Efésios 1.3-6
Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia". Você que tem nos acompanhado sabe que temos seguido adiante com o nosso projeto de estudar toda a Palavra de Deus publicando os comentários que fazemos a partir dos nossos estudos. Fazemos isso para proclamar com integridade a genuína Palavra de Deus e porque vocês têm escrito compartilhando sobre o privilégio de termos um programa com interpretações seguras e relevantes. As correspondências que vocês enviam demonstram carinho e amizade cristã. Quero incentivá-lo a nos escrever sobre suas boas experiências no estudo da Palavra. Foi sobre essas experiências que recebemos um e-mail da ZAH que, mesmo sem nos informar a sua cidade nos enviou a seguinte mensagem: “A Trans mundial é minha companheira de trabalho. Gosto muito dos hinos e de toda a programação, mas especialmente do Através da Bíblia porque os seus estudos são profundos. Também gosto do projeto Ana, que valoriza a mulher assim como Jesus Cristo valorizou. Um grande abraço a toda a equipe da RTM”. Querida irmã, obrigado por suas palavras de incentivo e apoio. Louvamos a Deus por sua vida e por sua fidelidade em estudar a Sua Palavra. Certamente Deus tem lhe recompensado. O fato de você compartilhar conosco que toda a programação da RTM serve para a sua edificação nos traz muita alegria e ao mencionar o Através da Bíblia e o projeto Ana indica a sua audiência fiel. Obrigado pela divulgação dos nossos programas e, também agradecemos a sua disposição em orar por nós e é para isso que temos convocado a todos vocês, a se unirem em oração em nosso favor. É exatamente para orarmos que te convido agora. Vamos orar: “Pai querido, obrigado pela tua direção e pela misericórdia que tu nos dás. Pedimos a iluminação do Teu Espírito para o programa de hoje. Que ele sirva para edificação para cada um dos nossos ouvintes. Pai pedimos isso baseados na Tua misericórdia, em nome de Jesus. Amém”.
Querido amigo hoje temos como alvo iniciarmos o estudo do parágrafo mais longo de toda a Bíblia. Vamos estudar Efésios 1.3-14, e este estudo será dividido em três programas. Hoje vamos estudar os versos 3-6 deste primeiro capítulo de Efésios. Mantenha sua Bíblia aberta.
Vou ler estes versos em duas versões bíblicas acompanhe-me:
[3Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 4 assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado,
E, agora, noutra versão bíblica
3Agradeçamos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, pois ele nos tem abençoado por estarmos unidos com Cristo, dando-nos todos os dons espirituais do mundo celestial. 4Antes da criação do mundo, Deus já nos havia escolhido para sermos dele por meio da nossa união com Cristo, a fim de pertencermos somente a Deus e nos apresentarmos diante dele sem culpa. Por causa do seu amor por nós, 5Deus já havia resolvido que nos tornaria seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o seu prazer e a sua vontade. 6Portanto, louvemos a Deus pela sua gloriosa graça, que ele nos deu gratuitamente por meio do seu querido Filho.
Para todo o parágrafo que abrange os versos 3-14 temos dado o seguinte título que nos ajuda entendê-lo
LOUVOR PELAS BÊNÇÃOS DIVINAS PARA OS CRISTÃOS
EF. 1.3-6 nos conduz a uma parte dessas bênçãos que temos originadas em Deus.
Introdução
No grego original, estes doze versos formam uma única sentença gramatical complexa. Não há pausa nem para tomar fôlego.
Você deve imaginar Paulo em sua prisão na cidade de Roma, algemado a um soldado, que talvez ainda não fosse cristão, ditando essa carta ao seu amanuense.
