Lucas 8
Querido amigo estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia". É com alegria que nesse momento abrimos a Palavra de Deus para estudá-la. Você que tem nos acompanhado sabe que o propósito desse programa é aplicar os princípios apreendidos em nossas vidas para adequá-las à vontade de Deus. Somos gratos a Deus pelo privilégio de podermos conhecer mais a sua vontade, que é boa, agradável e perfeita. Por isso quero incentivá-lo a ter em suas mãos a Bíblia aberta para estudarmos mais um cap. do evang.de Lucas. Aproveito a oportunidade para agradecer aqueles que têm compartilhando sobre o programa e sobre as suas vidas pessoais e ministeriais. Hoje, registro a carta que vem da cidade de Codajás no estado de Amazonas. Estas são as suas palavras: "Com muita alegria venho participar do seu programa, que para quem ouve a RTM é um dos principais canis de bênçãos, pois ensina a Palavra de Deus de maneira clara e simples". Querido amigo, muito obrigado por suas palavras. Quero cumprimentá-lo pela disciplina de reservar diariamente um tempo para o estudo da Palavra de Deus. Agora quero convidá-lo a orar a Deus colocando este programa nas mãos do Senhor: "Pai de amor, obrigado por podermos abrir a Tua Palavra e ouvirmos a Tua voz. Senhor pedimos a tua bênção sobre nós afim de que permaneçamos firmes no propósito de estudarmos fielmente a Tua Palavra.Oriente-nos no estudo de hoje. Que haja edificação e glória ao teu nome. Oramos em nome de Jesus, Amém!". Querido amigo hoje estudaremos todo o conteúdo do capítulo oito do Ev.de Lucas. Em pleno desenvolvimento da atividade de Jesus na Galiléia, ficamos como João Batista, perguntando: Será que o Reino que produzirá essa nova sociedade vai dar certo? Jesus enfrentou muitas dificuldades e, depois dele, também nós que o seguem. Qual será o fim de tudo? A resposta vem na parábola do semeador, que só as pessoas comprometidas com Jesus podem entender. É claro que haverá muitas dificuldades, até mesmo na comunidade cristã. Contudo, os verdadeiros seguidores de Jesus continuarão proclamando as boas novas de salvação e é da sua prática que o Reino virá criando relações baseadas na justiça e na misericórdia. Após a exortação de pôr em prática a palavra do evan¬gelho, Lucas mostra concretamente do que é capaz essa prática. Quando praticamos o evangelho compreendemos a vontade de Deus e descobrimos que a vontade de Deus é o impulso maior que brota de dentro de nós mesmos. Compreendemos também que a Palavra deve atingir a todos, em todos os lugares para libertar os que estão alienados e vivem como mortos e aqueles que têm a vida dimi¬nuída ou ceifada antes do tempo. Querido amigo diante desse resumo geral do capítulo podemos subdividi-lo em 10 seções para melhor aproveitar o seu conteúdo. Vamos a essas seções: Em 1º lugar, nos vs. 1-3 encontramos a menção de algumas mulheres-discípulas de Jesus. Vamos ler estes versos: "Aconteceu depois disto andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da que saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens". Através destas palavras vemos que muitos seguiam a Jesus, e até pessoas que ocupavam lugares de alto destaque na sociedade impactadas pelo evangelho seguiam a Jesus. Eram pessoas que usavam os seus bens para a promoção do reino de Deus aqui na terra. Mas o que Lucas destaca aqui é que eram mulheres. Essa breve notícia é importante em Lucas, pois ele quis mostrar que o cristianismo rompeu com a prática do judaísmo, que afastava as mulheres dos assuntos religio-¬ sos. Lc também queria justificar o ministério das mulheres na Igreja Primitiva como veremos em Atos 2, 21; Rm 16 e 1Co 16. Seguindo nas suas ações libertadoras, Jesus libertou-as dos "espíritos malignos e enfermidades". A reação de quem é liberto, de quem é salvo por Jesus torna essas pessoas em discípulas de Jesus. Você se sente liberto por Jesus? Você tem seguido a Jesus secreta ou publicamente? Você está comprometido com a expansão do reino de Deus? Como? Você está disposto a financeiramente envolver-se na expansão do reino? São perguntas que só você pode responder diante de Deus! Em 2º lugar, nos vs. 4-8 Jesus conta a parábola do semeador que resumidamente proclama que o reino vai triunfar. No auge da atividade na Galiléia encontramos a pará¬bola