Deuteronômio 22.1-24.22
Querido amigo, estamos iniciando mais um programa da série "Através da Bíblia". É com grande alegria que chegamos a esse momento especial para mais um tempo de estudo em profundidade da Palavra de Deus para aplicá-la em nossas vidas adequando-nos à Sua vontade que é boa, agradável e perfeita. Por isso quero incentivá-lo a ter em suas mãos a Bíblia aberta para estudarmos mais alguns capítulos de Deuteronômio. Aproveito a oportunidade para agradecer aqueles que têm compartilhando sobre suas experiências através do programa. É através das cartas e dos e-mails de vocês que ficamos sabendo do valor do programa. Hoje, registro o e-mail que a K.S.S. de Curitiba, PR. me enviou com as seguintes palavras: "Caro Pr. Itamir, há alguns anos ouço o programa Através da Bíblia, que nos trás um panorama da Bíblia. Quando ouvimos o programa somos arrebatados para os tempos bíblicos tal a clareza dos estudos. Deus os abençoe cada vez mais a propagar a verdadeira mensagem de Deus". Querida irmã, muito obrigado por suas palavras. Quero cumprimentá-la pela disciplina de reservar diariamente um tempo para o estudo da Palavra de Deus. Obrigado também por suas orações. E, exatamente para isso convido-a a orar a Deus colocando este programa nas mãos do Senhor: "Pai de amor, obrigado por podermos abrir a Tua Palavra e ouvirmos a Tua voz. Senhor que a prática de estudarmos a Bíblia possa atrair muitos amigos para desfrutarem dessa comunhão contigo. Oriente-nos através da iluminação do teu Espírito Santo no estudo de hoje. Que haja edificação e glória ao teu nome. Oramos em nome de Jesus, Amém!".
Querido amigo hoje temos como alvo estudarmos os capítulos 22, 23 e 24 de Deuteronômio dando seqüência as determinações divinas para que Israel tivesse uma abençoada vida quando tomasse posse de Canaã. Deus sempre pretendeu dar o melhor para o seu povo afim de que ele além de ser Seu porta-voz, se tornasse o exemplo de uma sociedade bem ajustada e justa perante as outras nações.
Assim, o conteúdo do capítulo 22 pode ter como título As leis divinas são prioritárias. A sentença desafiadora, a sua proposição pode ser expressa através dessa afirmação: Somente quando obedecemos as leis divinas podemos ter certeza das bênçãos de Deus. E ao detalharmos esse capítulo encontramos sete leis sobre diversos aspectos da vida social:
Em 1º lugar, nos vs. 1-4 temos a lei sobre o trato com os animais.
É digno de nota termos uma legislação que alcance tanto as pessoas como os seus bens, inclusive os seus animais. Se esses pertences de outro israelita fossem encontrados, a pessoa que o encontrou não deveria se apropriar desses bens, ao invés disso, se fosse vizinho ou não deveria guardar aquele bem até que quem o perdeu viesse retirá-lo. E se um animal fosse encontrado em necessidade pelo caminho deveria ser ajudado. A generosidade do povo de Deus não deveria ter limites. Pessoas e bens devem ser alvos da nossa atenção e do nosso cuidado.
Em 2º lugar, no vs.5 temos a lei sobre as vestimentas próprias para o povo de Deus.
Essa lei era bem rigorosa a ponto de dizer que o uso de vestimenta inadequada por homem ou por mulher era abominável, causava aversão ao Senhor Deus. Essa lei tinha uma motivação bem específica: ela inibia qualquer perversão sexual ao condenar o ato de se travestir o homem em mulher e a mulher em homem. Essas praticas estavam sendo combatidas, pois eram o costume de alguns cultos pagãos e idólatras. Esse mandamento proibia a inversão ou a indistinção do papel sexual do homem e da mulher, pois essa inversão era claramente uma violação da ordem natural criada por Deus. As diferenças, as distinções que Deus fez ao criar homens e mulheres não devem ser desrespeitadas como se vê e se incentiva hoje em dia. Em Rm 1.24-32 o Senhor combate frontalmente essas práticas dizendo que elas são a conseqüência de pessoas que não adoraram corretamente o Criador. Todo cristão, embora deva amar o pecador, deve rejeitar totalmente essas práticas. Elas não glorificam a Deus!
Em 3º lugar, nos vs 6-7 temos a lei sobre o trato com as aves.
Deus cuida de todos os detalhes de nossas vidas e cuida também das aves. Nesta lei temos exatamente a expressão desse cuidado. Os ovos e os filhotes, por servirem também de alimentação ao homem poderiam ser tirados. A ave mãe deveria ser preservada para que pudesse produzir mais alimentação para os homens. Embora houvesse a necessidade da alimentação do ser humano, o cuidado e o tratamento correto com as aves deveria ser generoso e amável.