Estavam com Paulo nessa primeira prisão, em sua casa alugada pelo menos dez outros cristãos: Lucas (At 28.14-15; Cl 4.14; Fm 24); Timóteo (Fl 1.1, 2.19-23; Cl 1.1; Fm 1); Tíquico (Ef 6.21-22; Cl 4.7-8); Epafrodito, que viera da igreja dos Filipenses para ajudá-lo (Fl 2.25-30); Onésimo, que estava sendo “devolvido” ao seu senhor Filemom (Cl 4.9; Fm 10-12); Aristarco, um cristão judeu (Cl 4.10; Fm 24); João Marcos, que já tinha viajado com Barnabé (Cl 4.10; Fm 24); Jesus, um judeu convertido, conhecido por Justo (Cl 4.11); Epafras que pode ser o mesmo Epafrodito (Cl 4.12; Fm 23) e Demas (Cl 4.14; Fm 24), provavelmente o mesmo que tendo amado o mundo, abandonou a Paulo e foi mencionado por ele em 2Tm 4.10. Na verdade estava reunido ali naquela casa-prisão, naquela prisão domiciliar um “pequeno grupo” de cristãos que se amavam, que juntos estudavam a Palavra de Deus, isto é o Antigo Testamento; que juntos estudavam as palavras e os feitos de Jesus, pois nessa época, provavelmente o rascunho, o esboço de Marcos já estava completo e Marcos estava presente, além de Lucas também estar ali escrevendo o seu evangelho e fazendo as anotações finais do livro de Atos. Enfim, era uma comunidade de líderes cristãos da mais alta qualidade! Mas, além disso, em meio a esse clima todo, havia uma igreja nascendo e se desenvolvendo no palácio de Cesar, formada pelos guardas pretorianos, certamente levados a Cristo através do ministério do apóstolo Paulo (Fl 1.13; 4.22).
Nesse ambiente, em meio a essa movimentação sagrada é que Paulo demonstrou seu cuidado para com as igrejas e escreveu essas cartas aos filipenses, aos colossenses, ao hospedeiro da igreja de Colossos, Filemon e, escreveu também essa carta, que poderia ser uma carta circular, levada primeiramente aos efésios, mas que depois seria lida também pelas outras igrejas da Ásia, conforme podemos deduzir de Cl 4.16 em que o próprio apóstolo pede para que as suas cartas circulem entre as várias igrejas.
Nesse ambiente em que se sentia a presença de Deus Paulo ditou esse parágrafo. Esses versos têm sido chamados de "um magnífico portal"; "um maravilhoso hino de louvor"; "um elogio ao nosso grande Deus". Na verdade, um louvor a Deus Pai, a Jesus, o Cristo e ao Espírito Santo, um louvor que brotava de um coração cheio e transbordante de gratidão.
Todo o parágrafo, dos versos 3-14 constitui-se num hino cristológico, como temos outros hinos em Fl 2.5-11 e Cl 1.13-20. Segundo a maioria dos estudiosos, a igreja primitiva já cantava a sua fé, em expressão de louvor e adoração, bem antes de formular uma confissão por escrito e bem antes do cânon das Escrituras do Novo Testamento ter sido composto e definido. Esse parágrafo é um desses hinos cristológicos e, ele é formado em três partes:
Nesse parágrafo encontramos uma referência deliberada à Trindade que, embora ainda não fosse uma doutrina elaborada e estudada, era uma realidade experimentada no cotidiano. Esse hino destaca a obra de Deus (versos 3-6); a obra de Jesus Cristo (versos 7-12); e, a obra do Espírito Santo (versos 13-14). Ao mesmo tempo em que este hino descreve o que a Trindade faz, ele mostra também para que a Trindade age dessa maneira.
Temos sempre que lembrar, pois essa é uma verdade irrefutável: as obras de Deus não são frutos do acaso, são planejadas, objetivas e propositais.
Nessas ações divinas feitas em favor dos cristãos a origem das bênçãos é de Deus-Pai; a esfera das bênçãos é em Cristo; e, a natureza das bênçãos é do Espírito Santo, pois são bênçãos espirituais. Podemos ver nesse parágrafo singular, nessa estrutura trinitariana o Pai elegendo (3-6); o Filho redimindo (7-12); e o Espírito Santo selando (13-14). E, ainda nessa divisão percebemos um aspecto cronológico: O Pai agindo no passado, desde a eternidade; o Filho agindo na época presente, desde a sua encarnação; e o Espírito Santo agindo no futuro, conduzindo-nos desde a sua vinda para inaugurar a igreja até o momento de nos levar à presença do Senhor!
Mas, além de serem planejadas e objetivas, dissemos que todas as ações da Trindade são propositais, isso é, elas tem um propósito, uma razão de ser. A razão de ser dessas bênçãos, o propósito dessas bênçãos é o louvor da glória de Deus.
Esse detalhe se observa no tom de louvor e adoração: [Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... (3)] e, ainda [para o louvor de sua glória (6, 12, 14).] Um correto entendimento de quem é Deus, na sua tríplice manifestação nos leva à adoração, mas, uma correta compreensão daquilo que Deus faz por nós nos leva ao louvor. O estudo deste texto deve nos fazer adorar e louvar!
