Deuteronômio 15.1-16.22
Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia" com nossos corações cheios de alegria, aquela alegria que só o Senhor Deus nos dá. Alegramo-nos pela maneira carinhosa que temos sido tratados por você, pois, através das cartas que recebemos percebemos essa comunhão que só existe quando pertencemos a mesma família. E hoje, quero registrar o e-mail que vem da irmã E.O.G. que mora na Bélgica e nos ouve pela internet. Essa é parte da sua mensagem: "Pr. Itamir só muito recentemente comecei a acessar a BBN através da internet (moro na Bélgica). Com muito prazer vim a conhecer o seu programa o qual é muito instrutivo...Que Deus abençoe ricamente esse maravilhoso ministério de explanação da Palavra". Querida irmã, somos gratos por essas palavras tão bondosas. De fato, temos pedido a Deus que use o que aqui é transmitido para nos instruir e adequar o nosso caráter ao caráter de Jesus Cristo. E, assim, como recebemos essa correspondência gostaríamos de receber também a sua. Escreva-nos e compartilhe suas experiências conosco. Agora, te convido para aquele momento especial em que elevamos os nossos pensamentos para falarmos com Deus. Vamos orar: "Pai querido, chegamos à tua presença agradecidos porque a tua misericórdia dura para sempre. Agradecidos porque a tua misericórdia se renova constantemente sobre as nossas vidas. Agradecidos porque pela tua misericórdia o Senhor apaga de nós as nossas transgressões. Senhor, conforme o teu querer, atende nossa oração. Senhor, conceda-nos também a iluminação do teu Espírito para esse estudo. Nós oramos, em nome de Jesus, Amém!".
Querido amigo hoje, temos com alvo estudarmos os capítulos 15 e 16 de Deuteronômio.
Esses dois capítulos introduzem uma temática diferente daquela que estivemos estudando. Nos capítulos anteriores observamos Moisés recordando com a 2ª geração os acontecimentos que o Senhor fizera Israel experimentar, desde a saída do Egito até agora, nas planícies de Moabe, a um passo de entrarem em Canaã, a terra da promessa. Nestes capítulos veremos as orientações divinas dadas através de Moisés sobre como Israel deveria se comportar na nova terra, depois que tivesse conquistado a Palestina e a tivesse dividido entre as nove tribos e meia que herdariam suas possessões depois do Jordão. Do lado leste do Jordão já tinham o seu território as tribos de Rúben, Gade, e a meia tribo de Manassés. As palavras de Moisés orientavam como os israelitas deveriam viver em Canaã, a terra da promessa.
Quando nos detemos no conteúdo do capítulo 15 podemos constatar que este é um capítulo impressionante. Podemos perceber que diferente do costume pagão que tratava de forma cruel os menos afortunados, Israel deveria se destacar através de uma prática diferente. Normalmente nas outras sociedades somente os que pertenciam às camadas mais altas da sociedade é que eram considerados. A sociedade israelita deveria ser diferente em sua prática.
Temos de levar em conta que essas orientações serviram principalmente para a época de Moisés quando a escravidão era uma instituição humana vigente e aceita. Como temos dito em outras ocasiões, a revelação de Deus ao homem veio progressivamente. E, o que Moisés disse pode parecer injusto para os nossos dias. Porém, tanto naqueles dias como em nossos dias, em todos os tempos Deus teve sempre o máximo cuidado dos pobres e quer que eles sejam tratados com justiça.
Deus sempre se preocupou com os pobres, os órfãos e as viúvas e, na nova terra esse cuidado divino deveria ser o cuidado do povo e para que isso acontecesse, através de Moisés, Deus deu instruções claras sobre como deveriam se relacionar entre si todos os israelitas que, sem qualquer diferença, foram igualmente libertos por Deus da escravidão do Egito. Por isso este capítulo pode ter como seu título: O amor a Deus visto na generosidade. Essa frase sintetiza o ambiente que Deus queria ver fluindo nos relacionamentos dos israelitas na nova terra que iriam herdar. Por isso, a frase desafiadora, que se origina no texto, e que deve ser vista com relevância por nós é a seguinte: Todo verdadeiro adorador deve demonstrar o seu amor a Deus sendo generoso para com os necessitados. Ora, diante dessa afirmação surge a pergunta: Como ser generoso? E, a resposta é dada ao detalharmos este texto onde encontramos sete maneiras de demonstrarmos generosidade comprovando nosso amor a Deus.
Em 1º lugar, nos vs. 1-6 demonstramos generosidade ao perdoarmos totalmente as dividas dos necessitados.
