Na Bíblia encontramos várias listas genealógicas. Algumas famílias são apresentadas em seus vários ramos; outras vezes, apenas os nomes principais de gerações sucessivas são destacadas, omitindo-se vários elos. Além de acentuar a importância dos vínculos familiares, a genealogia nos mostra como Deus se entrelaça na ordem do humano, como se faz presente na história comum. A vida espiritual é mais do que especulação filosófica e não se reduz a conceitos; nas Escrituras, trata-se da relação entre Deus e os humanos, modelo da vida de relação entre os humanos: uma espiritualidade encarnada desde o princípio, quando o Deus Trino desejou e concebeu o ser humano (Gn 1.26). Cada personagem da história ganha maior significação ou é melhor compreendido quando sabemos dos seus antecedentes históricos, das tragédias e alegrias que acompanham suas famílias. Nas narrativas bíblicas, vários dos registros das filiações inserem comentários adicionais que contextualizam o personagem e realçam aspec tos comuns e dignificantes, como também deixam claras as falhas de caráter e os incidentes que acontecem no universo familiar. Desta forma, cada um de nós pode se identificar com os homens e mulheres de todas as condições que aparecem, representando a grande família humana. A Bíblia não deixa lugar para idealização de nenhum personagem, "pois todos pecaram" (Rm 3.23). Quanto ao registro dos antepassados de Jesus, o Filho e Deus, encontramos que é nascido de uma jovem virgem de uma pequena vila na periferia do Império Romano (Mt 1.23). Humanamente não descende de heróis impecáveis nem perfeitos; ao contrário, seus antepassados humanos representam o ônus de sua encarnação, uma marca de sua identificação com a raça humana objeto do amor redentor de Deus. Das pessoas citadas en contraremos fatos que exemplificam que devemos ter uma consideração realista, misericordiosa e esperançosa com nossas próprias raízes e a de outras pessoas. Todos descendemos de heróis e vilões. Por pior que seja a his tória de nossos antepassados imediatos ou remotos, não há sentido em temer qualquer "maldição hereditária", pois em Cristo Deus cancelou toda maldição e tudo se faz novo (Is 53.5; Gl 3.13).
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