(MT) E projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: – José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados. Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco. E José, tendo despertado do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua mulher. E não a conheceu como mulher enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus.
Notas MT 1:20-25📝
(1) PECADOS. Esta é a primeira vez que a palavra “pecado” aparece no Evangelho. Mais do que um sentimento psicológico de culpa ou remorso – porque isto até o ateu sente –, e mais do que a noção do delito que gera punição – porque mesmo as nações laicas têm leis justas para repreender os transgressores -, o pecado é uma acusação espiritual refletida na alma de cada pessoa. Jamais os psicólogos, sociólogos, historiadores ou arqueólogos encontraram um só povo que fosse imune a esta estranha convicção de “pecado”. O apóstolo Paulo, na sua obra missionária, ao entrar em contato mais profundo com os povos pagãos, admirou-se que a Lei – dada por Deus a Moisés – estivesse também escrita no coração dos outros povos, conforme relatou: “Porque, quando os gentios, que não têm Lei, fazem por natureza as coisas da Lei, eles, embora não tendo Lei, para si mesmos são Lei. Pois mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2:14-15). Mesmo uma criança, que nunca foi ensinada a respeito do pecado, já nasce com esta Lei de Deus escrita em seu coração. Ao crescer e pecar, sente que se tornou devedor a Alguém que não se pode ver, mas que sabe existir. O pecado gera uma certeza de condenação que não desaparece mesmo nos casos em que o transgressor é punido pela lei dos homens e paga a sua dívida com a sociedade. O pecador, ao se aproximar a hora da sua morte, parte na certeza de que terá de acertar contas com Deus. E isto gera desespero na sua alma... O profeta Jeremias, em oração, impotente diante do pecado, apelou para o amor de Deus: “Posto que as nossas iniquidades testifiquem contra nós, ó Senhor, opera Tu por amor do Teu Nome; porque muitas são as nossas rebeldias; contra Ti havemos pecado” (Jr 14:7). Como surgiu o pecado? O pecado não foi criado pelo homem. Aliás, é bem anterior à raça humana. Foi concebido nas entranhas de um outrora magnífico ser espiritual. Antigo texto da Escritura diz: “Tu eras querubim ungido para proteger e te estabeleci. No Monte Santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste” (Ez 28:14-16). Este “querubim” – anjo da primeira hierarquia – foi o autor do pecado e rebelou-se contra o padrão Santo e Perfeito de Deus. Por ter pecado, não pôde mais desfrutar da Sua Presença e foi expulso do Lugar Altíssimo. O ser humano também foi criado perfeito e sem pecado. Vivia em comunhão plena com Deus, no lugar mais extraordinário que já existiu na face da Terra. Sua única restrição era comer da Árvore do Conhecimento do “Bem e do Mal” (Gn 2:17). Comer daquela Árvore não traria ao ser humano uma nova revelação do Bem - porque o “Bem” o Homem já conhecia na sua mais elevada e profunda acepção. Comer daquela Árvore só poderia lhe acrescentar o conhecimento do “Mal”. O querubim caído sabia disso e por esta razão tentou o ser humano até que ele aceitou a sua sugestão. Quando Deus disse ao homem: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:17b), não estava no fruto o conhecimento do Mal e a Morte, mas no agir contra a Vontade de Deus. É isto que o Senhor chama de pecado: a insubordinação à Sua Perfeita Vontade, que está declarada na Sua Palavra e, mesmo na falta Dela, no íntimo de cada pessoa. Porém, o conhecimento da vontade de Deus não livra o ser humano do pecado e das suas consequências. E isto foi provado na história dos escolhidos de Deus, que receberam a Sua Lei por escrito e, mesmo assim, pecaram contra o Senhor e a si mesmos se traspassaram com muitas dores e sofrimentos, conforme se lê: “E os f ilhos de Israel fizeram secretamente coisas que não eram retas, contra o SENHOR, seu Deus; e edificaram altos em todas as suas cidades, desde a torre dos atalaias até à cidade forte. E levantaram estátuas e imagens do bosque, em todos os altos outeiros e debaixo de todas as árvores verdes. E queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações que o SENHOR transportara de diante deles; e fizeram coisas ruins, para provocarem à ira o SENHOR. E serviram os ídolos, dos quais o SENHOR lhes dissera: Não fareis estas coisas [...]