quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

ISAQUE E SUA FAMÍLIA

(Gênesis 24 a 28)

            Em Gênesis 24 lemos que Abraão era já idoso e bem avançado em anos. Estava preocupado com o fato de seu filho ainda não ter uma esposa. Naquela época os pais tinham mais participação que hoje na procura de casamento para os filhos. Pelo menos era assim naqueles países. Não podemos tirar dos costumes e práticas encontrados no Antigo Testamento regras nem mandamentos para o nosso tempo.

            Com o passar dos séculos, e ainda hoje, a influência dos pais têm variado muito. Na Índia vi um pai pedir a um amigo que procurasse uma esposa adequada para o filho em idade de casamento. Quando lhe pareceu ter encontrado a moça, os dois casais de pais começaram a fazer os ajustes. Quando entraram em acordo, foi concedido aos filhos o direito de declarar sua opinião, e assim se decidiu o casamento. Seria esta uma prática ideal? Penso que não.

            Nos Estados Unidos um jovem saiu da casa paterna, pois conseguira um emprego numa cidade distante. Ali conheceu uma jovem, e os dois decidiram casar-se; só depois os pais foram notificados. Foi o ideal? Penso que também não.

            Certamente os jovens acham mais correto o segundo caso que o primeiro. Contudo, há muito mais casamentos fracassados nos Estados Unidos que na Índia.

            Em Juízes 14, Sansão tomou um caminho intermediário: ele mesmo encontrou uma jovem e pediu aos pais que arranjassem o casamento segundo os costumes da época. Todavia rejeitou os conselhos deles, por mais que estivessem fundamentados na Palavra de Deus. Quem dera tivesse escutado os pais!

            Parece-me correto que um jovem crente, quando acreditar ter encontrado uma jovem destinada a ele, converse com os pais. E as jovens também devem buscar o conselho dos pais antes de tomar qualquer decisão.

            Que razões devem ser determinantes? Às vezes, mesmo entre crentes, infelizmente, os valores materiais são mais enfatizados! Consideram-se aspectos como, por exemplo, os bens com que a moça contribuirá para o casamento. Qual a condição socioeconômica do jovem? Ganha bem?.

            Abraão não conhecia essas preocupações. Para ele o mais importante era que seu filho não se casasse com nenhuma mulher cananéia. Eliézer não devia permitir isso de modo nenhum. Teve de jurar que não permitiria.

            Em 2 Coríntios 6:14, Paulo escreve aos crentes: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos”. O assunto aqui não é especificamente o casamento. A advertência é muito mais ampla. Os termos que vêm logo após designam um espectro bem mais amplo: “sociedade”, “comunhão”, “harmonia”, “união” e “ligação”. Contudo, fica claro que essas palavras também são aplicáveis ao casamento.

Abraão e Eliézer não se deixaram levar só por pensamentosnegativos. Isto se evidencia na oração de Gênesis 24:12-14. Que qualidades positivas o servo esperava encontrar na jovem! Estas deviam credenciá-la para ser a esposa do filho de seu amo. A oração foi atendida, conforme relatam os versículos seguintes.

            Observe-se o que diz o versículo 16: “A moça era mui formosa de aparência, virgem, a quem nenhum homem havia possuído”. Esta é mais uma passagem que indica que as relações sexuais só devem acontecer dentro do casamento. A Bíblia insiste nesse ponto aqui e ali, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Se um jovem crente espera que sua futura esposa se mantenha pura, do mesmo modo ele também deve manter-se puro. Nesse contexto também podemos considerar o relato de Mateus 1:18-25 no tocante a José e Maria.

            Em Gênesis 24:26-27, Eliézer deu graças a Deus por tê-lo guiado de maneira tão clara. Depois, quando contou detalhadamente sua história na casa de Rebeca, todos foram unânimes: o Senhor havia conduzido as coisas.

            O jovem de hoje normalmente não nomeia nenhum intermediário para lhe encontrar esposa. Ele mesmo se dá a esse trabalho. Entretanto, é bom que tenha a mesma atitude de Eliézer. Não quero dizer que peça um sinal; isso pode ser perigoso. É importante deixar-se guiar pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo. Naturalmente, é bom que o jovem primeiro esteja seguro de seus sentimentos de amor. Para isso, precisa estar em atitude submissa de oração, na dependência do Senhor, a fim de poder discernir a orientação do Espírito. A moça também deve ter essa mesma convicção antes de dizer “sim”. Quão maravilhoso é quando ambos têm a mesma convicção de que isso vem das mãos do Senhor.

