quarta-feira, 23 de julho de 2014

SALMO 24 (Novo Comentário da Bíblia)

SALMO 24. CÂNTICO REFERENTE À INVESTIDURA DE JERUSALÉM
A grande ocasião da vida de Davi, quando ele trouxe a arca do Senhor, da casa de Obede-Edom para a capital dos jebuseus, recentemente capturada, foi alegremente celebrada por diversos hinos e salmos (ver 1Cr 15.16-23). Este Salmo foi um dos primeiros a ser usado, pois era entoado enquanto a procissão se aproximava da antiga cidade. Este Salmo é maior que a ocasião festejada, e tem sido geralmente interpretado como uma expressão profética sobre a ascensão de Cristo após a Sua vitória sobre a morte e o pecado (ver v. 8 e cf. Cl 2.15; Hb 2.14-15) e após a declaração de Sua soberania final sobre tudo (ver v. 10 e cf. Tg 2.1; Ap 5.11-14; 17.14). Este Salmo se divide em duas seções. a) Aproximação à colina de Iavé (1-6) Esse cântico processional tem dois temas. O primeiro versa sobre o poder e a majestade do Senhor, na qualidade de criador e soberano de toda a terra (1-3). Ver Sl 136.6 nota, e cf. Jr 5.22. Tal é o alcance de Seu conhecimento, a perfeição de Sua obra, e a pureza e a retidão de Sua Pessoa, que o mero homem se vê obrigado a hesitar quanto ao seu dever de adorá-lo, pois, aproximar-se do Deus Santo é perigoso para o pecador e motivo de espanto para todos. Quem estará...? (3); isto é, quem manterá seu terreno? Cf. Sl 1.5.
O segundo tema versa sobre a justiça requerida da parte dos homens se tiverem de ser abençoados por Deus (4-6). Uma coisa era trazer a arca de Sua aliança para Jerusalém; mas era questão inteiramente diferente aproximar-se do Senhor em verdadeira adoração. O incidente de Uzá, verificado três meses antes, certamente ainda estava bem vivo na memória (ver 2Sm 6.6-11). A necessidade de um alto padrão de honestidade, veracidade e integridade da parte dos adoradores também é declarada em Sl 15 (cf. Is 33.14-17). Que não entrega sua alma à vaidade (4); isto é, que não tem dirigido as suas afeições e desejos para coisas vãs e inúteis, em lugar de dirigi-las para Deus. Cf. 25.1; 86.4; 143.8. Tais homens são fortalecidos pela bênção divina, que lhes proporciona a própria justiça de Deus. Ó Deus de Jacó (6). Apesar de muitas versões preferirem assim, outras, entretanto, trazem apenas "ó Jacó"; isto é, somente esses são o verdadeiro Jacó (cf. Rm 2.21,29). b) Entrando pelo pórtico de Sião (7-10) Nesta segunda parte do Salmo se reflete o contraste entre o mundo exterior da criação e o reino íntimo do coração; e esta segunda parte é ouvida como um duplo desafio e uma dupla réplica. A procissão estava, por alguns momentos, defronte dos portões fechados da cidade e a exigência de permissão de entrada, isto é, submissão, é formalmente feita em nome do Rei da glória (cf. Mt 21.9-10; 1Co 2.8). A ordem de "levantar" (7,9) ou abrir os portões e arcadas da antiga cidadela subentende a superioridade do novo Rei sobre todos os outros que haviam entrado anteriormente. Em resposta ao desafio cerimonial das sentinelas (8) é declarado (cf. 2Sm 6.2b) o nome do rei que chega - o Senhor poderoso na guerra Davi havia capturado recentemente a fortaleza dos jebuseus e ganhou muitas outras batalhas. Essa designação, por si só, foi insuficiente para garantir que os portões se abrissem, e o apelo para provisão de acesso à cidade é repetido (9). A presença do Senhor e Sua preeminência em Sião, se baseiam sobre outras reivindicações que não Sua intervenção nas batalhas históricas de Israel.
O Senhor é rei de todos por virtude de Seu próprio direito, possuindo poderes e qualidade que transcendem a terra e o tempo. O Rei da glória é o Senhor dos Exércitos (10; cf. 1Rs 22.19). Esse alto conceito sobre Deus foi prefigurado nas palavras iniciais do Salmo, cuja significação se estende para muito além das perspectivas temporais e nacionais de Israel.

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