Na verdade, esse parágrafo é uma maravilhosa introdução ao livro de Efésios que revela “A Nova Sociedade de Deus”, e, “O Plano Divino em Relação ao Ser Humano”, pois descrevem o tema destas palavras inspiradas do apóstolo Paulo.
O texto desse parágrafo trata da revelação de um mistério, outrora oculto, para uma nova sociedade, para uma nova criação que Deus está fazendo, através de Cristo, isto é, "em Cristo"! Este mistério foi revelado e é maravilhoso: [Cristo em vós, a esperança da glória (Cl 1.27).]
Ao estudarmos este texto encontramos, em síntese, a seguinte afirmação:
Diante das bênçãos divinas em todos os tempos cada cristão deve viver para o louvor da glória da graça de Deus
Nestes versos encontramos sete verdades sobre as bênçãos divinas que nos motivam a viver para o louvor da graça de Deus foram concedidas a cada cristão
E em cada um desses programas vamos nos ocupar com uma etapa em que essas bênçãos nos foram concedidas. No programa de hoje vamos refletir sobre as bênçãos localizadas no passado, bênçãos que vêm do Pai.
No PASSADO os cristãos foram abençoados pelo Pai - 1.3-6
1. O Pai nos abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais - v.3
1.1. A bênção é espiritual, isto significa também - bênção do Espírito Santo. [nos abençoou] significa, nos tornou benditos!
1.2. Há um contraste com as bênçãos do AT, que eram em grande medida materiais: uma boa colheita, abundância de gado e de ovelhas; fruto na vide e oliveira; liderança das nações; as bençãos materiais não são dadas obrigatoriamente. Podem ou não ocorrer. Pode haver chuva para que a semente germine, mas pode haver seca e não haverá colheita.
1.3. As bênçãos materiais do NT são alimentação, moradia, e as demais coisas serão acrescentadas ao buscarmos em 1o lugar o seu reino e a justiça divina;
1.4. As bênçãos espirituais do NT são a lei de Deus escrita em nossos corações; o conhecimento pessoal de Deus; o perdão dos pecados; a presença e a direção do E. Santo. A benção espiritual é a capacidade de vivermos acima das coisas passageiras da vida, não permitindo que elas nos afetem, nos entristeça, nos façam vivem sem graça, isso é, desgraçadamente, ou seu paz, isso é, ansiosos, temerosos e apreensivos.
2. O Pai nos abençoou com bênçãos nas regiões celestiais - v.3
2.1. Só em Efésios essa expressão ocorre 5 vezes (1.3, 20; 2.6; 3.10; 6.12);
2.2. Não é um local geográfico. É o mundo invisível da realidade espiritual - 1.3. A benção espiritual nos eleva para outro plano, pois elas nos levam aos lugares celestiais. Nessa esfera de vida, onde pensamos nas coisas de cima e não nas que são aqui da terra (Cl 3.1) nos já antevemos e usufruímos da graça e da paz que só o Senhor nos concede!
2.3. É onde a igreja, a nova sociedade proclama a multiforme sabedoria de Deus - 3.10 e os principados e potestades continuam a operar desejando nos derrotar - 6.12;
2.4. Mas, é onde Cristo reina supremo e nos reinamos com Ele - 1.20-21; 2.6! Nós reinamos com Cristo porque já morremos com Cristo e, uma vez que já morremos (conf. Cl 2.20) não estamos mais sujeitos aos legalismos dos homens; e uma vez que já ressuscitamos (conf. Cl 3.1) buscamos as coisas lá do alto.
3. O Pai nos abençoou antes da fundação do mundo - v.4
3.1. Na eternidade, antes da fundação do mundo Deus formulou um propósito na sua mente;
3.2. Sua decisão se deu no passado (aoristo) de modo absoluto;
3.3. Antes de existirmos para não que nenhum mérito fosse nosso;
3.4. Mesmo ainda quando não existíamos o Pai resolveu tornar-nos seus filhos, através da redenção em Cristo; Ele nos concedeu tudo isso de graça em Jesus, no Amado!
A eleição é um ato de Deus. O homem não pode basear-se em si mesmo, pois ele não é o fundamento da salvação. A eleição como ato de Deus quer mostrar que a iniciativa pertence somente a Deus, que não nos chama por causa dos nosso méritos, mas nos chama, nos elege, nos escolhe apenas porque ele nos ama tanto que deu o seu filho por nós!