            É de estranhar que Isaque tenha sido tão passivo no processo todo. Sua atividade, porém, se manifestou de outra maneira. No versículo 63 lemos: “Saíra Isaque a meditar no campo, ao cair da tarde”. Nesse contexto, meditar significa refletir em oração, ter um período devocional. Não sei dizer se era costume de Isaque sair para meditar no início da noite ou se foram as circunstâncias especiais que o levaram a isso. De todo modo, podemos aprender uma lição importante. Quando estamos numa situação em que apenas podemos esperar passivamente, resta-nos ser ativos na dependência do Senhor, orando para que Ele conduza ao caminho correto.

            É inquietante observar o modo superficial como por vezes até mesmo jovens crentes iniciam um relacionamento e decidem por um casamento sem antes buscar a direção do Senhor. É de surpreender, então, que muitos casamentos fracassem?

            Isaque e Rebeca casaram-se. Todos deram graças a Deus por haver guiado e respondido às orações. É assim que deve ser. Mas observamos aqui a ausência do período de namoro e noivado — costume corrente hoje em dia que não deveria ser desconsiderado. É necessário que, antes do compromisso, ambos estejam seguros do amor recíproco e da direção do Senhor.

O que acontece se, durante esse tempo de espera, um dos dois se dá conta de que não há esse amor na relação? Terá de casar-se de qualquer modo por ter concordado uma vez e pensar que não pode mais romper essa promessa? Temos de enxergar claramente a diferença entre o compromisso do noivado e o casamento. Desfazer um noivado implica romper uma promessa, o que, aliás, não deve ser visto como sem importância. Por isso, assim que iniciado um casamento, não se deve precipitar o noivado. Por outro lado, romper um casamento é muito mais grave que romper uma promessa de noivado. É violar uma aliança feita perante Deus e os homens, que, segundo as Escrituras, é para toda a vida. Só a morte pode separar definitivamente essa união.

            Penso que não é recomendável levar adiante um compromisso de futuro casamento quando se tem certeza de que faltam as normas bíblicas para uma vida matrimonial saudável. Porém, quando esse “erro”é identificado apenas depois do casamento realizado, isso não constitui, segundo a Bíblia, razão válida para dissolver a união. Deus proíbe claramente em Sua Palavra a dissolução do casamento.

            A evidente diferença entre o casamento e o noivado também tem outras nuanças. Hoje em dia, os jovens perdem cada vez mais de vista o caráter oficial do matrimônio. Quando um rapaz e uma moça consentem reciprocamente em iniciar uma relação amorosa, acreditam que já se podem considerar casados diante de Deus e viver como tal. Parece-lhes desnecessário casar-se oficialmente. Assinar um papel, como pensam muitos, não tem importância. Acham que na Bíblia não existe esse mandamento.

            Os contratos de casamento têm sido muito diferentes de acordo com as épocas e os países. Contudo, sempre e em todo lugar, o casamento é assunto oficial, de modo a ser conhecido e reconhecido por todos, com todas as conseqüências que implica. Quem não leva a sério esse assunto, rebaixa-se ao nível do animal.

Quem ler a conversa do anjo com Maria e, em seguida, com José (Lucas 1:26-35; Mateus 1:18-25), verá claramente que diferença havia entre o casamento e o noivado para esses dois jovens tementes a Deus.

            Quanto tempo deve durar o noivado? Não se pode dar nenhuma resposta generalizadora. Podemos dizer apenas que deve ser longo bastante para os envolvidos chegarem a conhecer-se, e preparar-se e traçar planos para o casamento. Não muito longo, porém, a fim de não se exporem às tentações, ao perigo de cair em práticas pecaminosas. “É melhor casar do que viver abrasado” (1 Coríntios 7:9).

            Isaque e Rebeca não tiveram esse tempo de preparação. Rebeca ouviu muito acerca de Isaque e aprendeu a conhecê-lo um pouco pelo que lhe contaram e pelos presentes que lhe foram oferecidos. Quando lhe perguntaram se queria ir com o criado de Abraão, respondeu "sim" decididamente. Lemos que Rebeca casou-se segundo os costumes do Oriente, coberta por um véu. Da parte de Isaque, não podemos falar que foi um casamento por amor[LA1][A2]. Contudo, no final do capítulo lemos: “Isaque […] tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher. Ele a amou” (Gênesis 24:67). Que alegria deve ter sido para ele descobrir a beleza física e moral de sua futura esposa! Sem dúvida foi a mesma maravilha experimentada por Adão quando recebeu Eva por mulher das mãos de Deus. Depois das bodas, o casal pôde entregar-se completamente, sem limitações, um ao outro.

