Números 1
Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia". Você que tem nos acompanhado sabe que temos por propósito estudar toda a Palavra de Deus. Fazemos isso porque Deus tem nos chamado para proclamar com integridade a Sua genuína Palavra e porque vocês têm escrito perguntando sobre o significado de determinados textos. As correspondências que vocês enviam demonstram carinho e amizade cristã. Quero incentivá-lo a nos escrever sobre questões de interpretação ou sobre suas boas experiências no estudo da Palavra. Foi sobre essas experiências que recebemos uma carta da nossa ouvinte N.M. de Curitiba, PR. Essas são suas palavras: “Como é gratificante ouvir seu programa. Quando uma pessoa está nos explicando com detalhes, é muito melhor, pois quando lemos sozinhos a Palavra de Deus, muitas vezes nos passa despercebidas uma palavra ou outra. Peço a Deus que continue lhe iluminando e dando cada vez mais sabedoria, para que possa nos ensinar cada vez mais”. Querido irmã, louvamos a Deus por sua vida e por sua fidelidade em estudar a Sua Palavra aplicando-a no seu viver diário. Certamente Deus tem lhe orientado. Agradecemos por você compartilhar conosco e colocamos o seu nome em nossa lista de oração. Ao mesmo tempo convidamos você e a todos que nos ouvem a se unirem conosco em oração. Vamos orar: “Pai querido, obrigado pela tua direção e pela misericórdia que tu nos dás. Pedimos a iluminação do Teu Espírito para o programa de hoje. Que ele sirva para edificação de cada um dos nossos ouvintes. Pai pedimos isso baseados na Tua misericórdia, em nome de Jesus. Amém”.
Querido amigo hoje iniciamos os nossos estudos no texto do livro de Nm, depois de um programa em que introduzimos o livro fazendo 10 destaques para que de modo geral tivéssemos uma idéia completa do seu conteúdo livro. Hoje vamos estudar o cap.1 com seus 54 versos e o cap.2 com seus 34 versos. Mesmo sendo um texto muito longo conseguiremos trabalhar com todo ele extraindo lições importantes para as nossas vidas.
Este livro de Nm é a continuação da história de Israel que se iniciou em Êxodo e que se desenvolveu em Levítico com a doação por parte de Deus do manual de culto para que o povo pudesse relacionar-se com Ele, Deus santo. Neste livro encontramos o estabelecimento de Israel e a narrativa da razão pela qual ele demorou a chegar à terra da Palestina, na terra da Promessa. Durante 38 anos e 9 meses o povo vagou pelo deserto devido à disciplina divina contra a incredulidade e rebelião da 1ª geração que saiu do Egito.
Embora essa incredulidade, rebeldia e outras falhas tenham ocorrido, um destaque ainda maior se dá ao plano de Deus para Israel, retardado, mas não destruído pela rebelião do povo contra Ele mesmo. E, a certeza do cumprimento do plano de Deus para com Israel se percebe quando se verifica a inclusão dos dois censos nos dois extremos do livro, cf.cap.1 e cap.26. A narrativa desses 2 censos, e a contagem que se obteve praticamente igual entre o 1º e o 2º censo demonstra que a demora em entrar e tomar posse de Canaã não foi por falta da ação e do poder de Deus, mas certamente por causa da incredulidade e rebeldia de Israel.
Bom, depois dessa visão geral do livro devemos observar detalhadamente o 1º capítulo que nos apresenta 3 assuntos que se relacionam ao 1º censo.
Em 1º lugar, nos vs.1-16 temos a ordem divina para a realização do censo.
Nesses versos temos algumas observações que devem ser feitas: 1)Nos vs. 1-3 encontramos a ordem do Senhor a Moisés, dizendo-lhe que ele e Arão deveriam fazer um censo contando todos os israelitas com mais de vinte anos de idade, cf. o v.3 “todos capazes de sair à guerra em Israel, a esses contareis segundo os seus exércitos”.
2)Você sabe o que é um censo? Censo é um recenseamento, isto é, uma contagem de dados estatísticos dos habitantes de uma região, estado ou nação, com todas as suas características. No caso de Israel, as características que Deus ordenou que Moisés destacasse eram a idade e a capacidade de ir para a guerra.
3)Nos vs. 4-16 Deus instruiu Moisés, ordenando-lhe que essa contagem completa dos israelitas fosse coordenada por ele e por Arão, mas, deveria ser feita com a ajuda de um homem de cada tribo.
4)Nos vs.4-16 encontramos o nome de cada um desses auxiliares responsáveis diante de Moisés e Arão de coordenar a contagem dos homens da sua tribo.