do semeador, que Lucas procura adaptar para os seus leitores gentios. A ênfase está no final: apesar de todas as contrariedades e obstáculos, o semeador tem uma colhei¬ta além da melhor expectativa. O mesmo acontecerá com o Reino anunciado por Jesus: apesar de todas as dificuldades, ele se implantará muito além das melhores expectativas. Os pobres de espírito, os que se reconhecem miseráveis, diante de Deus não serão fraudados, porque o Reino, que já lhes pertence (6,20). A nossa expectativa é que o reino transformará a sociedade e a história, transformará o coração do homem, realizando a vontade de Deus em resposta ao desejo divino e a oração dos crentes. Você tem orado “venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade”? Mas, além de orar, você tem sido um instrumento de mudanças? Em 3º lugar, nos vs.9-15 temos, além da explicação do método pedagógico de também a explicação da parábola. Naquele tempo era costume os mestres explicarem o sentido das parábolas para os discípulos. O mesmo devia acontecer com Jesus. Os discípulos perguntam o sentido da parábola do semeador, mas a resposta de Jesus é mais ampla, pois "os mistérios do Reino de Deus" envolvem toda a palavra e a ação de Jesus. Os discípulos podem entender porque estão comprometidos com Jesus e o seguem. Com¬preender o quê? Que o Reino de Deus já está presente em Jesus e em sua atividade. E os outros? Os outros ficam "por fora", e vêem tudo apenas como uma "estória" da qual desconhecem o significado. A explicação da parábola é válida também para nós que a transpomos para a nossa situação. Antes a parábola queria dizer que Jesus teria sucesso e o Reino se implantaria. Agora o texto faz uma análise da reação das pessoas à Palavra do evangelho (= semente). Cada tipo de ouvinte é um tipo de terreno que reage de forma diferente, e a explicação se torna um convite para que a comunidade examine profun¬damente até que ponto ela se deixou converter pelo evangelho. O que pode atrapalhar a comunidade? O diabo com as suas tentações. Você se lembra das tentações que Jesus sofreu em 4.1-13? As dificuldades que minam a boa vontade, além das preocupações, dos cuidados com a riqueza e os prazeres sufocam também a semente e ela não frutifica. Enfim, um compromisso que fica reduzido pela metade, e que acaba falsificando completa¬mente a adesão ao evangelho. Segue-se o evangelho na medida em que os outros compromissos o permitem, como se fosse possível andar com os pés em duas canoas... Mas, será que está tudo perdido? Não. O fim é encorajador: há os que ouvem "de coração bom e generoso, que conservam a Palavra e dão fruto na perseverança" cf.v15. São esses os verdadeiros convertidos que, apesar de tudo, continuam a obra de Jesus. É através deles que o Reino vai se tomando presente, transforman¬do a realidade. Em 4º lugar, nos vs. 16-18 temos a parábola da candeia, que estimula o avanço do evangelho. Estas palavras aparecem em outros lugares neste mesmo evangelho cf.11.33; 12.12; 19.26, mostrando que são ditos separados que Lucas agrupou aqui. Jesus certa¬mente se dirige aos discípulos como ouvintes do evangelho. Ele avisa: Não basta ouvir e guardar. É preciso espalhar o evangelho, pois o ensinamento de Jesus não é uma doutri¬na esotérica que deva ser guardada ou confiada só aos sábios. Pelo contrário, é palavra que liberta, e não pode ser calada ou abafada. O discípulo que compreende o mistério do Reino cf.v.10, mas, não o anuncia, corre o risco de perder inclusive a compreensão que pensava ter, cf. o v.18. Em 5º lugar nos vs. 19-21 encontramos a identificação da verdadeira família de Jesus. É a conclusão que o evangelista dá para o ensinamento de Jesus em parábolas. Do modo como o texto foi construído, tudo gira em tomo do v.21: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática". É o mesmo tipo de conclusão que encontramos no fim do "sermão da planície" que já estudamos em 6.46-49, mostrando uma das preocupações fundamentais deste evangelista. Isso equivale a dizer que a nova humanidade é aquela que, liberta e cheia de vida, ouve e pratica o evangelho, que é a Palavra de Deus revelada por Jesus. Essa tarefa é ainda mais importante do que os próprios laços famili¬ares, porque é dela que surge o mundo novo, cheio de liberdade e vida para todos. O