. E deixaram todos os mandamentos do SENHOR, seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros; e fizeram um ídolo do bosque, e se prostraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal. Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mal aos olhos do SENHOR, para o provocarem à ira. Pelo que o SENHOR muito se indignou contra Israel e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão a tribo de Judá. Até Judá não guardou os mandamentos do SENHOR, Seu Deus; antes, andaram nos estatutos que Israel fizera. Pelo que o SENHOR rejeitou a toda semente de Israel, e os oprimiu, e os deu nas mãos dos despojadores, até que os tirou de diante da Sua presença” (II Rs 17:912, 16-20). Esta é a consequência direta do pecado: assim como o querubim pecador foi expulso do Céu, o ser humano pecador foi expulso do Paraíso e o Seu povo afastado da Presença do Senhor. O pecado, além de distorcer tudo o que a pessoa pensa, diz e faz, ultrapassa os limites da mente, corrompe a alma e causa a morte espiritual do pecador. Por isso o ser humano, quando peca, não age mal apenas contra seu próximo ou contra a sociedade. Age mal contra a sua própria alma. Isto fica claro quando lemos em Provérbios: “Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me aborrecem amam a morte” (Pv 8:36). O Senhor disse: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:4b). E isto ocorre em duas etapas: no presente, o pecado gera a morte espiritual e a separação de Deus. No futuro, gerará a Morte Eterna e a separação definitiva de Deus. O SENHOR não deseja nem uma coisa nem outra: “Vivo eu, diz o SENHOR Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos. Pois, por que razão morrereis?” (Ez 33:11). O problema é que o pecado é uma força maligna, que imobiliza o ser humano e o torna cada vez mais incapaz de resistir. O pecado escraviza a tal ponto, que obriga a pessoa a praticar o mal, mesmo quando ela não quer. Por isso Jesus disse: “Em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8:34). O ser humano não tem como libertar--se a si mesmo e tampouco pode salvar-se dos seus próprios pecados. Nenhum recurso humano é capaz de livrar o pecador da certeza íntima da condenação futura. Empregar meios humanos para conseguir o perdão e a Salvação é o mesmo que tentar se erguer do chão puxando os próprios cabelos. O pecador precisa de Salvador. A QUEM CHAMARÁS JESUS; PORQUE ELE SALVARÁ O SEU POVO DOS SEUS PECADOS. Como foi graças a um agente externo que o ser humano pecou, também a sua Salvação teria que vir de fora. Quando o anjo confirmou a José o mesmo Nome que já tinha dito à virgem, fica claro o por quê da vinda Daquele Bebê: “Ele salvará o povo dos seus pecados”. Como se vê, o Céu está trabalhando para trazer à humanidade a solução única e definitiva do pecado: Y’HOSHUA = YAVÉ SALVA. Ele é o Salvador preparado por Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a Vida Eterna” (Jo 3:16). O querubim caído é o autor do pecado e da Morte. Deus é o Autor da Salvação, por Y’HOSHUA, o próprio Deus que salva!
EIS QUE A VIRGEM CONCEBERÁ. Esta profecia foi escrita no livro do profeta Isaías, capítulo 7:14, e confirmava, cerca de setecentos anos antes, o nascimento virginal e sobrenatural do Emanuel, sem a semente do homem. E assim tinha de ser porque, lá no início, Deus tinha dito à Serpente: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta [a semente da mulher] te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15). Fica claro, pelas profecias, que Ele – o Único gerado por Deus apenas da semente da mulher – é o Salvador e, ao mesmo tempo, é “Deus conosco”.
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