Daniel 2.24-49
Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia". Quero saudá-lo em nome de Jesus. É com grande prazer que mais uma vez entro em contato com você com o objetivo de dedicar esse tempo para juntos estudarmos a Palavra de Deus. Desejo que o estudo de hoje sirva para a sua edificação e traga, além dos desafios do texto, as mais preciosas bênçãos divinas para a sua vida. Você que tem acompanhado o programa sabe que estamos estudando o livro das profecias de Daniel e essas profecias devem ser conhecidas por nós, pois revelam alguns dos acontecimentos que ainda ocorrerão no futuro. Por isso o meu convite é que você tenha a sua Bíblia aberta para concluirmos o estudo do capítulo dois. Você que nos acompanha sabe também que logo no início do programa registro as correspondências que vocês nos enviam. E hoje eu registro o e-mail que a Julia nos enviou de Curitiba. Foi essa a sua mensagem: “Meu nome é Júlia, e eu minha irmã Inês somos ouvinte da rádio BBN Internacional em Curitiba, e apreciamos muito o programa Através da Bíblia do Pr. Itamir Neves. Contudo, minha mãe tem muitas dúvidas quanto a obrigação de o cristão dizimar, segundo ela esse mandamento não é mais para os cristãos, ela concorda com a oferta, porém a quantia estipulada em dízimo era apenas para os judeus, sendo assim, na visão dela as igrejas estão erradas em "cobrar" o dizimo de seus membros. Pois bem, como ela gosta muito de suas exposições gostaria se possível, que me mandasse algum estudo sobre esse assunto para que ela pudesse ler, inclusive esse foi um pedido dela mesma.” Júlia Beatriz Rocha- Curitiba – PR – email.
Prezada irmã, somos gratos por suas palavras e por sua audiência junto com a Inês. Agradecemos as suas orações em nosso favor e agradecemos a Deus pelo seu interesse em estudar a Palavra. Como lhe respondi por e-mail temos que entender a partir do Novo Testamento, que a prática da contribuição financeira ganhou uma nova dimensão. Conforme Paulo demonstrou em 2Co 8, ao invés de ser algo obrigatório, as contribuições devem ser encaradas como um privilégio, como uma graça, uma dádiva que Deus nos dá a oportunidade de participarmos, e, por isso mesmo Deus ama aquele que dá com alegria. Espero que esses princípios possam fazer vocês perceberem que, também nessa área nos fomos libertos do jugo da Lei. Por isso, o cristão dos dias do Novo Testamento não dá somente o dízimo, mas dá além, como demonstração de reconhecimento de que tudo que ele tem é dado por Deus. Julia, que Deus te abençoe junto com a Ines e a sua mãe e que vocês sejam uma bênção entre os seus familiares e amigos nos mais diversos contextos. Agora, quero convidá-la e, a todos que nos sintonizam nesse momento a falarmos com o Senhor através da oração: "Pai querido, obrigado por tua preciosa graça. Diante da tua misericórdia nos enchemos de ousadia e penetramos na tua presença pelo precioso sangue de Cristo para buscarmos graça nesta ocasião. Pai te pedimos que a tua companhia seja experimentada por todos nós, nos mais diversos lugares onde estivermos, em todos os momentos. Abençoa essa querida família de Curitiba, e também te pedimos que nos ilumine nesse momento de estudo. Que a Tua palavra molde o nosso caráter. Oramos em nome de Jesus. Amém!".
Querido amigo hoje o nosso alvo é concluirmos o estudo do capítulo dois de Daniel. Estudaremos hoje Dn 2.24-49.
Neste texto encontramos uma narrativa que mostra claramente a soberania de Deus e o seu excelso poder quando comparado com o poder do ser humano, seja ele quem for; mesmo que seja um grande rei, um grande imperador.
No caso específico desse estudo, lembramos o poderoso Nabucodonosor teve um sonho ou um pesadelo e ficou completamente perturbado dando uma ordem ilógica em termos humanos. Ele queria que os sábios do seu reino adivinhassem o que ele tinha sonhado e, além disso, que lhe dessem a interpretação, isso é, revelassem o significado do sonho. Como os homens não têm o verdadeiro poder que saber o que se passa em outra mente humana, os sábios caldeus mostraram ao rei a impossibilidade de obedecerem a ordem real.
Daniel, o servo de Deus, capacitado por Deus, confiante em Deus, pediu a oportunidade de revelar não apenas a interpretação, mas também e principalmente o próprio sonho do rei.
Foi-lhe dada a oportunidade e, depois de orar e ser apoiado pelos seus amigos, Daniel foi até a presença de Nabucodonosor para lhe dar o relato do sonho e a sua interpretação.