texto em si pode nos chocar, pois sempre encaramos a nossa família e as nossas rela¬ções mais próximas como o tudo da nossa vida. Contudo, o evangelho faz descortinar um panorama muito mais amplo, quebrando todas as fronteiras com que procura¬mos isolar e proteger as nossas relações. No fundo, o que o evangelho pede é sempre um ponto de partida, sem nunca delimitar a meta de chegada. O que faz a vida é o seu dinamismo em ato, a cada momento respondendo às situações no sentido de uma transformação para mais liberdade e vida. Em 6º lugar, nos vs. 22-25 vemos Jesus acalmando a tempestade. A travessia do lago de Genesaré ou mar da Galiléia levava para a terra dos gentios, no caso Gerasa, v.26. É um sinal de que o evangelho deve ser dirigido também para todos os povos. Mas, que dificuldade isso era para os discípulos, e para nós também. Todos nós costumamos ficar em paz e acomodados dentro de nossas fronteiras conhecidas, porque tememos tudo aquilo que se apresenta como desconhecido. A tempestade é uma figura da resistência dos discípu¬los em ir até os outros. O mar bravio é também uma figura das nações estrangeiras que ameaçam o povo de Deus (Salmo 65,8). Jesus, porém, é o Senhor da história e das nações. Com sua Palavra ele domina tudo, como o fazia com as doenças, os demônios e a morte, como veremos mais adiante. E aqui fica em aberto a questão para as nossas comunidades: confiamos em Jesus que está presente conosco, mesmo que este pareça estar dormindo? Se não confiamos, onde estão a nossa fé e a nossa confiança? E, você pessoalmente? Você tem confiado no Senhor de todo o seu coração? Talvez você mesmo fique paralisado pela dúvida e descrença. Talvez pretensiosamente ficamos imaginando que o Reino se realiza unicamente pelas capacidades humanas e, assim tentamos conter o mar das dificuldades, sem êxito, enquanto temos à nossa disposição o Senhor Soberano que controla todas as coisas. Em 7º lugar, nos vs.26-39, encontramos o relato da libertação de um endemoninhado. Assim como uma expulsão do demônio marcara o início da ação de Jesus no meio do seu povo (4,31-37), o mesmo acontece em terras gentias. Jesus encontrou um en¬demoninhado, possuído por uma "Legião", nome que se dava a um destacamento romano com cerca de 6.000 soldados. Aliás, a dominação romana era encarada pelos judeus como o principal de¬mônio em toda a região. Também o porco era considerado animal sagrado, impuro para os judeus e um dos símbolos do poder romano. Assim, a expulsão e a morte dos porcos simbolizava a sintonia de Jesus com o anseio do povo que desejava a libertação do jugo da escravidão ao poder de Roma. É digno de nota que nesta passagem Lucas que era médico escreve sobre demonismo. Ele pode falar com autoridade como médico, como cientista. Mateus e Marcos escreveram sobre demonismo nos seus evangelhos. Lucas não podia deixar de registrar os casos de demonismo, mas, sempre tinha o cuidado de separar demonismo e enfermidades. São duas coisas diferentes. Para ele a possessão demoníaca é uma realidade. É uma realidade tão grande quanto um problema cardíaco ou pulmonar. E a possessão provoca perturbações físicas, mentais e espirituais. A possessão demoníaca destrói a alma do homem. Leva o homem a perdição eterna. O que precisamos notar é que a palavra demônio é sinônimo de espírito mau ou espírito imundo. O endemoninhado vivia uma vida sub-humana ou completamente desumana, reduzido praticamente a um bicho: nu, acorrentado e algemado, morando em lugares desertos e cemitérios. Ele era uma figura do ser humano completamente alienado de si mesmo, vivendo como um morto, sendo evitado por todos. Mas o curioso é que os demônios, como sempre, sabem que Jesus é o Messias enviado por Deus (ver 4,3.34.41). Por quê? Porque eles sabem muito bem que Jesus, por ser Deus, é mais forte e pode derrotá-Ios. O mal sempre está de sobreaviso, pois a verdade e a justiça são ameaça permanente ao seu poder, sempre alicerçado na mentira e na injustiça. Segue-se então a negociação: sair do homem e entrar nos porcos. Devia ser manada grande, talvez uns 6.000 porcos (= legião). E o ato termina em total auto-aniquilação, porque o mal contém em si o germe da própria destruição. Em 8º lugar, nos vs. 35-39 os gerasenos rejeitam a presença de Jesus Mas o curioso