça o Senhor. Afinal ele é o nosso mestre, o nosso professor. Como bem disse Pedro: Só tu tens as palavras da vida eterna (Jo 6.68-69). 3) E, finalmente, Paulo usando novamente o verbo no tempo aoristo, na ação completa, diz que em Jesus fomos instruídos, segundo a verdade. Isso reforça a idéia que mencionamos que em Jesus temos o ambiente do ensino.
A 5ª maneira é viver de acordo com o que recebemos de instrução verdadeira, vs. 21
A pergunta que surge então pode ser formulada da seguinte maneira: Qual deve ser a atitude do cristão em relação a essa nova posição que temos em Cristo? Ainda no verso 21 podemos seguir a ilustração, ainda no ambito escolar. Podemos dizer em termos comparativos que Jesus é a sala de aula; Jesus é o professor, e, Jesus é o conteúdo do ensino. Quando pensamos na profundidade dessa nova posição, certamente nos vem a confirmação de que estamos aprendendo a verdade, a verdade cristã, que liberta, pois quando conhecemos a verdade ela nos liberta (Jo 8.32) do fútil procedimento do passado. E como devemos reagir a esse fútil procedimento do passado? Qual a nossa atitude em relação ao velho homem? A nossa atitude para com a vida passada é a sexta maneira de vivermos dignamente:
A 6ª maneira de viver dignamente é nos livrar de tudo o que se relaciona com o pecado, vs. 22
O texto deste verso 22 nos diz exatamente isso: abandonem a velha natureza de vocês, que fazia com que vocês vivessem uma vida de pecados e que estava sendo destruída pelos seus desejos enganosos. Devemos nos despojar de tudo o que se relaciona com o passado. Devemos nos despojar do velho homem que se corrompe por desejos enganosos. A antiga maneira de viver, segundo a antiga natureza não é compatível com a nova vida. Despojar significa, jogar fora, colocar de lado, abandonar, despir-se.
Os valores do velho homem devem ser desfeitos, necessitam ser abandonados, pois eles corrompem, pois estão controlados por desejos enganosos.
A 7ª maneira é viver de modo renovado, revestido do novo homem, vs. 23-24
O cristão então tem uma responsabilidade a cumprir. Uma responsabilidade subdividida em duas ações: 1) O cristão deve renovar o seu entendimento, renovar a sua maneira de pensar. Como disse Paulo aos romanos é necessário uma mudança radical, uma metanóia, isto é uma conversão, uma mudança de mente e rumo (Rm 12.2). A busca de uma mente renovada é o alvo do verdadeiro cristão. Ter um espirito renovado é ter uma vida interior totalmente diferente da vida passada. 2) Mas, o cristão também deve revestir-se do novo homem. Uma vez que ele se despiu do velho homem, agora é hora de trocar de roupa. Agora é a nova roupagem. Uma roupa nova, criada por Deus, feita por Deus, como ele fez aquela vestimenta para Adão e Eva. A roupa que eles usavam não foi suficiente. Somente com a roupa de animais sacrificados houve cobertura do ato pecaminoso que tinham feito. A roupa nova do cristão é feita com os tecidos da justiça e da retidão, tecidos no tear da verdade.
CONCLUSÃO
Essa é a diferença entre os dois tipos de vida. Você tem se vestido dessa maneira? O novo homem criado segundo Deus significa que passamos a viver de acordo com o que Deus é em si mesmo. Viver segundo Deus é viver uma vida de qualidade superior, quando comparamos uma vida com a outra. Mas, é possível viver dessa maneira? Sim! Só através do Espírito Santo!

© 2014 Através da Biblia

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