4. O Pai nos abençoou através da sua escolha - v.4
4.1. Esse propósito envolvia planos em relação a Cristo e em relação a nós;
4.2. Ele nos escolheu não para oferecer sacrifícios, pois Jesus já fora oferecido. A escolha, o chamamento era para sermos santos e irrepreensíveis, porque éramos ímpios e culpados;
4.3. Ao invés dessa verdade nos deixar relaxados, ela nos estimula à santidade, pois este é o seu alvo, o seu propósito;
4.4. A única evidência do chamamento, da eleição é uma vida santa - separados, puros; e irrepreensíveis, isto é, uma vida imaculada. Por isso desde o Antigo Testamento os sacrifícios deveriam ser imaculados, irrepreensíveis. E isso tudo deve acontecer por amor. Na vida cristã nada é por obrigação e, tudo deve ser por amor. Deus requer esse tipo de vida daqueles que ele abençoa.
Pedro também enfatizou essa exigência (1.16). Ele repetiu, e reenfatizou (1Pe 2.9) as palavras que Deus deu a Moisés quando ele estabeleceu as normas para que o homem se relacione com ele, lá em Lv 11.45 e 19.2 (com Êx 19.6, pois no acerto da aliança, o povo de Deus deveria ser uma nação santa), Deus requer santidade do seu povo, pois ele é um Deus santo (Is 6.3). Mas a nossa vida de santidade não deve ser encarada como obrigação, mas deve ser desenvolvida por amor, como gratidão a tudo o que ele nos fez.
5. O Pai nos abençoou através da sua predestinação - v.5
5.1. Essa frase é uma repetição, é um reforço da verdade que Paulo já tinha colocado. A palavra (proorisas, particípio, aoristo, ativo de proorizo) literalmente que dizer “decidir previamente”, pré-ordenar, predeterminar, destinar com antecipação. Deus nunca é pego de surpresa. Ele planejou e sabe tudo desde a eternidade. Nesse plano eterno vemos o amor e a sabedoria;
5.2. Essa escolha, essa predestinação tem como fonte o amor divino, segundo o beneplácito, isto é, o seu bom propósito;
5.3. Quem escolhe quem? Deus nos atrai com sua escolha, com o seu amor eterno, através de Cristo e nós respondemos e decidimos aceitando o seu presente;
5. 4. O amor divino teve como propósito o seu plano, de nos tornar filhos adotivos. Deus nos amou no seu Filho amado, gratuitamente.
6. A doutrina da eleição ou predestinação demonstra a soberania e o amor divino
6.1. Nesse parágrafo a escolha e a predestinação estão nos versos 4, 5, 11. No texto original do verso 4 em que tratamos da escolha, o verbo exelexato aoristo indicativo médio de eklego significa que essa eleição é para si mesmo. Deus nos elegeu para os seus soberanos propósitos.
6.2. Deus é soberano em seus planos eternos. O que Deus quer ao nos predestinar ou eleger é que nos tornemos a imagem de Jesus Cristo. Ele quer que você e eu sejamos fotografias vivas, ou então um vídeo exato de Jesus Cristo. Isso Paulo deixa bem claro em Rm 8.29.
6.3. Mas, sobretudo Deus é amor.
6.4. A sua essência é amor! Como disse Shedd (2005, p. 18) Em face da impossibilidade de desejarmos receber o seu convite, de nos tornarmos santos ou de nos tornarmos irrepreensíveis; em face da nossa inclinação e do nosso prazer pelo pecado; em face de querermos espontaneamente viver independentes de Deus, Deus tomou a iniciativa para nos colocar junto de si. Por causa do grande amor com que nos amou Deus dá a cada ser humano as condições que nos falta para chegarmos a ele. Ele coloca ao nosso lado as influências que humanamente explicam essa mudança de direção de vida. Uma pessoa, uma família, a igreja, uma leitura bíblica, uma mensagem, um hino, um acidente, a morte de alguém querido, um sucesso repentino, enfim, Deus usa os mais diversos “meios da graça” para nos atrair para si mesmo!
7. A conseqüência dessa 1a estrofe termina com um duplo propósito:
7.1. Devemos viver de modo irrepreensível e santo;
7.2. Devemos viver para o louvor da glória da sua graça - v.6
Essa graça que ele nos concedeu gratuitamente (é interessante a ênfase) no Amado, em Jesus Cristo!
Conclusão
Esta grande doxologia termina com o pensamento da posse plena de tudo o que Deus planejou para os homens e com tudo isso, em cada estágio da revelação, Ele deve ser louvado, devemos Lhe render louvor pela glória da Sua infinita graça.
Deus te abençoe.
Até o próximo programa.
© 2014 Através da Biblia
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