é a reação das pessoas. Os guardadores de porcos saem correndo e espalham a notícia. Todos vêm para ver o que aconteceu. Certamente se espantam. Com o quê? Com a libertação do homem ou com a perda de 6.000 porcos? Parece que a segunda hipótese é a mais provável, já que eles pedem que Jesus vá embora dali. Não querem perder mais porcos... E assim chegamos à dura verdade: as pessoas costumam valorizar mais os bens materiais do que a vida humana livre e consciente. Não é o que em geral acontece entre nós? Quanto ao homem liberto, ele quis ficar com Jesus. Mas, Jesus mostra que a bênção da sua libertação deve ser compartilhada, deve ser anunciada. Ele deveria anunciar a libertação, contando a todos o que fora feito por ele. Ele seria, portanto, um evangelizador, cuja principal função é anunciar a força libertadora que emana de Jesus e do evangelho. Em 9º lugar, nos vs. 40-42 e 49-56 vemos o pedido de Jairo e a ressuscitação da sua filha. Jesus volta para o meio do seu povo, e se depara com um caso de ameaça à vida: uma menina de 12 anos à beira da morte. O fato de Jairo ser o chefe da sinagoga judaica parece indicar, parece significar o pedido do judaísmo ao cristianismo: libertação e vida. É fé e confiança que Jesus pede a Jairo, mesmo quando chegam com a notícia de que a menina já morreu: "Tenha fé, e ela será salva" (8,50). E Jesus prosseguiu para a casa de Jairo, onde encontrou a menina morta e o povo chorando por toda parte na casa. Jesus entra e diz: Não choreis; ela não está morta, mas dorme. A menina estava de fato morta, porém Jesus tinha o poder de faze-la voltar à vida. E lemos os vs.54-55: Entretanto ele, tomando-o pela mão, disse-lhe, em voz alta: Menina, levanta-te. Voltou-lhe o espírito, ela imediatamente se levantou... Dois outros pormenores fazem pensar que estamos aqui diante de um ensino importante sobre a ressurreição: 1)Pedro, João e Tiago seriam também as testemunhas da glória de Jesus, que veremos na transfiguração em 9.28, e 2)a visão da morte como sono do qual se desperta pela ressurreição seria um ensino comum na Igreja Primitiva cf.Ef 5.14. Em 10º lugar nos vs.42-48 Jesus cura uma mulher com hemorragia. Em meio a multidão, depois do seu retorno da terra dos gerasenos, indo em direção à casa de Jairo para lhe atender o pedido em favor de sua filha, uma mulher com hemorragia há 12 anos tocou em Jesus. Ela tinha tentado de tudo. Ela tinha gasto todas as suas economias. Jesus estava apertado pela multidão, mas sentiu que foi tocado pela fé de alguém que desejava a vida. A mulher certamente se escondia porque, segundo a Lei, o seu problema de saúde a deixava impura e também as pessoas que ela tocasse, cf. estudamos recentemente em Lv 15,25, você se lembra? Mas a cura é testemunha¬da diante de todos: "Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz" v.48. Aqui está a chave do milagre: é a fé e a confiança no poder de Jesus que ocasionam a cura. E você, tem se escondido ou tem publicado a sua necessidade e a restauração que só Jesus proporciona? Esse é o nosso desafio! Você tem depositado sua total confiança em Jesus? Querido amigo, ainda uma outra consideração sobre esses episódios finais do cap.8: As duas curas têm a ver com a libertação para a vida. A mulher doente tinha um problema que a tirava do convívio social. A menina morrera pre¬maturamente. Então perguntarmos: quais os fatores que marginalizavam esta mulher, escravi-zando-a à solidão e à doença? Quais os fatores que tão cedo comprometeram a vida, a ponto de acarretar a morte daquela vida tão jovem? A fé na ressurreição não deve ser dirigida apenas para o fim de uma longa vida, quando a morte é um processo natural. A fé deve atacar as causas que provocam a diminuição da vida e a morte prematura. Sabe por quê devemos agir assim? Porque Deus não quer que ninguém viva como morto, nem que morra antes do tempo. Bom, chegamos ao final de mais um tempo de estudo da Palavra de Deus. Certamente Deus trouxe novas convicções ao seu coração e desejo que você se aproprie delas e viva de modo ainda mais agradável a Deus. Escreva para nós: através de uma carta ou de um e-mail compartilhe como Deus falou ao seu coração. O Senhor te abençoe. Um forte abraço. © 2015 Através da Biblia
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