quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

ADÃO E EVA E SEUS FILHOS - Parte 1

(Gênesis 3 e 4)

A primeira família que encontramos na Bíblia é a de Adão e Eva. Eles tiveram filhos e filhas (Gênesis 5:4). Não se sabe quantos filhos tiveram, mas os nomes de três deles são conhecidos: Caim, Abel e Sete.

Primeiro Deus criou a terra e preparou-a como morada para o homem. Por fim, para completar sua obra, criou Adão. Formou-o do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida. Desse modo, o homem passou a ser alma vivente. Deus o fez habitar num lindo lugar, o jardim do Éden. Sua tarefa era cultivá-lo e guardá-lo (2:15).

Deus lhe deu autoridade sobre tudo o que havia criado. Adão deu nome a todos os animais, evidenciando assim a autoridade que Deus lhe dera. Observou os animais[lan1], o vínculo entre macho e fêmea, como Deus os havia criado. Então sentiu uma grande solidão: ?Não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea? (2:20).

Contudo, antes de Adão dar-se conta desta necessidade[lan2], Deus disse: ?Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea? (2:18). O mesmo Deus criador pôs esse desejo no coração de Adão e Ele mesmo desejava suprir esse anseio.

Depois de fazer cair pesado sono sobre Adão, Deus tirou-lhe uma costela, da qual formou a mulher e apresentou a Adão. Como Adão deve ter ficado agradecido quando recebeu a mulher das mãos de Deus! É uma alegria que, desde então, tem-se repetido no coração de milhares de casais que Deus uniu em mútuo amor.

Adão sabia que Deus havia formado a mulher dele mesmo. Ela era verdadeiramente de sua própria carne. O fato de Deus ter usado uma costela de Adão não é insignificante. Vejam a observação que consta no Talmude dos judeus: ?Deus não fez a mulher da cabeça de Adão para que o governasse, tampouco de seus pés para que a pisoteasse, mas, sim, de uma costela, próxima de seu coração, para que a amasse. Desse modo, Adão e Eva vieram a ser marido e mulher, uma só carne?.

            Esse fato mostra um ensinamento profético que mais tarde foi revelado por Paulo: ?Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo. Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja? (Efésios 5:25-32). À luz desses versículos, vemos claramente que cada casal deve ser uma representação real da relação entre Cristo e a igreja. Qualquer desvio, como poligamia, infidelidade conjugal e divórcio, está em contradição com o que Deus estabeleceu na criação. Mais tarde voltaremos a falar sobre isso.

            O primeiro casal vivia em completa harmonia. Não se envergonhavam um do outro. Quando notavam a presença de Deus no jardim, não temiam. Nem mesmo perguntavam quem dos dois era o líder. Deus estabeleceu as regras da relação de autoridade entre homem e mulher apenas quando a queda pelo pecado fez isso necessário. Adão podia compartilhar com sua esposa a tarefa de dominar. Juntos cumpriam a ordem: ?Multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a? (Gênesis 1:28). Também juntos exerciam a tarefa de cultivar e guardar o jardim.

            Toda bênção que Deus dá ao homem é sempre acompanhada de uma responsabilidade. Esse também era o caso de Adão e Eva. Não só tinham de cultivar o jardim, mas também deviam guardá-lo. Isso só era possível num caminho de obediência para com Deus, não comendo da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois do contrário morreriam (2:15-17).  Sabemos como Satanás conseguiu tentar Eva e fazer que ela desobedecesse a Deus. Em sua queda, arrastou a seu marido.

            Não guardaram o jardim, logo, não podiam mais cultivá-lo, e foram expulsos do Éden. Perderam o paraíso para sempre. Além disso, por causa da desobediência, colocaram toda a criação debaixo da influência e do poder de Satanás, do pecado e da morte.

            Quão grandes foram as mudanças que o pecado trouxe a esse casal, mudanças essas que se estenderam a toda a humanidade (Romanos 5:12). Uma vida feliz em comunhão com Deus e um com o outro se transformou numa vida de medo e vergonha. Quando deram conta de sua nudez, coseram para si vestes de folhas de figueira, as quais Deus substituiu por pele de animais. Não há dúvida de que esse ato de Deus é uma alusão à reconciliação. Aqui, por meio do sacrifício de uma animal inocente, Deus já estava querendo dar a entender que o homem só podia subsistir perante Ele mediante a morte de um substituto.

            No paraíso, o trabalho era uma bênção de puro gozo. Mas fora do jardim, a terra produzia cardos e abrolhos. Adão tinha de cultivá-la com trabalho dificultoso, e no suor do rosto comer seu pão. Deus chamou a todos os que tiveram parte nesse primeiro pecado para Lhe prestarem conta. Cada um recebeu a sua própria sentença: Satanás, a serpente, Adão e Eva.