Como havia para a terra o ano sabático, em que se dariam um ano de descanso do seu manuseio, também a cada sete anos Deus estabelecia o perdão da dívidas dos necessitados, aqueles que por diversas circuntâncias tiveram que pedir empréstimos ou que em razão de dívidas tinham se tornado escravos. A palavra remissão deve ser bem entendida. Alguns estudiosos entendem que as dívidas eram perdoadas para sempre, e se fosse assim, tal prática poderia levar os devedores a levar vantagem de acordo com essa lei, ao mesmo tempo que dificilmente um credor emprestaria algum valor no ano anterior ao sétimo ano. Outros entendem que as dividas eram perdoadas no sétimo ano, isto é, ficavam suspensas no sétimo ano e depois o devedor continuaria pagando. Mas, quando estudamos todos os versos, parece-me que deveria haver um perdão completo de toda a dívida. Um paralelo para essa interpretação relaciona-se ao ano do jubileu quando a remissão era aplicada completamente e servia como lembrança da remissão, da liberdade que Deus proporcionara a Israel, livrando-o completamente do Egito.
A base desse procedimento se vê no v.3 quando percebe-se uma diferenciação no trato entre os israelitas e os estrangeiros devedores. O estrangeiro deveria pagar a sua dívida, mas o israelita era beneficiado com essa medida, pois conf. o v.4 não deveria haver pobre no meio de Israel. A obediência a essa determinação, conf. os vs.5-6 traria a bênção de Deus sobre Israel que o faria próspero dentre todas as nações, o que foi visto posteriormente nos tempos dos reis Davi e Salomão. Mas, em todos esses detalhes temos que lembrar que essas bênçãos eram condicionais. Só desfrutariam dessa benção se obedecessem essa regulamentação divina. Ora, diante disso é mais uma vez importante destacarmos que muitas promessas, muitas bênçãos que poderíamos ter da parte de Deus não estão disponíveis porque não temos andado nos seus princípios. Que o Senhor mesmo nos ajude a praticá-los!
Em 2º lugar, nos vs. 7-11 demonstramos generosidade ao agir de modo a suprir o necessitado.
Pela legislação do ano sabático e pela obediência ao princípio anterior, a vontade de Deus é que não deveria haver pobre algum no meio de Israel. Esse ano de cancelamento das dívidas dava aos israelitas que tinham tido dificuldades financeiras de se recuperarem e, livres das dívidas reiniciarem as suas vidas, tornando-se novamente produtivos e independentes para dar seqüência às suas vidas. Em Lv. 25 estudamos sobre as regulamentações do Ano do Jubileu e ali já estava embutida essa expectativa de não haver necessitados no meio da congregação israelita. Em relação ao v.11 onde se diz que sempre haverá pobres na terra, é necessário entendermos que até nas melhores sociedades, com as mais recentes e desenvolvidas leis, devido a muitos fatores provocados ou ocasionais, muitas pessoas passarão por necessidades, estarão ou serão empobrecidas. Essa é uma realidade que o próprio Deus afirma como verdade. Mas, o princípio divino para essas situações é que haja generosidade, haja bondade e amor para com os necessitados. Deus sempre está ao lado dos necessitados, mas Ele agirá através de nós. Devemos nos dispor a ser instrumentos da bênção divina para com todos!
Em 3º lugar, nos vs. 12-15 demonstramos generosidade ao libertar o conterrâneo que nos serviu.
A orientação para os israelitas em relação ao relacionamento com os seus servos também israelitas, seus compatriotas era bem definida. Quando libertasse o seu servo deveria fazê-lo com bens que lhe possibilidade dar continuidade a sua vida. Com generosidade deveria dar-lhe gado, alimentos e outros elementos que lhe ajudassem a desenvolver a sua vida. A libertação de um servo nessas condições nunca seria prejuízo para aquele que libertasse, pois a bênção do Senhor recairia sobre ele. Deus queria que todos se lembrassem sempre de que tinham, todos eles, sido escravos no Egito e que o Senhor é quem os redimira.
Em 4º lugar, nos vs. 16-17 demonstramos generosidade ao aceitar a servidão definitiva daquele que nos ama.
Em determinadas situações, pelas mais diversas razões um servo que tivesse sido muito bem tratado pelo seu senhor, talvez não quisesse ser libertado. Nesses casos o israelita que o estava empregando deveria conferir essa decisão e se fosse confirmada deveria ir a um local público e através de uma cerimônia peculiar para a ocasião deveria oficializar aquele compromisso. A cerimônia para oficializar essa decisão tinha um aspecto religioso. Furava-se a orelha, pois ela simbolizava a vontade do servo de escutar e obedecer a vontade do seu Senhor. Quando se aceitava tal condição do servo, o senhor também se comprometia, em certo sentido, a continuar cuidando correta e generosamente daquele servo. Certamente, quanto a nós precisamos também de decidir servir integral e indefinidamente a Jesus Cristo!
Em 5º lugar, no vs. 18 demonstramos generosidade ao libertar o servo com bens que lhe garantam a subsistência.
Este verso é um complemento da ordem anterior, mencionada nos vs.12-15. Quando um servo fosse libertado, deveria ser libertado com bens suficientes para dar seguimento a sua vida. Estas palavras são um reforço, pois alguém poderia pensar que estaria sendo prejudicado a cumprir tal ordem. Deus esclareceu que não: o israelita não deveria se sentir prejudicado, pois o serviço que tinha recebido daquele servo, durante os seis últimos anos teria custado a metade ou o equivalente ao salário pago a um trabalhador normal e, por obedecer essa regulamentação divina, esse homem receberia as bênçãos divinas. Eu e você temos que acreditar que quando obedecemos a Deus nunca nos prejudicamos, ao invés, sempre desfrutamos da Sua bênção e da sua companhia conosco!
Em 6º lugar, nos vs.19-20 demonstramos generosidade consagrando o gado primogênito diante do Senhor.
Um outro aspecto que merece nossa atenção é o relativo aos sacrifícios oferecidos ao Senhor. Em demonstração de respeito, de reverência e de submissão ao Senhor Deus, o adorador fiel deveria oferecer o melhor do seu rebanho ao Senhor. Esse animal não seria usado em tarefas domésticas e dele também não se tiraria lã para o uso pessoal. Todo ele, desde o seu nascimento já estava oferecido ao Senhor. Um macho de um ano, sem defeito e sem qualquer deficiência seria oferecido e seria comido diante do Senhor num ato de celebração e adoração ao Senhor.
Em 7º lugar, nos vs. 21-23 demonstramos generosidade ao respeitar os princípios de santidade nas diversas refeições.
Em relação aos animais que apresentassem qualquer defeito, esses poderiam ser usados em refeições normais, isto é, não consagradas a Deus, onde participariam a família e certamente os amigos, num ambiente de generosidade. E como última palavra sobre essas recomendações em que se demonstrava generosidade reforçou-se a proibição de se comer carne com sangue, como anteriormente já tinha sido ordenado.
Muito bem, querido amigo, depois de vermos a maneira pela qual Deus queria que os israelitas se comportassem, se relacionassem entre si mesmo, demonstrando generosidade um para com o outro fica para nós o desafio de agirmos dessa mesma maneira para com os nossos irmãos que Deus nós abençoe nesse objetivo. E na seqüência, no capítulo 16 encontramos mais uma vez a ênfase na obediência pratica que era exigida por Deus. Essa obediência prática se verificaria através da observância das 3 principais festas de celebração a Deus e através do padrão de caráter daqueles que teriam responsabilidades na nova terra, bem como se verificaria a obediência através da rejeição da idolatria.
Por isso tudo, como título deste capítulo propomos: A obediência a Deus vista nas diversas áreas da vida. E assim quando estudamos o capítulo de maneira geral podemos resumi-lo com a seguinte frase: Todo aquele que teme a Deus deve demonstrá-lo nas diversas áreas da sua vida através da obediência. E neste texto vemos então, sete demonstrações da obediência devida a Deus.
Em 1º lugar, nos vs.1-4 a obediência é vista na celebração da libertação.
Todo israelita, do sexo masculino deveria ir ao local do tabernáculo ou ao templo anualmente para celebrar pelo menos as três festas que aqui estão prescritas. A páscoa era a primeira delas. A páscoa para o israelita era uma cerimônia de fundamental importância. Ela comemorava a libertação de Israel da escravidão egípcia; ela comemorava a saída de Israel da nação que o oprimiu durante mais de quatro séculos. Era a festas dos pães asmos, pães da aflição (v.3) que lembrava aos israelitas a sua fuga apressada do sofrimento do Egito.
Em 2º lugar, nos vs.5-8 a obediência é vista na celebração no local correto.
O local para estas celebrações já havia sido determinado anteriormente. Era um local central, onde o santuário do Senhor seria levantado. Como dissemos anteriormente, na nova terra, por muitos séculos, toda e qualquer adoração deveria ser feita no Tabernáculo, o local que Deus tinha designado para essa atividade. Os sacrifícios feitos por todo o território faria com que Israel se assemelhasse completamente aos pagãos e Deus não queria essa prática. Toda essa orientação sobre a Páscoa encontramos em Êx 12 e 13 e, conf o v.8 durante seis dias haveria essa celebração e no sétimo dia haveria uma assembléia de encerramento e o respeito ao repouso do sétimo dia.
Em 3º lugar, nos vs.9-12 a obediência é vista na celebração das primícias.
A segunda festa a ser celebrada era a festa das primícias, também chamada de festa das semanas, ou a festa do pentecostes, isto é, cinqüenta dias depois da páscoa, onde se comemorava o inicio da colheita. Era uma festa em que se agradecia a Deus pela colheita com a qual Deus tinha abençoado o seu povo, conf. estudamos em Lv 23 e Nm 28. Devemos nos lembrar que foi na data em que se comemorava esta festa que para os cristãos, o seu significado foi transformado, pois está ligado à vinda do Espírito Santo inaugurando a igreja cristã. Esta festa então apontava para a colheita que os membros da nova aliança fizeram do dom do Espírito Santo. Tanto no Antigo, como no Novo Testamento essa era uma oportunidade de celebrar agradecendo a Deus por suas bênçãos e, a participação era livre para toda a família, servos, levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas, assim como o Espírito Santo está disponível a todos.
Em 4º lugar, nos vs. 13-15 a obediência é vista na celebração dos resultados.
A festa dos tabernáculos, ou das cabanas era considerada por muitos a festa mais importante no calendário religioso de Israel. Em Lv 23.39 ela foi chamada de “festa de Yahweh”. Era uma festa de gratidão pela colheita e assim com alegria se agradecia ao Senhor durante uma semana, conf. vimos em Êx 23 e 34; Lv 23 e Nm 29. Nos dias de Jesus vemos uma referência a essa festa em Jo 7 e 8. Como nos diz Thompson: “Na presença de Deus, quando o adorador se conscientiza de Suas misericórdias passadas, de Seu perdão presente e da perspectiva da bênção divina no futuro, a expressão de profundo júbilo parece ser natural e espontânea” (2006, pg.190). Espero que seja essa a sua pratica ao adorar ao Senhor.
Em 5º lugar, nos vs. 16-17 a obediência é vista na celebração de todas bênçãos divinas.
Esses versos nos mostram a confirmação de que todo o israelita, homem, deveria três vezes ao ano se dirigir ao local que Deus escolhera para haver a adoração. Nesta adoração o adorador traria algum sacrifício para oferecer ao Senhor como expressão das bênçãos recebidas. Nessas ocasiões, de uma maneira simbólica, coletivamente, os adoradores estavam se comprometendo novamente com Deus; estavam confirmando a sua lealdade e principalmente o seu compromisso de obediência ao Senhor! O princípio que surge dessa prática também tem seu valor para nós, pois embora Deus conheça o íntimo do nosso coração, necessitamos também nós de confirmarmos a nossa lealdade ao Senhor através da obediência às suas orientações e aos seus requisitos.
Em 6º lugar, nos vs.18-20 a obediência é vista no caráter do adorador.
A partir desse ponto, o assunto que Moisés vinha tratando com a segunda geração, que referia-se a vida religiosa de adoração, muda para a vida em comunidade, para a vida civil de Israel. Em primeiro lugar a orientação foi dirigida àqueles que tinham mais responsabilidades diante de Deus e do povo. O caráter do adorador, o caráter do israelita seria uma prova da sua obediência a Yahweh. Na prática temos visto que quando a liderança é temente a Deus, o povo a acompanha no temor ao Senhor, mas quando isso não acontece, também o povo, os comandados ficam longe do Senhor. Esses homens de todas as tribos israelitas deveriam ser sábios, inteligentes e experimentados, conf. 1.12-18 e certamente deveriam ser obedientes à lei de Deus. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, conf. 1Tm 3.1-13 o caráter do líder é de fundamental importância. Que Deus nos abençoe a unirmos o carisma ao caráter!
Em 7º lugar, nos vs. 21 a obediência é vista na rejeição da idolatria.
Neste verso final, mais uma vez encontramos um alerta contra a idolatria. Como demonstração da total insatisfação de Deus por qualquer dessas práticas mais um alerta foi levantado. Que todos nós possamos ter somente a Deus e dedicar-lhe o primeiro lugar em nosso viver.
Muito bem, assim terminamos mais um estudo no livro do Deuteronômio. Sou grato a Deus por sua capacitação em nos fazer entender a Sua Palavra, e agradeço a você a sua sintonia. Mas, fico no aguardo da sua correspondência, ok?
Que Deus te abençoe,
Um forte abraço.
© 2014 Através da Biblia
sábado, 16 de agosto de 2014
Através da Bíblia - Deuteronômio 15.1-16.22
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