Capítulo 7
Onde Estás?
Um dos capítulos mais conhecidos do Livro de Gênesis é o capítulo três, onde consta o relato em que Adão e Eva comem do fruto proibido. Vimos no capítulo dois como Deus criou o homem e qual o modo de vida que planejou para ele. No capítulo três o assunto é o pecado naquele contexto e no de hoje, e trata também da escolha de Adão e Eva. Deus nos criou com livre arbítrio e por isso podemos escolher fazer a vontade de Deus ou a nossa própria vontade. O terceiro capítulo de Gênesis também descreve a primeira crise humana, ou a guerra travada no interior do homem. Como era naquele tempo, ainda é hoje. Aliás, o cenário aparece ainda no capítulo dois: “E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gênesis 2:8-9). Em algum ponto da história passou-se a idéia de que a árvore proibida era uma macieira, mas em nenhuma parte do Livro de Gênesis há essa referência. O que lemos é a respeito da árvore da vida e da árvore do conhecimento do bem e do mal. Antes de continuarmos esse assunto, é preciso que abordemos o tipo de linguagem que é usada nessa passagem. O relato é histórico, mas também é alegórico. O que é uma alegoria? É uma história na qual pessoas, lugares ou coisas possuem um significado que vai além do histórico ou do literal, e geralmente está ligado a um conceito moral. Na descrição do Jardim do Éden, a referência aos tipos de árvores indica que Deus iria suprir as necessidades do homem naquele lugar. Mas observe a prioridade: primeiro as árvores satisfaziam as necessidades dos olhos; depois a necessidade de alimento e depois lhe davam vida. Havia ali também a árvore do conhecimento que foi declarada por Deus fora do alcance do homem. Quando lemos nesse capítulo, sobre o primeiro pecado do homem, observamos que essa ordem de prioridade foi invertida. Homem e mulher colocaram alimento em primeiro lugar, olhos em segundo, e em terceiro, conhecimento. Em razão disso não chegaram à vida, mas alcançaram a morte espiritual. Em Deuteronômio 8:3 está a afirmação que “não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem”. Na verdade não temos vida quando nos limitamos a buscar a satisfação das nossas necessidades ou dos nossos desejos. De acordo com esse versículo, a verdadeira vida vem pela obediência a toda Palavra que sai da boca de Deus. Quando Deus colocou Adão e Eva no Jardim, providenciou tudo de que eles precisavam. Ele conhecia suas necessidades porque os tinha criado. O mesmo Deus que nos criou sabe quais são nossas necessidades e tem todo o interesse em satisfazê-las. Você pode perguntar: por que os olhos aparecem em primeiro lugar nessa lista de prioridades? Quando as Escrituras mencionam olhos, na verdade não se referem aos órgãos da visão. Tomemos por exemplo o texto de Mateus 6:22-23 onde Jesus disse: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas”. Jesus não estava falando da visão física. Ele estava falando da disposição mental de ver a vida. No Jardim do Éden, quando Deus enfatizou o que era agradável aos olhos, Ele estava dizendo que eles precisavam olhar para Deus a fim de satisfazerem suas necessidades. A grande necessidade que eles tinham e que nós temos hoje é deixar que Deus nos mostre como devemos ver as coisas. Há outra figura nesse capítulo. Depois que Adão e Eva se renderam à tentação, ouviram a voz do Senhor Deus que, no fim do dia andava no jardim. Adão e sua mulher se esconderam da presença do Senhor Deus no meio das árvores do jardim. Então o Senhor Deus chamou por Adão e lhe perguntou: “Onde estás?” (Gênesis.3:89). É interessante que Deus tenha iniciado Seu diálogo com Adão e Eva fazendo perguntas: “Onde estás? Quem te fez saber que estavas nu?” (Gênesis 3:9-11). É claro que Deus já conhecia as respostas. Ele está em todos os lugares vendo tudo o que acontece. Deus fez essas perguntas por causa do que Adão e Eva não sabiam. As perguntas tinham a finalidade de fazê-los refletir. Quando Deus perguntou “onde estás?”, estava na realidade perguntando: “Por que vocês estão se escondendo de mim?” A segunda pergunta que Deus fez depois que Adão confessou sua nudez, é uma das minhas prediletas: “Quem te fez saber que estavas nu?” (11a). A resposta, é que Deus é a fonte de toda informação. Deus quer que tenhamos conhecimento de algumas coisas e de outras não, mas Ele conhece todas as coisas. Ele é quem revela nossa verdadeira condição espiritual, onde estamos e mostra onde deveríamos estar. A seguir Deus pergunta: “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” (11b). Adão e Eva tinham desobedecido a Deus e agora, sofriam as conseqüências da desobediência, escondendo-se entre as árvores do jardim, e cobrindo seus corpos com folhas de figueira. Se você está comendo o banquete de conseqüências e o sabor é amargo, pergunte a você mesmo se não está comendo da árvore errada? Você andou desprezando a Palavra de Deus e em desobediência a ela? Você tem ignorado as instruções de Deus para sua vida? Esta foi a quarta pergunta que Deus fez: “Que é isso que fizeste?”. Ela foi dirigida à Eva e tira dela uma confissão, embora camuflada numa desculpa. A palavra “confissão” é formada por duas outras que significam “dizer a mesma coisa”. Literalmente, confessar é concordar com Deus a respeito de alguma coisa que fazemos. Deus queria que Eva colocasse todos os fatos sobre a mesa para que eles pudessem tratar juntos do que tinha realmente acontecido. É isso que Deus quer que nós também façamos. Que nos exponhamos a Ele de maneira franca e honesta. O capítulo três do livro de Gênesis enfoca duas pessoas que pecaram, e a forma como Deus tratou delas. Da mesma forma Deus nos trata quando pecamos e nos escondemos dEle. O episódio de Adão e Eva mostra que Deus vai a busca do homem caído e abre os canais de comunicação entre Ele o pecador.
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