segunda-feira, 10 de março de 2014

Nossas provações e tentações

Há um detalhe nesse texto que é bastante interessante: em português nós utilizamos duas palavras diferentes: provação e tentação. Mas no original grego o termo é o mesmo (peirasmos), embora as situações mostrem que há uma grande diferença (por exemplo entre os vs. 12 e 13). Que grande dificuldade, quando duas coisas opostas ficam semelhantes e nos confundem! Não é à toa que Tiago nos aconselha a pedirmos sabedoria (v. 4). Segundo Dr. Russell Shedd, essa palavra utilizada por Tiago significa basicamente "aperto". São situações da vida que nos "apertam", que trazem dificuldades, angústia, medo e confusão. Como ter nelas motivo de alegria? Só se olharmos mais para a frente, para a vida eterna celestial, pela qual vale a pena resistir e continuar no meio de todas as dificuldades. Para entender melhor os propósitos de Deus e saber distinguir as diferenças entre o bem e o mal, podemos confiar em nosso bom Pai — ele nos dará o entendimento e também a compreensão do que fazer. Essa fé reforçada nos ajudará a progredir, e não ficar preso em dúvidas sobre o que fazer (v. 8). Provavelmente a primeira situação que Tiago tinha em mente eram as dificuldades financeiras. Irmãos que tinham um padrão de vida considerado bom e que, por algum acontecimento, veem diminuir sua fonte de ren­ da (falência, desemprego, assalto ou mesmo perseguição por causa da fé). Os vs. 10-11 mostram que é Deus quem está conduzindo essa "piora de vida", mas que isso poderá acabar salvando o "ex-rico" (ou alguém da sua família), evitando que essa pessoa se misture demais com o modo de vida da sociedade que será aniquilada quando Jesus voltar. Ao mesmo tempo, no meio desse "aperto" financeiro, surgirão propostas desonestas — essa é a "tentação", que poderia vir sob forma de sonegação fiscal, jogatina, pornografia ou mesmo desonestidades mais sutis. Aguente firme, diz o v. 12, e não pense jamais que essa proposta desonesta vem de Deus. O desejo de enri­ quecer materialmente, assim como várias outras tentações, está alojado em nosso coração desde o nascimento, tal como os óvulos de uma mulher em seu útero, esperando a oportunidade de serem fecundados (vs. 14-15). Não se deixe enganar, porque todo o bem vem de Deus, e nenhum mal vem de Deus. Ele é o bom Pai, das luzes do céu, que nos gerou novas e verdadeiras criaturas, filhos e filhas dele. Ele tem cuidado de nós. Para não somente suportar, mas também progredir no meio dos "apertos da vida", há mais duas lições impor­ tantes: aprender a ouvir e não ser rápido e descontrolado ao expressar sua raiva. Cuide com o que fala, aceite a correção com mansidão e mude sua prática se isso for necessário. A sabedoria nos ensinará a viver com liberda­ de. O conselho fundamental é: ocupe-se de ajudar órfãos e desamparados (o que nos ensina a dar e repartir), e não se contamine com a maldade do mundo (que só nos ensina a acumular e guardar para nós mesmos). Isso nos ajudará a ver a bondade do Pai e a não duvidar dele, e assim ficaremos mais fortes, mais perseverantes na fé. Veja o quadro "O sofrimento na vida de fé” (Rm 5).

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