            Constatamos também que ocorreu uma grande mudança na relação desse casal. É certo que 1 Timóteo 2:13 e 1 Coríntios 11:8-9, passagens que dizem respeito à posição do homem e da mulher, indicam que o primeiro lugar de Adão — o de cabeça — já fora estabelecido na ordem divina da criação. Mas foi só depois da queda que Deus disse a Eva: ?O teu desejo será para o teu marido, e ele te governará? (Gênesis 3:16). Essa não era a relação entre eles antes do pecado. Felizmente Adão não recebeu a ordem de mandar em sua esposa (atentemos bem para isso!). Mas à Eva foi dito claramente que seu lugar seria de subordinação a seu marido.

            Muitas vezes se diz que essa relação de subordinação foi abolida pelo evangelho e não tem mais validade. Homens e mulheres estão agora equiparados na sociedade, logo, também no lar e na igreja. Cita-se Gálatas 3:28 (V.R.): ?Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus?. Quem não é afeiçoado à idéia de emancipação da mulher é tido como quem comete discriminação e, aos olhos de muitos, parece estar cometendo o pior pecado.

            Quando se faz referência ao que Paulo disse sobre isso em outra passagem do Novo Testamento, a objeção é refutada com o argumento de que se trata de um ponto de vista de Paulo, talvez bom e aceitável naquele tempo, mas arcaico e inviável para nossos dias. Entretanto, os cristãos espirituais, que conhecem a Bíblia e a amam, sabem que os escritos de Paulo são os mandamentos do Senhor (1 Coríntios 14:34-37). O que se diz com respeito à posição da mulher no lar? ?As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido? (Efésios 5:22-24). Esses versículos são dirigidos às mulheres, não aos homens. Se alguma irmã porventura tiver dificuldade para obedecer a essas instruções, é um conselho meu que leiam várias vezes a passagem. Os homens não precisam fazer isso. Geralmente estão bem convencidos dessa verdade. Conhecem muito bem o teor da exortação: ?As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido?. Mas isto não lhes dá o direito de interpretar o versículo como se dissesse: ?Maridos, mantende vossas mulheres em sujeição?. A instrução aos maridos está na seqüência da passagem que acabei de citar: ?Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela? (v. 25). Amar a sua esposa ébem diferente de governá-la!

            Certa vez visitei um casal cuja relação estava muito longe do ideal. Quando cheguei o marido ainda não estava em casa. A esposa me recebeu e, passado um tempo, começou uma longa lista de queixas contra o marido. Era quase interminável. Durante algum tempo escutei em silêncio. Mas depois comentei que, ao que parecia, ela tinha um marido desobediente à Palavra de Deus. ?Pode-se dizer que sim? ,respondeu ela, ?Nunca ouço dele nenhuma palavra de apreciação ou de carinho.? Peguei minha Bíblia, busquei a primeira epístola de Pedro 3:1-2 e li: ?Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor?. São versículos que ela conhecia bem. Quando lhe perguntei se tinha posto em prática esse conselho de Pedro, respondeu-me com franqueza que não: ?Devo confessar que muitas vezes, quando ele se conduziu indevidamente, eu lhe respondi com palavras duras”. Ela admitiu que essa talvez fosse a razão de não lograr exercer boa influência sobre o marido.

            Naquele momento, nossa conversa foi interrompida pela chegada do marido. Ele viu a Bíblia aberta e o rosto da esposa inchado pelo choro e entendeu o que estava acontecendo. De fato, a relação entre eles não era como devia ser. Ele prontamente confessou isso.

            No decorrer da conversa lemos o sétimo versículo desse mesmo capítulo: ?Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações?. O homem se queixou: ?Como alguém pode amar uma mulher que não quer saber de sujeição, sempre é rebelde e quer fazer a vez de chefe?? E a esposa reagiu:?Como uma esposa pode se sujeitar a um marido que nunca demonstra apreciação ou carinho? Ninguém suporta isso!?. Por fim, aconselhei os dois a trocar urgentemente os textos bíblicos. Que a mulher lesse e praticasse o que estava escrito para ela, e o marido levasse a sério o que estava escrito para ele.

            Não é esse um problema generalizado entre os cristãos: atentar para o que o outro deve fazer? Somos mais propensos a atentar para os outros e criticá-los que a aplicar a Palavra de Deus a nós mesmos.

            Os versículos citados lançam uma clara luz sobre as relações entre marido e mulher no matrimônio e no lar. Quanto à Igreja, o lugar assinalado para homens e mulheres também não é o mesmo. O apóstolo Paulo escreveu a Timóteo com o propósito de instruí-lo “como se deve proceder na casa de Deus, que é a Igreja” (1 Timóteo 3:15). Disse: ?A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio? (1 Timóteo 2:11-12).

            Em 1 Coríntios 14:34, o apóstolo  diz: ?Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina?. O que Paulo escreveu é um mandamento do Senhor, a cabeça da Igreja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário