Deuteronômio 25.1-26.19
Olá amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia" e para nós é sempre motivo de muita alegria sabermos da sua companhia conosco. Obrigado por que você tem sintonizado esse programa e tem sido fiel em nos acompanhar no estudo sistemático que fazemos da Palavra de Deus. Estamos estudando o livro de Deuteronômio e hoje vamos estudar os capítulos 25-26 quando Moisés conclui o seu segundo discurso de despedida exortando Israel a ser obediente. Certamente teremos lições importantes para aprender e aplicar em nossas vidas. Por isso sugiro a você abrir a sua Bíblia e acompanhar atentamente o estudo de hoje. Depois você pode escrever compartilhando como Deus falou ao seu coração. E é exatamente isso que o nosso irmão LCL da cidade Crisciuma em SC fez, escrevendo essas palavras: "Querido irmão escuto de segunda a sexta o Através da Bíblia. Gostei muito e queria ter as apostilas que me ajudarão muito na evangelização que faço em minha cidade". Querido irmão muito obrigado por seu esforço em se comunicar conosco. Estaremos orando pelo irmão e pedindo a Deus que o seu ministério de evangelização dê muitos frutos. A novidade que temos para anunciar a você e aos demais ouvintes é que já se encontra a disposição os primeiros livros com os comentários do programa. Telefonando ou se comunicando conosco você saberá como adquiri-los. Estamos gratos da Deus por essa possibilidade. Agora, quero convidá-lo àquele momento importantíssimo do nosso programa, quando buscamos a presença do Senhor. Vamos orar: "Pai amado, somos gratos por tua companhia conosco e por tua misericórdia. Obrigado por termos esses estudos em livro. Que possam ser úteis na edificação do teu povo. Pai buscamos também a iluminação do teu Espírito para o estudo de hoje. Que o Senhor fale a cada coração. Oramos em nome de Jesus. Amém!"
Querido amigo, hoje temos como alvo estudarmos os dois capitulos finais do segundo discurso de Moisés. São os capítulos 25 e 26. Nesses capítulos observamos a seqüência das regulamentações divinas para que Israel tivesse uma abençoada vida quando já estivesse habitando na Palestina, em Canaã, a terra da promessa. Deus sempre quis dar o melhor para o seu povo, mas para isso Ele também deu diversas instruções, leis, regulamentações e mandamentos para organizar a vida religiosa, familiar e social do povo. A bênção divina viria à medida que Israel lembrasse e cumprisse esses requisitos que Deus tinha estabelecido. Deus queria que seu povo vivesse de maneira diferenciada afim de que, além de ser Seu porta-voz, se tornasse o exemplo de uma sociedade justa perante as outras nações. Moisés, como o representante divino, despedindo-se do povo apresentou essas últimas instruções que formam o conjunto do livro de Deuteronômio.
Assim, o conteúdo do capítulo 25 pode ter como título As regulamentações divinas sobre a vida social. A sentença desafiadora, a sua proposição pode ser expressa através dessa afirmação: Somente ao obedecermos as regulamentações divinas percebemos a boa mão de Deus sobre as nossas vidas. E ao detalharmos esse capítulo encontramos sete regulamentações sobre diversos aspectos da vida social:
Em 1º lugar temos a regulamentação sobre a punição aos culpados, vs.1-3.
Vamos ler este trecho para percebermos os seus detalhes:
[Em havendo contenda entre alguns, e vierem a juízo, os juízes os julgarão, justificando ao justo e condenando ao culpado. Se o culpado merecer açoites, o juiz o fará deitar-se e o fará açoitar, na sua presença, com o número de açoites segundo a sua culpa. Quarenta açoites lhe fará dar, não mais; para que, porventura, se lhe fizer dar mais do que estes, teu irmão não fique aviltado aos teus olhos.]
Através dessa leitura é possível destacarmos alguns pontos: 1)O papel dos juízes em Israel era fundamental e percebia-se assim um sistema judicial bem elaborado. 2)Certamente além dos julgamentos havia também o sistema penal, comparado ao que hoje chamamos de sistema prisional. Um dos grandes problemas de nossos dias em diversas sociedades e especificamente na sociedade brasileira é o ambiente de impunidade. Em Israel não deveria acontecer tal prática. 3)Discute-se muito as palavras do v.3 em que se ordena que se dê somente quarenta chicotadas. A razão de ser dessa ordem era com certeza para não haver um castigo excessivo. O número 40 parece-nos ser um número aleatório, mas o que se pretendia era evitar um castigo desumano que humilhasse o criminoso, que mesmo sendo criminoso era uma criatura de Deus. Nos dias do Novo Testamento o apóstolo Paulo, por pregar o evangelho, por cinco vezes, recebeu essa quarentena de açoites (2Co 11.24). Enfim, neste trecho fica claro que a impunidade gera cada vez mais quebras da lei, pois não se pune os culpados, mas ao mesmo tempo o castigo deve preservar a dignidade do ser humano.
Em 2º lugar temos a regulamentação sobre o trato com o animal produtivo, v.4.
As palavras desse verso são claras e objetivas: [Não atarás a boca ao boi quando debulha.] Assim como durante as colheitas dos cereais, das oliveiras e das vinhas se deixava o resto que não fosse apanhado para os pobres e necessitados, assim também no debulhar dos cereais, não se devia privar o animal que trabalhava de satisfazer-se com aquele mesmo alimento. Nos dias do Novo Testamento este texto foi usado com exatidão para validar o sustento que é digno àqueles que dedicam a sua vida ao ministério. Hoje esse é um princípio que as igrejas devem adotar com sabedoria e generosidade. O obreiro que serve uma igreja dedicando a ela todo o seu tempo deve ser bem remunerado, pois isso indicaria ser aquela comunidade uma comunidade justa e generosa. O princípio percebido aqui é o relativo à demonstração de amor, bondade e reconhecimento para com qualquer e todas as criaturas de Deus!
Em 3º lugar temos a regulamentação sobre o levirato, vs.5-6.
As palavras literais dessa ordem são as seguintes: [Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem filhos, então, a mulher do que morreu não se casará com outro estranho, fora da família; seu cunhado a tomará, e a receberá por mulher, e exercerá para com ela a obrigação de cunhado. O primogênito que ela lhe der será sucessor do nome do seu irmão falecido, para que o nome deste não se apague em Israel]. Essa ordem para os nossos dias soa completamente estranha. Hoje não temos mais essa prática. Porém naqueles dias, em Israel, essa era uma pratica adotada, pois se pretendia que em cada família o nome de todos os seus descendentes fosse preservado. Um outro aspecto que tem que ser visto aqui era o embrião de um sistema previdenciário, pois tinha-se como alvo o sustento daquela viúva que não possuía filhos e outra maneira de se sustentar. Com um filho, mesmo que gerado pelo seu cunhado, ela teria seu sustento garantido quando não pudesse mais trabalhar. A atenção e a preocupação divinas podem mais uma vez ser comprovadas em favor dos necessitados.
Em 4º lugar temos a regulamentação sobre a rejeição da pratica do levirato, vs.7-10.
Essa regulamentação dá continuidade à ordem anterior. No caso de um cunhado não querer cumprir com essa obrigação, o caso seria levado aos juízes da cidade que conversariam com o irmão do falecido. Se todavia ele permanecesse irreditível não querendo suscitar a herança do seu irmão a conseqüência do seu ato lhe traria a vergonha de ver sua casa ser chamada de “casa do descalçado”. Entretanto, essa viúva, ao invés de ficar solitaria, poderia se casar com um outro parente que se dispussesse a assumir aquela responsabilidade, como aconteceu com Rute que se casou não com o resgatador que abriu mão dos seus direitos, mas com Boaz que assumiu essa responsabilidade, conf. Rt 4.1-12.
Em 5º lugar temos a regulamentação sobre a intromissão de uma esposa numa briga do seu marido, vs.11-12.
Essa foi uma ordem específica para que uma esposa não interferisse nas contendas em que o seu marido estivesse envolvido. Mas sobretudo o que estava envolvido era o cuidado com os órgãos genitais, pois a partir deles é que se dava a procriação. Havia punição também, conf. Lv 24.19-20 para qualquer homem que lesasse um outro homem no órgão sexual. A procriação de filhos era importante em Israel. Os filhos eram vistos como herança do Senhor, conf. o Sl 127.3
Em 6º lugar temos a regulamentação sobre as medidas e os pesos justos, vs.13-16.