5)Esse censo, essa contagem foi ordenada um mês após a construção do tabernáculo, cf. estudamos em Êx 40.17, e devemos notar também que essa contagem foi distinta da que fora feita anteriormente, e que está registrada em Êx 38.25-26, que era relativa ao dinheiro para expiação, cf. Êx 30.11-16.
6)É digno de nota, entretanto, que nas duas contagens o número de homens nessa faixa etária foi o mesmo: 603.550 (cf. 1.46), demonstrando que durante esse mês e pouco entre uma e outra contagem nenhum homem com mais de 20 anos, capaz de ir à guerra faleceu no acampamento israelita.
7)Você reparou na sua leitura bíblica, que entre as doze tribos não aparece o nome da tribo de Levi? É... mas, acalme-se vamos explicar esse fato daqui a pouco.
Em 2º lugar, nos versos 17-46 vemos Israel, tornar-se uma nação completa.
Também aqui, nestes versos é necessário fazermos algumas observações:
1)Conf o v.16, diante dessa tarefa de grande responsabilidade, esses auxiliares foram chamados de príncipes de Israel, os cabeças dos milhares de Israel.
2)Deve-se observar, e quem já leu o livro de Números de uma só vez, preparando-se para os nossos estudos certamente constatou que os nomes desses príncipes de Israel, ainda aparecem nos caps. 2, 7 e 10 de Nm.
3)Em relação aos nomes desses príncipes, outra curiosidade deve ser mencionada: a maioria, 8, dos nomes desses príncipes tem alguma referência ao nome de Deus, cf. Elizur, Selumiel, Natanael, Eliabe, Elisama, Gamaliel, Pagiel, e Eliasafe.
4)Conf. os vs.17-19, Moisés e Arão reuniram esses doze homens e, “tendo ajuntado toda a congregação no 1º dia do segundo mês, declarou a descendência deles, segundo as suas famílias, segundo a casa dos seus pais, contados nominalmente, de 20 anos para cima, cabeça por cabeça”. O que percebe nesses versos é um tipo de consagração e apresentação à todo o povo desses que seriam os coordenadores do censo. Moisés e Arão estavam delegando autoridade para esses príncipes realizarem a tarefa que Deus tinha ordenado a Israel.
5)Nos versos 20-43 percebe-se que para cada tribo repetiu-se a mesma fórmula: 1)o nome da tribo, 2)a designação de quem seria contado, isto é, homens com mais de 20 anos de idade, e 3)o total contado naquela tribo.
6)Nos vs.32-35, encontramos o nome dos dois filhos de José: Efraim e Manassés substituindo o nome de Levi, que não foi relacionado. Sobre a não inclusão de Levi, como falamos anteriormente, vamos tratar daqui a pouco.
E, a 7ª observação que devemos fazer em relação a esses versos que mencionam os totais de cada uma das tribos é relativa à palavra “mil”. Muitos estudiosos têm discutido o significado dessa palavra. Alguns entendem que essas cifras foram adulteradas na transmissão do texto, mas isso não é comprovado. Outros entendem que essa palavra significa “chefe”, e isso reduziria em muito a população dos israelitas o que contradiz o texto que cita claramente milhares de israelitas. E ainda outros entendem que esse número pode ser simbólico, pois o valor numérico das letras de “a comunidade de Israel” é igual a 603, mais o nome de Moisés e a expressão “todos os homens que possam servir no exército” que totalizariam o número 550. Mas, embora tenhamos essas diversas opiniões e tentativas de se explicar esse número, a grande parte dos estudiosos aceita esse número, conf o v.46: 603.550, como literal, como também o aceitamos e por conseqüência temos assim uma população total de israelitas por volta de 2 milhões e meio de pessoas, se considerarmos que cada um desses homens tinha uma esposa e pelo menos 2 filhos. Certamente era um grande povo. Uma grande nação, uma grande multiplicação da semente de Abraão, conf a promessa de Deus em Gn. 12.2; 13.16; e 15.5 em que Deus afirmou ao 1º patriarca que faria a descendência tão numerosa quanto o pó da terra ou as estrelas do céu. Agora, na seqüência do texto,...
Em 3º lugar, nos vs. 47-54 temos a explicação da separação da tribo de Levi.
Agora sim, chegamos ao momento de explicar porque a tribo de Levi não foi incluída nessa contagem. Façamos algumas observações:
1)Essa explicação pode ser dada através uma pergunta: Por que Deus quis que se fizesse essa contagem? Porque esse censo estava vinculado ao serviço militar, como se fosse um tipo de alistamento militar para as futuras batalhas de Israel.
2)Porque Deus tinha excluído a tribo de Levi da defesa militar da nação, e por isso mesmo não a contou, cf.o v.47.
3)Porque Deus querendo mostrar que o suporte espiritual era de fundamental importância para a própria existência de Israel, requisitou a tribo de Levi para o serviço no tabernáculo e para o oferecimento dos sacrifícios.
4)Porque Deus queria mostrar que as vitórias a serem alcançadas além de depender do poderio militar de Israel, sobretudo dependiam da relação de Israel com Deus através de um culto genuíno e sincero, ministrado pelos levitas.
5)Porque Deus tinha como propósito para os levitas serem um canal direto no relacionamento entre Deus e o seu povo.
6)Porque o trabalho dos levitas, cf.o texto era o de cuidar de tudo o que se referia ao tabernáculo: guardar a Arca do Testemunho; os seus utensílios; desmontar, transportar e remontar o Tabernáculo; e deveriam também acampar ao seu redor.
7)E, em relação aos vs. 51-53 a ordem para que ninguém se aproximasse ao Tabernáculo, exceto os levitas, decorria do fato de Deus ser santo e o pecado não poder permanecer na sua santa presença. O fato dos levitas se acamparem ao redor do tabernáculo evitaria a ira de Deus sobre a congregação de Israel.
E finalmente no v. 54 nos é relatado que os israelitas fizeram “segundo tudo o que o Senhor ordenara a Moisés”.
Querido amigo creio que a grande lição a ser aprendida e aplicada em nossas vidas, diante deste cap. 1 é a de que Deus nos ordena a desenvolver a nossa vida da maneira mais natural possível, com planejamento, contando com as possibilidades e fazendo os cálculos necessários. Mas, a obtenção das vitórias sobre os inimigos circunstanciais e espirituais que certamente enfrentaremos só ocorrerá quando dependermos de Deus e isso através de uma vida de adoração e intimidade com Ele.
Bom, chegamos assim ao capítulo 2. Neste capítulo temos como tema principal a ordem das tribos no acampamento, a organização das 12 tribos Israel no acampamento tendo o tabernáculo no centro.
Deus estava preparando e instruindo Israel para que soubesse se conduzir na grande marcha pelo deserto. Os israelitas não foram enviados de qualquer maneira pelo deserto. Deus os orientou e mostrou como eles deveriam se portar em toda sua peregrinação. Os israelitas precisavam aprender a acampar e a lutar, porque agora eles mesmos teriam que enfrentar os inimigos. Israel não deveria esperar que somente Deus lutasse por eles através dos seus feitos maravilhosos. Deus queria que Israel lutasse e para isto deveria estar preparado e bem posicionado.
Mas, para estudarmos melhor o conteúdo do cap.2, vamos dividi-lo em 7 parágrafos:
Em 1º lugar nos vs.1-2 temos a posição central do tabernáculo.
Diz assim o texto: “Disse o Senhor a Moisés e a Arão: Os filhos de Israel se acamparão junto ao seu estandarte, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, de frente para a tenda da congregação, se acamparão”. Deus queria o acampamento do Seu povo organizado de tal maneira que tendo o Tabernáculo à certa distância, cf. a melhor tradução, no centro, demonstrassem de modo claro que a adoração e o serviço a Deus seriam sempre centrais na vida de Israel.
Em relação aos estandartes ou bandeiras e as insígnias ou emblemas cada tribo tinha os seus emblemas distintos e a cada três tribos havia uma bandeira. De acordo com a tradição judaica os emblemas distintos das tribos eram coloridos de acordo com as cores das pedras colocadas no peitoral do sumo sacerdote, cf. Êx 28.15-21 e, além disso, os israelitas marchavam com 4 bandeiras com 4 figuras distintas: 1)as tribos lideradas por Judá tinham a figura de um leão; 2)as lideradas por Rubem tinham a figura de um homem; 3)as lideradas por Efraim, a figura era de um boi; e, 4)as lideradas por Dã, tinham a figura de uma águia, cf. os 4 seres viventes de Ez 1.10 e Apo 4.7
Em 2º lugar nos vs.3-9 temos as tribos que ficariam a leste do tabernáculo.
Aqui são mencionadas as tribos de Judá, Issacar e Zebulom, num total de 186.400 guerreiros, que marchariam em primeiro lugar, quando Israel se locomovesse no deserto ou enfrentasse algum inimigo em batalhas.
Mas, aqui surge uma questão que necessita ser respondida: Por que a tribo de Judá foi mencionada em 1º lugar, sendo que Rúben era o primogênito de Jacó? A resposta a essa questão é importante, pois devemos nos lembrar que pela falha dos 3 primeiros filhos de Jacó: Rúben, Simeão e Levi, cf. Gn 49.3-7 e por causa da atuação correta de Judá, mesmo sendo o 4º filho de Jacó ele ganhou lugar de honra entre seus irmãos, cf. Gn 49.8-10 e por isso mesmo dele descendeu Davi e de Davi, o Messias que veio ao mundo, cf.Rt 4.18-21, Mt 1.1-16 e Ap 5.5, que identifica Jesus como o “Leão da tribo de Judá”!