A grande estátua que Nabucodonosor vira em seu sonho tinha um significado extremamente importante. Para ele, o grande imperador do maior império do mundo de então, o sonho era grave. Era um sonho em que ele, Nabucodonosor estava envolvido, mas era um sonho que revelava o futuro dos grandes reinos do mundo. Na interpretação do sonho ficou claro para o rei e para todos que, os reinos do mundo são passageiros e fugazes. Só existe um reino que durará eternamente.
É sobre esse tema que estudaremos, e o título para esta parte final do capítulo dois é:
O reino de Deus, verdadeiro e poderoso
Dn 2.24-49
Introdução
Muitas vezes ficamos sem entender claramente como Deus pode usar pessoas ímpias para estabelecer seu plano, para fazer concretizar as suas antigas promessas. Se olharmos para o relato bíblico, conforme nos relembra Gonçalves Júnior (2007, p.363) vamos achar os exemplos do faraó do Egito, que foi usado por Deus, na época de Moisés; vamos encontrar Deus usando Hirão, rei de Tiro, que foi usado nos dias dos reis Davi e Salomão quando da construção do Templo de Jerusalém; encontramos o próprio Nabucodonosor sendo usado por Deus e considerado como servo do Senhor (conf. Jr 25.9) e, encontramos Ciro, o imperador persa, que ainda não estava no poder, mas que seria um instrumento nas mãos de Deus, sendo considerado um pastor divino, pois encaminharia o povo de Deus de volta a terra prometida. Por que Deus usa essas pessoas, esses poderosos que não fazem parte do seu povo? E o que dizer dos grandes personagens históricos? O que dizer dos grandes descobridores, como Colombo, e Cabral; o que dizer de Hitler, de Churchill, de Golda Meir, de Kenneddy, de Getulio, de Juscelino, de Peron, enfim, por que Deus usa homens como Ronald Regam e Bill Clinton ou Barack Obama?
Mesmo sem entendermos, como também não entendeu Habacuque, que questionou esse método divino (Hc 1.5-17), temos que admitir que o Senhor usa a quem quer para que os seu planos se concretizem. E na concretização dos seu planos, nos é revelado, que embora tenhamos homens e reinos poderosos, só existe um reino com verdadeiro poder e que permanecerá eternamente, o reino de Deus.
Esse reino que é de Deus só é conhecido através da revelação do próprio Deus. E, assim, entendemos que, em resumo, esta é a proposta do texto:
Somente com a revelação de Deus conhecemos o verdadeiro reino de poder
Nestes versos encontramos cinco etapas da revelação do verdadeiro reino de poder
A 1ª etapa de revelação do Reino de Deus se dá a partir da coragem do servo de Deus, vs. 24-25
1. O servo de Deus por sua coragem tem condições de impor novas condições, vs. 24
2. O servo de Deus desafia o que era impossível aos homens, vs. 24
3. O servo de Deus por sua comunhão com Deus não teme enfrentar poderosos, vs.25-26
Nesses versos, Daniel persuadiu Arioque a não matar os sábios porque agora ele poderia satisfazer o pedido do rei. Daniel foi ousado e confiante. Mas a sua fé estava depositada no Senhor. Diante da tal segurança, Arioque levou Daniel rapidamente a Nabucodonosor.
Conforme o verso 26, o rei, demonstrado toda a sua fragilidade, mesmo sendo o mais poderoso rei no mundo, ansioso perguntou se era verdade que Daniel conseguiria revelar o sonho e decifrar o seu significado. O homem sem Deus não tem paz, fica perturbado e ansioso.
A 2ª etapa de revelação do Reino de Deus mostra quem tem o poder de mostrar o futuro, vs. 27-28
1. O futuro é revelado não pelo poder dos homens, vs. 27
2. O futuro é revelado por quem domina e conhece os mistérios, vs.28a
3. O futuro é revelado por quem conhece de antemão os últimos dias, vs. 28b
Nesses versos, Daniel reconheceu que nenhum homem, por si só, tinha capacidade para revelar segredos. Somente Deus no céu tem essa capacidade. Daniel falou ousadamente do Deus verdadeiro ao rei pagão e idólatra. A expressão “últimos dias” sempre se refere à era messiânica ou àqueles dias que precederam o período messiânico, quando o reino de Deus
seria estabelecido (veja Gênesis 49:1,9-10; Números 24:14,17; Isaías 2:2-3). É o mesmo período do qual Joel falou (2:28-32), citado por Pedro no Pentecostes e aplicado ao seu próprio tempo (Atos 2:17). O período dos “últimos dias” está em contraste com “os tempos passados” quando Deus ainda planejava as dispensações futuras na terra para o homem (veja Hebreus 1:1-2). Estamos agora vivendo nos “últimos dias” na terra porque, depois disto haverá julgamento e eternidade (1Coríntios 15:23-26).