[Na tua bolsa, não terás pesos diversos, um grande e um pequeno. Na tua casa, não terás duas sortes de efa, um grande e um pequeno. Terás peso integral e justo, efa integral e justo; para que se prolonguem os teus dias na terra que te dá o SENHOR, teu Deus. Porque é abominação ao SENHOR, teu Deus, todo aquele que pratica tal injustiça.] Fica claro que se pretendia a honestidade e a lisura nas relações comerciais. Israel e o povo de Deus, incluindo nós os cristãos devemos ser honestos e justos em todos os negócios que porventura façamos.
Em 7º lugar temos a regulamentação sobre a destruição dos amalequitas, vs. 17-19.
E finalmente nesses últimos versos do capítulo 25 temos uma ordem que necessita ser muito bem entendida. Clara e objetivamente a ordem divina era para que Israel se recorda-se do que tinha lhe acontecido até chegar em Canaã. Lemos nesses versos as seguintes palavras: [Lembra-te do que te fez Amaleque no caminho, quando saías do Egito; como te veio ao encontro no caminho e te atacou na retaguarda todos os desfalecidos que iam após ti, quando estavas abatido e afadigado; e não temeu a Deus. Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, te houver dado sossego de todos os teus inimigos em redor, na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança, para a possuíres, apagarás a memória de Amaleque de debaixo do céu; não te esqueças.]
Deus estava pedindo que Israel preservasse rancor em seu coração? Certamente não! Mas, o que Deus pretendia aqui era punir com castigo divino, executado por Israel, a falta de misericórdia que os amalequitas demonstraram para com os israelitas, não os deixando passar por suas terras quando estavam a caminho de Canaã. “O crime de Amaleque em não usar de misericórdia para com os fracos era merecedor do castigo divino, pois Deus julga as nações quando estas cometem crimes contra a lei natural” (Thompson, 2006, pg.242).
Querido amigo, todo esse detalhamento de Deus, orientando cada um dos aspectos da vida social de Israel, demonstra o Seu cuidado, o Seu interesse e a Sua intenção de que a vida de Israel em Canaã se tornasse agradável e satisfatória até como contra partida para os quase quinhentos anos de sofrimento na escravidão do Egito e na peregrinação do deserto. Para Israel, a obediência a essas regulamentações era obrigatória para usufruir das bênçãos divinas.
Assim, na seqüência destas regulamentações, Moisés concluiu o seu segundo discurso que começou em 4.44, vindo até 26.19. Para esse capítulo, com seus 19 versos sugerimos como título: Consagrando o que é devido a Deus. Após um estudo aprofundado do seu conteúdo verificamos que, em resumo esse texto nos desafia, nos propõe a seguinte afirmação: A obediência em consagrarmos parte do que recebemos demonstra a nossa adoração a Deus. E, assim diante dessa afirmação, fazendo o caminho inverso; ao detalharmos esse rico conteúdo encontramos três consagrações que demonstram a nossa adoração a Deus:
Em 1º lugar devemos consagrar a Deus as primícias do que ganhamos, v.1-11.
Esse texto é tão significativo que merece que o leiamos completamente. Acompanhe-me:
[Ao entrares na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança, ao possuí-la e nela habitares, tomarás das primícias de todos os frutos do solo que recolheres da terra que te dá o SENHOR, teu Deus, e as porás num cesto, e irás ao lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher para ali fazer habitar o seu nome. Virás ao que, naqueles dias, for sacerdote e lhe dirás: Hoje, declaro ao SENHOR, teu Deus, que entrei na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a nossos pais. O sacerdote tomará o cesto da tua mão e o porá diante do altar do SENHOR, teu Deus. 5 Então, testificarás perante o SENHOR, teu Deus, e dirás: Arameu prestes a perecer foi meu pai, e desceu para o Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram, e afligiram, e nos impuseram dura servidão. 7 Clamamos ao SENHOR, Deus de nossos pais; e o SENHOR ouviu a nossa voz e atentou para a nossa angústia, para o nosso trabalho e para a nossa opressão; e o SENHOR nos tirou do Egito com poderosa mão, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres; e nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel. Eis que, agora, trago as primícias dos frutos da terra que tu, ó SENHOR, me deste. Então, as porás perante o SENHOR, teu Deus, e te prostrarás perante ele. 11 Alegrar-te-ás por todo o bem que o SENHOR, teu Deus, te tem dado a ti e a tua casa, tu, e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti.]