Em 3º lugar nos vs.10-16 temos as tribos que ficariam ao sul do tabernáculo.
Aqui são mencionadas as tribos de Rúben, Simeão e Gade num total de 151.450 guerreiros, que marchariam em segundo lugar, quando Israel se locomovesse no deserto ou enfrentasse algum inimigo em batalhas.
Em 4º lugar no vs.17 temos o lugar que o tabernáculo deveria ocupar.
Aqui é mencionada a tribo de Levi, num total de 22.000 componentes, cf. veremos em 3.39. Eles marchariam em 3º lugar, tendo como responsabilidade, cuidar do tabernáculo e o culto a Deus. Quando Israel se locomovesse no deserto a tribo de Levi se responsabilizaria por desmontar, carregar e montar o tabernáculo onde Israel fosse acampar. O tabernáculo no meio de Israel simbolizava a presença de Deus mais próxima do povo, descendo do Sinai para a tenda, para a Arca, não mais ficando fora do arraial, como em Êx 33.7-11, mas ficando mais próximo ao povo.
Em 5º lugar nos vs.18-24 temos as tribos que ficariam a oeste do tabernáculo.
Aqui são mencionadas as tribos de Efraim, Manassés e Benjamim, num total de 108.100 guerreiros, que marchariam em quarto lugar, quando Israel se locomovesse no deserto ou enfrentasse algum inimigo em batalhas.
Devemos notar nessa tríade cinco detalhes: 1)A menção dos filhos de Raquel: José e Benjamim. 2)A menção de Efraim em 1º lugar, embora Manassés fosse o primogênito de José. 3)Essa inversão se deu quando Jacó, cf. Gn 48.11-20 abençoou os seus netos antes de morrer. 4)Nessa tríade Benjamim foi mencionado por último por ser filho mais novo de Jacó. 5)Benjamim foi junto com Judá e parte de Simeão as tribos que constituíram posteriormente o reino do Sul.
Em 6º lugar nos vs.25-31 temos as tribos que ficariam ao norte do tabernáculo.
Aqui são mencionadas as tribos de Dã, Aser e Naftali, num total de 157.600 guerreiros, que marchariam em quinto e último lugar, quando Israel se locomovesse no deserto ou enfrentasse algum inimigo em batalhas.
E, em 7º lugar nos vs.32-34 temos a descrição da obediência de Israel.
Destaca-se nesses versos o total de israelitas aptos para a guerra, 603.550 homens com mais de 20 anos de idade, pertencentes as 12 tribos, sem contarmos a tribo de Levi, que só seria contada posteriormente.
Destaca-se aqui também o fato desse número nos indicar o total de israelitas que saíram do Egito. Considerando-se, cf. já mencionamos, que cada um desses soldados tivesse esposa e mais 2 filhos chegaríamos a um total de 2 milhões 414 mil e 200 vidas, sem contar os mais idosos que não poderiam lutar mais, portanto, a 2 milhões e meio de israelitas caminhando em direção à terra prometida.
Querido amigo diante dessa impressionante narrativa podemos perceber algumas lições importantes para nossas vidas: 1)Deus é organizado em tudo que faz, portanto nós cristão também deveríamos seguir nesses passos; 2)A diversidade de posições e atribuições das tribos, deve nos fazer lembrar o principio neotestamentário percebido no corpo de Cristo: unidade, diversidade e mutualidade. Unidade, pois Israel era só um povo. Diversidade, pois as 13 tribos tinham posições e funções diferentes. E, mutualidade, pois cada tribo dependia uma das outras numa batalha contra os inimigos; 3)A presença de Deus no meio do seu povo, nos relembra da promessa de Jesus, que disse: “onde estiverem 2 ou 3 reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”, cf. Mt 18.20; 4)Da mesma maneira que Deus habitou entre o povo, bem no meio do arraial, assim o Verbo se fez carne e tabernaculou, habitou entre nós, cf. Jo 1.14; e 5)Da mesma maneira como Deus acompanhou Israel pelo deserto, Ele está presente conosco, coletiva e individualmente, cf. 1 Co 3.16 e 6.19.
Bom, finalizamos mais um tempo de estudos. Espero que você tenha sido desafiado, mas também edificado com essas considerações.
Sou grato por sua companhia. Agradeço também a Deus por Sua capacitação.
Não se esqueça de escrever para nós por carta ou por e-mail.
Deus te abençoe.
Um abraço.
© 2014 Através da Biblia
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Através da Bíblia - Números 1A
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