            Assim Isaque e Rebeca puderam começar a “lua-de-mel”. Como prosseguiu o casamento deles? Em Gênesis 26:8 lemos: “Ora, tendo Isaque permanecido ali por muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhando da janela, viu que Isaque acariciava a Rebeca, sua mulher”. Para eles, a lua-de-mel durou muitos anos. As relações sexuais, como expressão do amor entre marido e mulher, não devem deixar os crentes constrangidos nem lhes causar peso de consciência. Ao contrário, o Criador deu um grande dom a Sua criatura quando a criou com sexualidade. Mas todo dom de Deus é concedido para bom uso, não para se cometerem abusos. As relações íntimas podem reforçar os laços do amor; o abuso delas, por outro lado, tem como freqüente resultado o enfraquecimento desses laços.

            Ao citarmos o exemplo de Isaque e Rebeca, não desejamos aprovar o fato de que deram a Abimeleque ocasião de observá-los. Hoje em dia, é cada vez mais freqüente a exibição pública da sexualidade, tanto na praia quanto noutros ambientes. Os jovens fazem bem mantendo-se distantes desses lugares e práticas. Despertar desejos que ainda não podem ser satisfeitos só os prejudica.

            Infelizmente, em muitos casamentos, a lua-de-mel não dura muito. Em muitos casos, o amor se esfria depois de algum tempo. Um já não se dedica mais a satisfazer o outro, e o interesse recíproco acaba diminuindo. Uma vez que os laços se afrouxam, o casamento se converte em simples coabitação — os conjuges passam a viver vidas paralelas, com todos os perigos decorrentes. Para evitar esse estado de coisas, é necessário muita vigilância e amoroso cuidado de um para com o outro. A chama do amor precisa ser mantida viva dentro do matrimônio.

            Um bom início não garante uma boa continuidade nem um bom final. A história de Isaque e de Rebeca confirma-nos isso.

            O relato que a Bíblia nos dá dessa família não reflete um lar ideal. Ocorreram problemas que não foram solucionados corretamente. Nenhuma vida humana está isenta de dificuldades. Em toda família surgem problemas. Estes podem e devem ser resolvidos pelo casal, buscando o Senhor em oração.

            Isaque e Rebeca ficaram muito tempo sem filhos. Abraão e Sara também tinham experimentado essa grande desilusão. E vimos como Sara buscou resolver o problema. Por não ser a solução que Deus queria, sua atitude gerou muita tristeza.

            Para Isaque, o fato de não ter filhos se transformou em assunto de oração. “Isaque orou ao SENHOR por sua mulher, porque ela era estéril” (Gênesis 25:21). Lamentavelmente, porém, parece que orou só. Vemos aqui um possível princípio de esfriamento nessa união que começara tão bem. É proveitoso que os cônjuges compartilhem seus problemas e juntos procurem solução. Também é bom que apresentem estes problemas ao Senhor em oração conjunta, ainda que seja o homem que, como cabeça, expresse em palavras a oração de ambos. A oração em comum constitui expressão de unidade que reforça mais a relação do que os dois orando cada um de per si. Embora, claro, a oração individual também seja necessária.

            Parece que Isaque e Rebeca não conheciam esse hábito de orar juntos. Será que nunca compartilharam os problemas? Parece que não. Em Gênesis 25:22 apenas Rebeca “consultou ao SENHOR”. Que bom teria sido se Isaque também tivesse recebido pessoalmente a Palavra de Deus quanto ao futuro dos dois gêmeos que o casal esperava!