Querido amigo, certamente aqui temos um relato que pressupõe a posse da terra. Conforme
Unger: “Essa linda cerimônia prevê a apresentação das primícias ao Senhor no santuário central (cf. Êx 23.16-29), um sinal de louvor, adoração e ação de graças ao Senhor por sua fidelidade e bênçãos. A bela confissão, “Arameu prestes a perecer foi meu pai...”, 5, faz referência à vida seminômade de Jacó em contraste com o esperado estabelecimento de Israel na terra” (2006, p.124). É importante notarmos também que a oferta mencionada nesses versos deve ter ocorrido somente uma vez quando o povo entrou em Canaã. A oferta anual das primícias (18.4) não deveria ser confundida com essa inicial e expressiva oferta. Percebe-se nesse oferecimento o reconhecimento da bondade e misericórdia de Deus para com o seu povo. A direção divina sobre a vida do povo de Israel tinha começado há muitos séculos atrás, desde o encaminhamento do patriarca Jacó, que tinha andado errante desde o Sul de Canaã até Harã (Gn27 a 35) indo também para o Egito (Gn 46), tendo ele casado com duas mulheres araméias: Lia e Raquel, filhas de Labão, o arameu (Gn 29). Ao entrar na terra da promessa, deveria haver um sentimento de gratidão, de reconhecimento da boa mão de Deus a cuidar do seu povo. Que também nós possamos agradecer a Deus a sua bondade e a sua condução em nossas vidas!
Em 2º lugar devemos consagrar a Deus o dízimo para com os necessitados, v.12-15.
Aqui também temos uma recomendação para uma atitude de gratidão, de louvor da Deus por seus benefícios. Vamos ler esses versos. Literalmente eles dizem assim:
[Quando acabares de separar todos os dízimos da tua messe no ano terceiro, que é o dos dízimos, então, os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas cidades e se fartem. Dirás perante o SENHOR, teu Deus: Tirei de minha casa o que é consagrado e dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão, e à viúva, segundo todos os teus mandamentos que me tens ordenado; nada transgredi dos teus mandamentos, nem deles me esqueci. Dos dízimos não comi no meu luto e deles nada tirei estando imundo, nem deles dei para a casa de algum morto; obedeci à voz do SENHOR, meu Deus; segundo tudo o que me ordenaste, tenho feito.15 Olha desde a tua santa habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo, a Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que mana leite e mel.]
Todos os anos os israelitas deveriam levar a Jerusalém o local escolhido por Deus, o dízimo das primícias (v.2). Ali os familiares, os levitas e os pobres compartilhavam das ofertas (12.5-19 e 14.22-27). Entretanto, a cada três anos, os israelitas deveriam oferecer os seus dízimos como ofertas em suas próprias cidades e não em Jerusalém. Esses dízimos eram compartilhado com os levitas de cada localidade e proporcionavam alimento também para os que não possuíssem herança da terra, como os estrangeiros, as viúvas sem filhos e os órfãos. Deus pretendia que houvesse equilíbrio entre todos os habitante de Canaã.
Em 3º lugar devemos consagrar a Deus a nossa lealdade em obedece-Lo, v.16-19.
[Hoje, o SENHOR, teu Deus, te manda cumprir estes estatutos e juízos; guarda-os, pois, e cumpre-os de todo o teu coração e de toda a tua alma. Hoje, fizeste o SENHOR declarar que te será por Deus, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e darás ouvidos à sua voz. E o SENHOR, hoje, te fez dizer que lhe serás por povo seu próprio, como te disse, e que guardarás todos os seus mandamentos. 19 Para, assim, te exaltar em louvor, renome e glória sobre todas as nações que fez e para que sejas povo santo ao SENHOR, teu Deus, como tem dito.]
Nesse último parágrafo do segundo discurso de Moisés ele agiu como um intermediário, um mediador da aliança entre Deus e Israel. Deus tinha declarado que Israel seria o Seu povo e Israel tinha declarado que Deus seria o seu Deus, conf. Êx 6.7; 19.4-8 e 24.1-11. As obrigações estavam do lado de Israel, a fidelidade em cumprir a aliança era a parte de Israel. Mas por outro lado, a parte de Deus, o compromisso divino era conceder a Sua graça e as Suas bênçãos fazendo Israel experimentar a Sua bondade e o Seu amor.
Querido amigo chegamos assim ao final de mais um tempo de estudos.
Agradeço a Deus por sua capacitação e a você por sua companhia.
Que Deus te abençoe,
Um grande abraço.
© 2014 Através da Biblia
sábado, 16 de agosto de 2014
Através da Bíblia - Deuteronômio 25.1-26.19
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