A 3ª etapa de revelação do Reino de Deus descortina o que está encoberto para o homem, vs. 29-35
1. A revelação do que está encoberto alcança todas as cogitações da mente, vs. 29-30
2. A revelação do que está encoberto mostra todos os detalhes perturbadores, vs. 31-33
3. A revelação do que está encoberto mostra o poder a ser manifestado, vs. 34-35
Nos versos 29-30, Daniel afirma claramente que ele é apenas o instrumento através do qual Deus está dando a conhecer a história mesmo antes que ela ocorra.
Nos versos 31-33, Daniel revela o que o rei tinha visto no seu sonho, no seu pesadelo. Nabucodonosor tinha visto uma imagem brilhante e terrível composta de diferentes metais. A cabeça era de ouro; o peito, de prata; o abdômen de bronze; as pernas de ferro e os pés de ferro e argila. Era, realmente, uma figura estranha e impactante.
Daniel prosseguiu e nos versos 34-35, o profeta descreveu que uma pedra talhada sem o auxílio de mãos (de origem divina) feriu a imagem de modo que ela foi demolida. Então a pedra se tornou uma grande montanha que encheu toda a terra.
A primeira etapa do desafio a que Daniel mesmo se impôs estava vencida.
A 4ª etapa de revelação do Reino de Deus mostra o real significado do mistério encoberto, vs. 36-45
1. O real significado exalta as ações de Deus, vs. 36-38
2. O real significado mostra que o poder humano é transitório, vs. 39-43
3. O real significado demonstra que o verdadeiro poder é divino, eterno e vitorioso, vs. 44-45
Conforme os versos 36-38, Nabucodonosor ou, realmente, o reino de Babilônia, é representado pela cabeça de ouro. Este era um grande império, um domínio governando o mundo. Deus era a fonte do poder, força e glória deste reino (veja 2:21; 4:25). Deus é o soberano governante do universo (Jeremias 27:5-8). Se alguém questionar esta declaração, então que explique como Daniel pôde tão exatamente predizer a queda da Babilônia, bem como as sucessivas ascensões e quedas de outros três impérios mundiais? Além do mais, porque não houve outros impérios mundiais? Desde os dias do império romano (durante o qual o reino de Deus foi estabelecido, 2:44), não houve outro domínio imperante mundial.
O que é maravilhoso em todo esse relato é que a história foi contada antes dela acontecer.
No verso 39, Daniel continua sua interpretação. O peito e os braços de prata representavam o reino da Medo-Pérsia (veja 5:28; 8:20). Este seria sucedido pelo reino da Grécia (Macedônio) conduzido por Alexandre o Grande (veja 8:21). Ele não se estende sobre nenhum destes impérios mundiais. Esta não é uma lição de história, mas o objetivo é mostrar pela inspiração profética que Deus está no comando e que seu reino seria estabelecido. Todos estes reinos terrestres caíram por decreto divino.
A brevidade desta descrição é diferente do que qualquer homem teria escrito. A exatidão desta profecia é diferente do que qualquer homem poderia ter escrito. O poder da profecia cumprida confirma a inspiração das Escrituras e repele os esforços dos infiéis que negam a inspiração.
E, finalmente, nos versos 40-43 Daniel relata sobre um império que viria muito tempo depois, o império Romano. Sim, o quarto reino é o império romano, representado pelas pernas de ferro e os pés de ferro e de argila lodosa. Roma era forte, e o ferro era um símbolo apropriado (veja 7:7). Contudo, este reino era fraco dentro de si, o que é representado pela mistura de ferro com argila. Ainda que fosse capaz de conquistar o mundo, Roma jamais seria capaz de combinar o povo em um só. Roma teve muitas dificuldades em manter o império coeso e, finalmente, o império caiu tanto por causa das fraquezas de dentro como pelos exércitos de fora. É digno de se notar que em nenhum lugar os “dez” dedos foram especificados. Não há qualquer outra interpretação simbólica dos dedos que não seja a fraqueza do reino tendo ferro e argila misturados.
2:44, “Nos dias destes reis” (império romano), o reino de Deus seria estabelecido. Jesus confirmou esta profecia (Marcos 1:14-15; 9:1). Este reino é de origem divina e de duração eterna (Hebreus 12:28).
2:45, A pedra não era de origem humana, indicada pelo fato que era cortada sem mãos.