            Muitas vezes, os filhos estreitam os laços dos pais. Outras vezes, ocorre o oposto, como ocorreu nessa família. Esaú era o preferido do pai, e Jacó o da mãe. Essas diferenças de afinidades distanciaram os pais um do outro e ao mesmo tempo introduziram distância entre os dois filhos. O que sucedeu nessa família contém uma séria advertência a todos os pais. A motivação de Isaque era muito superficial; ele deixou-se levar por um triste desejo carnal: “Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça” (25:28). Não temos motivo para presumir que as palavras de Deus do versículo 23 eram desconhecidas dele. Por que as deixou de lado? E o que tinha Jacó que atraía a mãe, Rebeca? Seria o seu caráter tranqüilo, ou o seu jeito caseiro? Teria ela levado em conta a promessa de Deus que repousava sobre Jacó? Não sabemos. Mas percebemos como diferentes sentimentos podem se manifestar entre pai e mãe , o que provoca distanciamento entre eles e desafortunadas conseqüências na vida dos filhos. Que nós, pais, aprendamos uma lição com esse casal. Os filhos não precisam de um pai ou de uma mãe, mas do casal de pais. Pai e mãe devem amar os filhos com o mesmo amor.

            A brecha entre os dois irmãos seguiu aprofundando-se. Se esses jovens vivessem agora, é provavel que nós também tivéssemos preferido Esaú, com seu caráter franco, ao astuto e enganoso Jacó. Contudo, lemos em Hebreus 12:16 que Esaú era um “profano […] o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura”. E, quando se lê em Malaquias 1:2-3: “Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó, porém aborreci a Esaú”, os pais não devem pensar que Deus predestina um filho para a perdição e outro para a salvação. Antes dos dois meninos nascerem, Deus apenas disse que o mais velho serviria o mais moço; as outras palavras só foram pronunciadas muito depois da morte dos irmãos. Os pais podem orar por seus filhos todos com toda a confiança. Tanto os “jacós”, aparentemente fáceis, como os “esaús”, filhos difíceis, carecem de nosso amor e de nossas orações.

            Esaú menosprezou o seu direito de primogenitura, enquanto Jacó o desejava de todo o coração. Assim passaram-se os anos. Materialmente prosperavam, mas isso não cooperava para o progresso espiritual deles. Infelizmente, hoje em dia muitas vezes ocorre o mesmo. De que serve a prosperidade se o relacionamento com Deus e os relacionamentos mútuos não estão bem? Isaque e Rebeca deparam com uma nova tristeza na vida: Esaú casou-se, por sua própria vontade e independentemente deles, com mulheres estrangeiras. Isso foi “amargura de espírito para Isaque e para Rebeca” (Gênesis 26:34-35).

            Isaque foi perdendo a visão. Sentia-se velho e só. Esperava declaradamente sua breve partida e, pensando nisso, desejava dar a Esaú uma grande bênção. Por isso, o chamou e mandou caçar e fazer-lhe um guisado. Rebeca ouvira tudo às escondidas. Isso nos mostra até que ponto suas relações com Isaque haviam deteriorado. Já não havia mais confiança nem comunicação entre o casal.

            Rebeca mostrou que tampouco tinha mais confiança em Deus. Agiu segundo sua própria vontade e enganou o marido e o filho. Desse modo conseguiu seu propósito: Jacó obteve a grande bênção. Mas quanto sofrimento adveio a essa família em conseqüência de suas ações impulsionadas pela própria vontade! Isaque pensava que morreria em breve, por isso resolveu logo o assunto. Entretanto, viveu outros cinqüenta anos: anos de solidão, os quais poderia ter passado de modo muito diferente. Rebeca julgou ter salvado a situação com seu astuto conselho. Desejava ver de novo o filho Jacó assim que a ira de Esaú tivesse acalmado. Mas não foi o que aconteceu. Nunca mais o viu de novo.

            Que anos difíceis também para Jacó, quando ele próprio, o enganador, foi enganado por seu tio Labão! Esaú pensava poder vingar-se logo de seu irmão, já que esperava a morte próxima do pai. Todos esses cálculos não se realizaram. Vemos aqui a confirmação do princípio que diz que “aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7). Isso também se aplica aos crentes.

            Não sabemos quanto tempo mais viveu Rebeca. Gênesis 49:30-31 menciona apenas que foi sepultada “na caverna que está no campo de Macpela”. O capítulo 33 narra a reconciliação de Jacó e Esaú. Mas, evidentemente, não houve verdadeira confiança. Continuaram vivendo longe um do outro. No final de Gênesis 35, lemos que Isaque morreu aos 180 anos. Então, seus dois filhos, Esaú e Jacó, juntos o sepultaram, como Isaque fizera com Abraão (25:9). Pode ocorrer até entre os crentes que os pais e os demais membros da família cheguem a ficar como estranhos uns para os outros. No final, só se encontram num enterro.