Em 4º lugar, no v.8 temos a lei sobre a construção de uma casa.
Em mais um detalhe é possível perceber o cuidado divino para com o seu povo. A obrigatoriedade de se fazer um parapeito nas casas a serem construídas visava livrar aquela casa e principalmente aquela família de uma culpa de sangue inocente se alguém por qualquer motivo subisse nela e caísse vindo a morrer. Mesmo sem ser algo doloso, premeditado, seria algo culposo, que deveria ser redimido. Deus queria e quer que vivamos em plena liberdade, sem ter nada que possa nos restringir.
Em 5º lugar, nos v.9-11 temos a lei sobre as misturas indesejáveis.
Certamente essa lei tinha um sentido simbólico bem forte. Essas misturas estavam associadas a alguns cultos pagãos e por isso não deveriam ser praticadas. Mas, certamente havia o simbolismo para o próprio povo de Israel e para os cristãos do Novo Testamento de que não se misturassem com outros povos. Em termos agrícolas essa lei, principalmente em nossos dias com as sementes trangênicas não é mais respeitada, porém o que vale é o simbolismo da separação que o povo de Deus deve manter. Que Deus nos ajude a nos mantermos separados do mundo sendo completamente fiéis só a Ele mesmo!
Em 6º lugar, no v.12 temos a lei sobre vestimentas para o inverno.
Essa lei já tinha sido especificada em Nm 15.37-41. Essas borlas, isto é, essas pequenas bolas feitas de fios de tecidos deveriam servir para lembrar os israelitas da importância da obediência da Lei. Hoje não precisamos mais dessas lembranças exteriores, pois o Espírito Santo fala em nosso interior. Que possamos nos abrir dando liberdade ao Espírito Santo nos guiar!
Em 7º lugar, no v.13-30 temos a lei sobre a vida matrimonial e sexual.
Esta lei foi subdivida em sete aspectos: 1)Havia completa proibição de um marido falar mal de sua recém esposa negando a sua virgindade. Se tal afirmação fosse mentirosa ele seria culpado sofreria açoites e pagaria uma multa de cem siclos de prata (v.13-19). 2)Se a afirmação fosse considera verdadeira, a critério dos anciãos da cidade, então a jovem esposa seria apedrejada até morrer, pois teria se prostituído na casa de seus pais. Esse mal deveria ser totalmente eliminado (v.20-21). 3)O adultério também estava proibido em Israel, como vimos em Êx 20.14 no sétimo mandamento. Essa prática não deveria ser vista em Israel (v.22). 4)No caso de uma jovem desposada, isso é, prometida em casamento, ou noiva, que fosse seduzida nos limites da cidade, os dois seriam apedrejados até a morte, pois a moça poderia ter gritado pedindo socorro e o violentador seria culpado por tê-la humilhado. Deus queria e quer santidade em nossos relacionamentos (v.23-24). 5)Se a sedução ocorresse no campo com uma moça prometida em casamento ou noiva essa moça ficaria livre pois, tendo pedido socorro não teve ajuda de ninguém, mas o violentador, deveria ser apedrejado até a morte, pois como um assassino se levantou contra o seu próximo e lhe tirou a vida (v25-27). 6)Se a sedução acontecesse com uma moça virgem que não tinha sido prometida a ninguém, o violentador deveria pagar uma multa de cinquenta siclos de prata e deveria casar com a jovem sem permissão de divorciar-se dela (v.28-29. 7)E como lei final nesse aspecto que regulava a vida matrimonial e sexual estava prescrita a proibição de um israelita possuir a sua madrasta, isto é, a mulher do seu pai. Isso seria uma profanação, um total desrespeito ao seu pai. Devemos lembrar que o nosso Deus é santo e requer de nós total santidade em nossos relacionamentos (v.30).
Querido amigo, o cuidado detalhado de Deus, orientando cada aspecto da vida de Israel, demonstrava o Seu desejo de quê Canaã se tornasse um lugar agradável para Israel e um exemplo para outras nações.
Então, na seqüência destas regulamentações, havia também claras proibições e ao estudarmos o cap.23, sugerimos como seu título: Respeitando as proibições divinas. Depois de nos aprofundarmos no seu conteúdo verificamos que, em resumo ele nos desafia, nos propõe a seguinte afirmação: As proibições divinas devem ser respeitadas para obtermos o melhor da lei divina. E, diante disso, ao detalharmos esse rico conteúdo encontramos sete proibições divinas que devem ser respeitadas:
Em 1º lugar temos a proibição sobre a participação nas assembléias, vs.1-8.