A igreja é o reino de Deus (Mateus 16:18-19). Ainda sendo Deus o soberano Senhor de todo
o mundo, ele tem um povo especial que se submeteu voluntariamente ao domínio de Jesus
Cristo (Colossenses 1:13-14; Apocalipse 1:5-6; 5:9-10; 12:5; 17:14; 19:15; 1 Pedro 3:22; Efésios 1:20-23). O reino de Deus é um reino espiritual (Lucas 17:20-21). O reino de Deus não permanece forte por causa de sua força física, mas por causa do uso da espada do Espírito (João 18:36; 2 Coríntios 10:3-5). O reino de Deus que foi estabelecido nos dias do império romano continua até agora. O evangelho tem sido pregado através do mundo, e onde quer que tenha ido obteve vitória ao voltar os corações dos pecadores para o domínio de Cristo. Os reinos dos homens têm vindo e ido. Mas desde os dias do império romano não tem havido nem haverá outro império mundial dominado pelos homens.
Todas as tentativas para fazer isso resultaram em nada. Mas o reino de Deus continuará na terra até a segunda vinda de Cristo, quando será entregue ao Pai (1 Coríntios 15:23-36).
Foi Jesus quem disse: “O tempo está cumprido” . . . (Marcos 1:14-15) Mas, isto aconteceu?.
A sua mensagem foi clara: o Reino virá com poder (Marcos 9:1). Foi Jesus quem anunciou:
O poder virá com o Espírito Santo (Atos 1:8) e, o Espírito Santo veio no Pentecostes (Atos 2:1-4), quando Cristo foi exaltado para sentar-se no trono de Davi (Atos 2:30, 33-36)
Durante os dias do Império Romano ao Senhor Jesus Cristo foi dado domínio, glória e um reino (Daniel 7:14; Efésios 1:20-23) Recebemos um reino imutável (Hebreus 12:29)
A 5ª etapa de revelação do Reino de Deus conduz todos a adorarem a Deus que conhece o futuro, vs. 46-49
1. A adoração a Deus provoca a humilhação dos poderosos, vs. 46
2. A adoração a Deus provoca a exaltação do servo de Deus, vs. 47-48
3. A adoração a Deus provoca o reconhecimento de outros servos de Deus, vs. 49
Diante dessa revelação do sonho e desta interpretação tão específica, Nabucodonosor, “engrandeceu a Daniel” no sentido que ele o honrou. Mais importante, ele honrou o Deus a quem Daniel representava. Contudo, os acontecimentos registrados no próximo capítulo mostram claramente que Nabucodonosor não renunciou aos modos pagãos nem se converteu completamente ao Senhor. Talvez ele fosse como muitos hoje em dia que sabem e reconhecem a verdade, mas nunca se submetem plenamente em obediência.
Daniel foi posto como chefe supervisor da província da Babilônia, conf os versos 48-49 e seus companheiros também receberam cargos oficiais no reino.
Conclusão
É possível aplicarmos essa passagem à nossa vida diária? Certamente! Como mencionou o Rev. Lopes ao citar Stuart Olyott (2005, p.48-49) temos pelo menos três lições a aprender e aplicar em nossas vidas:
1) A Palavra de Deus não falha. Ela cumpriu-se literalmente. Os impérios babilônico, persa, grego e romano passaram e o reino de Cristo surgiu sem qualquer ação humana e continua se expandindo até a sua volta. A Bíblia torna o homem sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus (2Tm 3.15), e, além disso, é por ela que somos consolados e mantemos a nossa esperança (Rm 15.4)
2) A História está nas mãos de Deus. Essa constatação é importantíssima para todos nós, pois assim podemos estar seguros e seguirmos com confiança sabendo que estamos vivendo uma história que tem inicio, meio e fim. Nada está fora do olhar e do cuidado de Deus. E, assim como a história das grandes nações e dos poderosos está nas mãos de Deus, certamente a sua história e a minha história também estão sob o controle de Deus. O convite é, pois, para descansarmos nas poderosas mãos de Deus, lançando sobre ele toda a nossa ansiedade, pois ele tem cuidado de nós (Fp 4.6-7; 1Pd 5.7)
3) O reino de Cristo triunfará. Os grandes impérios já caíram, os mais poderosos imperadores já se foram. Muitos poderosos surgirão, serão elevados e depois cairão. Lembrando que não há autoridade que não proceda de Deus, é correto entendermos que as nossas vidas, as nossas circunstâncias e as autoridades que estão sobre nós estão nas mãos de Deus. Podemos seguir confiantes e firmes porque pertencemos ao reino de Cristo, que por fim triunfará.
Querido amigo, espero que o Senhor mesmo te capacite a aplicar essas verdades em sua vida. Que você tenha e usufrua da paz que só Deus pode nos dar.
Um grande abraço e até o próximo programa.
© 2014 Através da Biblia
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