            Assim foi o fim da vida comum de Isaque e Rebeca, que havia começado tão bem. Poderíamos compará-la a um trem que se descarrilou e infelizmente jamais voltou aos trilhos. Talvez alguns leitores destas páginas reconheçam algum desses fatos em sua própria experiência. Hoje em dia, “descarrilamentos” como esse podem acontecer cada vez com mais freqüência. Por isso, quero dizer-lhes: Não deixem que o trem siga estalando ao lado dos trilhos. O casamento e a família são dádivas muito grandes de Deus, bênçãos muito valiosas para desprezar. Também é importante saber que Deus é grande em misericórdia. Pode e quer restaurar o que para nós parece impossível. Ele assim o faz quando clamamos por Sua graça com arrependimento sincero e mútua confissão.

            Vejamos ainda as palavras do Senhor Jesus em Mateus 5:21-26; 18:15-17 e Lucas 12:13. Nessas passagens, O Senhor fala de uma desavença entre dois irmãos. Podemos imaginar dois irmãos filhos dos mesmos pais ou dois irmãos na fé. Em ambos os casos, são dadas instruções claras para chegarem à reconciliação.

            Os dois casos são muito distintos. No primeiro, o Senhor fala à pessoa responsável pelo mau relacionamento. Deve deixar sua “oferta diante do altar” e antes de mais nada ir reconciliar-se com seu irmão. O culpado deve aproximar-se e confessar seu pecado: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros” (Tiago 5:16). O outro deve perdoar —“perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4:32). Quando a disputa termina, o primeiro pode apresentar sua oferta ao Senhor com total liberdade.

            No segundo caso, vemos o oposto. Aqui não sou eu quem pecou, mas meu irmão. No caso de mau relacionamento, mesmo que alguém não tenha culpa nenhuma na questão, deve empenhar tudo para restabelecer um bom relacionamento. Ninguém deve esperar que o outro venha a ele arrependido, mas ele mesmo deve tomar a iniciativa, tratando de falar do assunto a seu irmão com o fim de ganhá-lo.

            Se não obtiver resultados, deverá tomar consigo uma ou duas pessoas. Se fizer isso com espírito pacificador, levará consigo pessoas a que o irmão de bom grado dará ouvidos. Se mesmo assim não adiantar, pedirá à igreja que intervenha. Terá feito, portanto, tudo o que estava a seu alcance, e não lhe resta senão esperar. Se o outro persistir em sua atitude, este terá de considerá-lo “gentil e publicano”.

            Em Lucas 12:13 vemos que alguém pede ajuda ao Senhor no que diz respeito a herança. Esse homem, com razão ou não, achava que seu irmão o tratava injustamente. O Senhor recusou-se a atuar como juiz, mas chamou-lhe a atenção para a raiz de sua má condição: a avareza. Com isso, ensinou uma importante lição aos que estavam presentes.

            Diz-se que o dinheiro às vezes é a causa de todos os males. Essa declaração não é exata. Com o dinheiro, uma pessoa pode fazer muitos males, mas também muita coisa boa. Infelizmente, hoje também, mesmo entre “irmãos”, os problemas de herança podem ser causa de discórdia e até de ódio e disputas. Crentes recorrem à ajuda de um juiz deste mundo em vez de seguir o caminho traçado em Mateus 18. O apóstolo Paulo fala desse assunto em 1 Coríntios 6:1-9. Explica aos coríntios que é completa derrota para eles o fato de existir entre os crentes demandas sobre assuntos materiais e, além do mais, de procurarem defender seus direitos diante de juizes incrédulos. Diz ele: “Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?”. Eis um princípio ainda aplicável em nossos dias entre os crentes, tanto na igreja como entre os membros de uma família. Convém a toda família cristã que os membros vivam juntos em harmonia divina.

 

Questões referentes à família n.o 6

 

1) Que envolvimento os pais devem ter na escolha dos cônjuges de seus filhos?

2) Além do requisito “amor genuíno”, que outros aspectos devem ser levados em consideração antes de se fazer qualquer escolha? O que nos ensina 2 Coríntios 6:14-18?

3) Em que consistiu a condução divina do matrimônio de Isaque e Rebeca? Como podemos também experimentar essa orientação hoje em dia?

4) Podemos enumerar algumas razões porque o casamento de Isaque e Rebeca, que começou tão bem, terminou tão mal?

5) O que nos ensina essa história no tocante à criação dos filhos?

 [LA1] Será que entendi? [A2] Continuo não entendendo esta frase, já que o versículo afirma que Isaque “a amou”.

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