Estavam proibidos de participarem das assembléias israelitas: 1)os eunucos por qualquer motivo, embora posteriormente, conf. Is 56.4-5 e At 8.26-39 fossem abençoados (v.1). 2)os filhos ilegítimos, de casamentos incestuosos ou de casamentos mistos com filisteus, amonitas ou moabitas, até a 10ª geração, isso é, para sempre se considerarmos o número como número completo ou definitivo (v.2-3). 3)os amonitas ou moabitas porque não foram favoráveis a Israel e o levaram a pecar (Nm 25) através do conselho de Balaão (v.4-6). 4)os edomitas e os egípcios de 1ª e 2ª geração não deveriam participar das assembléias, mas a partir da 3ª geração eles não teriam mais restrições para essa participação (v.7-8). Em resumo essas proibições indicavam a pureza que deveria haver nesses ajuntamentos solenes.
Em 2º lugar temos a proibição das impurezas no acampamento, v.9-14.
Essa proibição certamente tinha um caráter higiênico. Mais um detalhe em que se percebe o cuidado divino em todas as áreas em favor do Seu povo.
Em 3º lugar temos a proibição de entregar um refugiado, v.15-16.
Assim como Israel tinha sido escravo no Egito, deveria tratar com generosidade o escravo estrangeiro que fugisse do seu patrão, provavelmente de um patrão maldoso. Essa seria uma prática humanitária a ser cumprida. A proibição de entregar de volta ou de maltratar uma pessoa nessa condição era completa. A amabilidade com os necessitados deveria ser o padrão de relacionamentos.
Em 4º lugar temos a proibição da prostituição cultual, v.17-18.
Tanto para se distinguir dos povos pagãos e idólatras, como para confirmar que as leis do culto já tinham sido estabelecidas na base da santidade, conforme o livro de Levítico, a prostituição cultual feminina ou masculina era terminantemente proibida como forma de culto a Yahweh.
Em 5º lugar temos a proibição da cobrança de juros dos irmãos israelitas, v.19-20.
Conforme Lv 25.35 um israelita estava proibido de cobrar juros de um outro irmão israelita. A cobrança de juros poderia ser feita a um estrangeiro, provavelmente um comerciante que iria até Israel para fazer negócios e auferir lucros. Aos membros da família israelita era proibido querer lucrar fazendo o outro ter prejuízos.
Em 6º lugar temos a proibição da demora em se cumprir um voto, v.21-23.
Os votos eram livres, e não obrigatórios, portanto qualquer pessoa era livre para fazer ou não fazer votos ao Senhor. Se, todavia o voto fosse feito, aquele adorador deveria cumpri-lo rapidamente. A lei enfatizava a completa honestidade e prioridade diante do que se prometeu a Deus. Assim, também nos dias de hoje quando nos consagramos e nos colocamos nas mãos de Deus devemos deixar que Ele nos dirija completamente.
Em 7º lugar temos a proibição de se apropriar da colheita dos outros, v.24-25.
Certamente essa lei era destinada a favorecer os mais necessitados, os pobres, as viúvas, os órfãos e também os estrangeiros. Embora fosse uma lei que favorecia esses necessitados ela não permita abusos, como apanhar excessivamente os alimentos plantados pelos outros. O que Deus pretendia era uma atitude de equilíbrio em que não houvesse falta do básico para nenhum israelita.
Querido amigo, como dissemos no programa anterior esses princípios são muito práticos e objetivos e, quando seguidos corretamente, na dependência de Deus, nos possibilitam uma vida abençoada que Ele mesmo já preparou para nós. Que possamos praticar essas boas obras para usufruir da vida abundante que Deus tem para nós (Ef 2.10 com Jo 10.10).
Na seqüência final desse texto chegamos ao capítulo 24. O tema desse capítulo ainda se refere à diversas leis para a nova terra. Como título para este capítulo sugerimos: A importância da obediência às leis divinas. Este é um título que por si só demonstra o respeito que devemos ter para com as leis de Deus, pois através do reconhecimento da importância dessas leis se torna mais fácil obedecermos cada uma delas. Em resumo essa é a sua proposição desafiadora: A obediência às leis sociais estabelecidas por Deus revelam a importância que damos à vida que Ele quer que vivamos. Ao estudarmos detalhadamente esse conteúdo encontramos sete importantes leis que devem ser obedecidas:
A 1ª lei refere-se ao divórcio, v.1-4.
Até os dias de Jesus havia disputa sobre o que significaria “coisa indecente” (v.1). Alguns estudiosos entendiam que podia referir-se à questões de higiene, em relação à menstruação, confv. Lv. 15; outros entendiam que poderia referir-se a algum defeito físico e ainda outros entendiam que poderia referir-se a incapacidade de gerar filhos. Em qualquer dos casos essas duas últimas possibilidades eram consideradas graves na comunidade israelita, mas o que se pretendia com essa lei era evitar os exageros e desistimular o divórcio fácil, pois ele nunca fora o padrão de Deus. Ainda hoje o vinculo matrimonial deve ser preservado através da compreensão, do perdão e do amor mútuos.
A 2ª lei refere-se ao caráter humanitário em diversas situações, v.5-7.
Três afirmações de caráter humanitário foram proclamadas: 1)o homem recém-casado estaria dispensado durante o seu primeiro ano de ir à guerra ou de outro encargo qualquer. A motivação era nobre: ele deveria proporcionar a felicidade à sua esposa. 2)o pobre era o foco dessa lei. Não se poderia pegar em penhor as pedras que serviam para ele fabricar o seu pão. Deveria haver justiça, mas, sobretudo sensibilidade humana. 3)Em contra-partida a essas leis, deveria haver total firmeza contra alguém que seqüestrasse ou maltratasse ou vendesse um irmão israelita (Êx 21.16). Aqui também haveria a pena capital. Para crimes hediondos a lei exigia olho por olho, dente por dente, vida por vida. Mas, Sempre é bom lembrarmos que não estamos mais sob as ordens da lei, mas vivemos na esfera da graça!
A 3ª lei refere-se ao trato com as doenças de pele, v.8-9.
Todas as recomendações sobre essas questões sérias de contaminação já tinham sido dadas em Lv 13-14. O que se reforçou aqui foi a total e completa obediência às deliberações dos levitas responsáveis. E, a motivação para essa obediência foi a experiência de Miriã, que sendo punida com a lepra teve que ficar sete dias fora do arraial.
A 4ª lei refere-se aos empréstimos entre irmãos israelitas, v.10-13.
Conforme o que estudamos em 23.19-20, não deveria haver empréstimos com juros entre os israelitas, mas se garantir com um penhor não era proibido, porém era proibido se oprimir o devedor, entrando em sua casa violando a santidade do seu lar. Sempre pensando no pobre e tendo o propósito de ajudá-lo, se o penhor entregue fosse o manto com que ele dormisse, esse manto deveria ser restituído ao devedor até o pôr-do-sol. Deus consideraria esse procedimento benévolo um ato de justiça e certamente tal atitude honrava a Deus!
A 5ª lei refere-se ao pagamento justo aos trabalhadores, v.14-15.
Um outro grupo que estava sempre sob os cuidados de Deus eram os assalariados. Um trabalhador necessitado, israelita ou estrangeiro não deveria ser aviltado em sua dignidade. O seu salário deveria ser pago diariamente para que ele tivesse com o quê alimentar a si mesmo e a sua família. O clamor de alguém que não fosse atendido chegaria até Deus e esse mau patrão seria culpado diante de Deus. No NT, em Tiago 5.4 temos também a mesma instrução de um tratamento justo e cordial.
A 6ª lei refere-se à aplicação da justiça sem parcialidade, v.16-18.
A justiça a ser vivenciada em Israel deveria contemplar os mais diversos aspectos: 1)Cada um deveria pagar pelo seu pecado, e isso, até mesmo em relação às questões familiares. O pai pecador deveria pagar pelo seu pecado, assim como o filho pecador deveria pagar pelo seu próprio pecado. 2)Os estrangeiros, os órfãos e as viúvas deveriam também ser tratados com justiça e compaixão. 3)A motivação para a obediência a essa lei era o fato deles terem sido escravos no Egito. Seguir o exemplo de Deus que os libertou deveria ser o padrão a ser adotado.
A 7ª lei refere-se a generosidade nos relacionamentos, v.19-22.
Finalmente nesses últimos versos, claramente se percebe o que estava por trás de todas essas leis. Deus queria que a justiça fosse praticada, mas a generosidade deveria permear os relacionamentos entre os israelitas. A sobra das espigas, das oliveiras e das vinhas deixadas para os necessitados seria uma demonstração dessa atitude amorosa. Que Deus nos ajude a ter esse coração generoso, pois assim honramos o Seu caráter.
Querido amigo, uma sociedade bem estabelecida e seguindo os princípios que Deus lhe deu, certamente, será uma sociedade que trata equilibradamente os seus cidadãos tornando suas vidas agradáveis e bem sucedidas. O reconhecimento da importância das diversas leis e a nossa obediência a elas faz-nos agradar a Deus e sermos exemplos para outros.
Bom, terminamos assim mais um tempo de estudos no livro de Deuteronômio. Agradeço a Deus por sua capacitação e a você por sua sintonia. Fico aguardando a sua correspondência compartilhando como Deus falou a você.
Que Deus o abençoe,
Um grande abraço.
© 2014 Através da Biblia
sábado, 16 de agosto de 2014
Através da Bíblia - Deuteronômio 22.1-24.22
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